Todo dia que acordava, convicto que o espírito estava me deixando mais delirante. Era um efeito colateral, algo que deveria estar acostumado, porém, as vezes eu tinha certeza que não iria suportar essa insanidade. E hoje, um sentimento específico dominava minha mente: ciúmes.Não que fosse uma novidade para mim, senti ciúmes de Rose Hathaway por muito tempo, mas era um ciúmes diferente, aparentemente até possessivo. O ciúmes que eu sentia agora não tinha nada a ver com isso. Uma coisa estava evidente: Precisava ver Sydney. Hoje. O que era impossível, afinal quando estávamos voltando das aulas de defesa pessoal de Wolfe ela me disse que hoje era festa de dia das bruxas em Amberwood, e claro que ela iria acompanhada do seu namoradinho, Brayden (sério, quem tem um nome desses?). Para ser justo, não era culpa dele, apesar de eu achá-lo arrogante, talvez o único culpado aqui fosse eu por estar alimentando sentimentos fortes por uma alquimista. E com esse ultimo pensamento, tive plena crença: eu estava ficando louco.
Ela é uma humana, uma alquimista! Como você pretende ir adiante com isso, meu querido? Escutei a voz de Tia Tatiana, minha falecida tia avó, ex rainha dos Moroi em minha mente.
- Não sei. - Respondi mais para mim, do que para ela... Afinal nem fazia sentido eu respondê-la. Meu celular começou a tocar. Quase não atendi ao ver o nome que brilhou na tela. Nathan Ivashkov. Meu pai.
- Alô.
- Adrian, sou eu.
- Eu sei, ainda tenho seu contato salvo em meu celular. - Por mais que preferisse fingir que ele não existia.
- Hm, bom... Eu não sei exatamente como... Quer dizer... - Ele parecia escolher as palavras, com dificuldade de expressá-las. - A Rainha Vasilisa Dragomir entrou em contato comigo. - Arqueei as sobrancelhas com dúvida. - Ela disse que você está ajudando em uma pesquisa muito importante, não me deu nenhum detalhe sobre, pois parece ultrasecreto, mas disse que gostaria de agradecer por meu filho ser tão... Ér... Dedicado. - Eu tive quase certeza que foi um elogio.
- Pois é pai, estou sim. Até teria te contado final de semana passado, mas aparentemente me insultar parecia mais satisfatório para você, não quis atrapalhar. - Respondi irritado.
- Bom, saiba que estou impressionado. Vou enviar dinheiro a mais para você. Assim poderá comprar um carro, e não ficar dependendo de carona, ainda mais daquela alquimista. Por favor não me envergonhe dessa maneira, Adrian. - Ah, claro, o motivo dele me dar dinheiro para comprar um carro era para não envergonhar a reputação da família Ivashkov, se isso fosse possível. - Até mais. - Desligou.
Sentei na cama, refletindo. Pela primeira vez em... bom, desde nunca, meu pai havia ficado impressionado comigo. Devia ligar para Lissa e agradecer. Ou não, pois agora não teria mais desculpas para pegar caronas com a Sydney. Se bem... Ela adora carros. E parecia bem impressionada com o mustang de Brayden. Talvez eu pudesse comprar um mustang. Comecei a rir de mim mesmo, Adrian Ivashkov tentando mais uma vez impressionar uma garota que já está comprometida, deve ser um karma.
Mas dessa vez era diferente. Não conseguia me livrar da sensação do seu toque em minha mão durante a viagem para San Diego, e nem do instante em que ela chegou no meu apartamento com Dimitri e Sonya completamente indefesa e assustada por conta do ataque de possíveis caçadores de vampiros. E também teve o momento durante a aula de autodefesa de Wolfe. Sydney pulou em mim pelas costas, e aí quem ficou indefeso fui eu, sempre soube que ela tinha seus medos e preconceitos contra nossa raça, ficar num mesmo ambiente junto com vampiros já era sofrimento. E aquele dia eu senti algo, senti que ela não parecia mais incomodada com esse fato. Sydney me tratava como trataria qualquer amigo humano, e possivelmente essa foi uma ilusão criada pela minha cabeça, claro.
Decidi continuar minhas pinturas para a aula de segunda-feira. No momento era uma maneira de me distrair dos meus próprios demônios. Sinceramente não tive noção de quanto tempo fiquei olhando a tela, sem passar uma gota de tinta nela. Talvez estivesse na hora de explorar meu bar. Andei até a estante e procurei pela bebida com o maior teor alcoólico, o rum parecia ser a melhor opção, vocka era muito russa para mim no momento. Dei um gole direto da garrafa e olhei para o relógio. Seis e meia da tarde, melhor beber mais, assim Jill poderá aproveitar a festa sem se preocupar ou sentir algo que eu esteja sentindo. Ela merece.
Continue usando essa desculpa para beber, Adrian. Assim se sentirá menos culpado. A voz conseguia ser irritantemente certa.
- Saia da minha cabeça. - Bebi mais, assim o espírito também ficaria entorpecido e não me atordoaria. Deitado no sofá meu primeiro pensamento foi: porque Lissa teria escolhido justamente agora para agradecer meu pai sobre minha ajuda? Era uma coincidência absurda, ainda mais depois de passar a semana inteira destruído com cada desaforo que recebi do meu dele em San Diego. As únicas que realmente sabiam o que havia acontecido lá eram Jill por causa do laço, e bom... Observei as paredes amarelas do meu apartamento... SYDNEY! Levantei bruscamente do sofá.
Foi ela. Ela quem falou com a Lissa. Eu estava convicto. Precisava falar com ela. Precisava ter certeza. Pensei em ligar, mas sabia que isso não seria o suficiente. Eu tinha que ver seu rosto pessoalmente, afirmando que tinha feito isso por mim. Precisava saber seus motivos. Talvez eu não estivesse tão louco, talvez, bem no fundo, Sydney também se importasse muito comigo.
Um choque de realidade me atingiu. Ela não iria querer falar comigo hoje. Estava ocupada. Como eu poderia interpelá-la dessa maneira? Olhei para a garrafa de Rum já na metade. Talvez eu precise de um pouco mais de motivação. Virei a garrafa goela abaixo.
***
Escrever pelo POV do Adrian foi um desafio, afinal o que se passa na cabeça desse Moroi lunático perfeito que tanto amamos?
Espero que estejam gostando.
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Blackout Scene: Capítulo 14 Lírio Dourado - Por Adrian Ivashkov
Lãng mạnAdrian Ivashkov está perdido. Seu pai o humilhou de todas as maneiras possíveis durante o almoço em San Diego. Apesar de tudo, finalmente começa a perceber o quão a opinião de Sydney Sage, a alquimista, é importante para ele. O que isso significa? B...