Triagem Gélida

14 0 0
                                    

Ao norte do continente de Maedva, tribos de habilidosos guerreiros assentaram sua morada desde quando as histórias conseguem nos lembrar. Receberam esse nome pois habitam o frio intenso das montanhas no centro norte continental, sobrevivendo da caça e da lenha proveniente dos pinheiros e dos bordos ao pé dos Alpes Gélidos.

Todos os que passaram pela Triagem Gélida, podiam ser considerados verdadeiros guerreiros, e tal façanha só era alcançada por sobreviventes natos. Esse ano era a vez dos filhos da líder da tribo também se arriscarem e se colocarem à prova na triagem, deixando o coração de seus pais apertados pelo iminente risco de vida presente nesse rito tradicional do povo das montanhas.

— Pai, mãe, devemos partir agor Se apresse, Aori! — exclamou o primogênito da líder da comunidade. Seu nome era Naoki.

— Já estou pronto irmão! Vamos... — retrucou o caçula, com a voz trêmula e ajustando suas flechas em uma aljava.

— Fiquem tranquilos, tenho certeza que os dois irão sobreviver! Lembrem-se que os Veados Rúnicos possuem ótima audição, mas são sua única chance de sobreviver ao frio no caminho de volta pra casa... — atentou Kelga, mãe e líder da comunidade dos Narus. Levantou o sobrolho ao fixar o olhar em seu marido Ragnaros, ainda de braços cruzados esperando pelos filhos ao pé da porta.

— Meus filhos, meu sangue! Vão e derrotem o frio! Não temam a nada, apenas pela própria vida! Suas primeiras batalhas como verdadeiros Guerreiros Gélidos começam hoje! — Aconselhou aos filhos abrindo a porta e puxando seu capuz com a outra mão para proteger a face do frio que lhe atingia no rosto.

Esse ano, apenas quatro crianças iriam colocar suas habilidades à prova, os dois filhos de Kelga, Aori e Naoki, Hilda a neta do ferreiro dessa comunidade e um garoto cuja família não caiu nos interesses da ocasião ritualística. O teste deve ser feito até o décimo quarto ano de idade, segundo as tradições milenares dessa tribo. Todas as crianças nascidas nessa terra são criadas para serem combatentes, desde o nascimento. Até mesmo os Shamans são submetidos ao teste, sendo que suas habilidades corporais são bem abaixo da média, quando comparadas com a maioria dos habitantes dos Alpes Gélidos. O primeiro brinquedo dos bebês é uma arma, de madeira e inofensiva, mas escolhida pelos bebês aos 90 dias de idade. Os pais entalham pequenas armas na madeira, espadas, machados, arcos, lanças de corte e facas e os posicionam em frente aos seus filhos, onde seria comum deixar os brinquedos de crianças comuns, mas um Guerreiro Gélido nada tinha de comum, principalmente em sua criação voltada para o combate e a sobrevivência. A arma a qual a criança engatinhasse e tocasse primeiro em sua primeira infância, será utilizada até o fim de seus dias. No caso de Aori, era o arco longo, e seu irmão Naoki utilizava uma lança de corte, e eram apenas esses os equipamentos que eram permitidos de serem levados na triagem, forjados e trabalhados pelos melhores ferreiros dessa região de Maedva. Para sobreviver ao frio da viagem de ida os Shamans preparavam uma poção que deveria ser consumida minutos antes de partirem viagem e, para que conseguissem voltar sua única forma de se aquecer sem estar sob os efeitos da Poção do Fogo era abater um Veado Rúnico e se cobrir com uma capa feita de sua pele, pois a poção durava apenas pouco mais de duas horas.

— Pois bem, é chegada a hora da partida, engulam a Poção do Fogo e partam! Já! — Exclamou Morluk, o Shaman daquela tribo. As quatro crianças tomaram suas poções e partiram, apenas empunhando suas armas em busca da pele de criatura mágica que os protegeria do frio e os colocaria o título de Guerreiros Gélidos pelo resto de suas vidas, cobrindo seu flanco com runas protetoras e exibindo a prova de seu valor em batalha, anunciando aos que lhe avistassem, sua perícia em batalha.

A viagem começou, e as quatro crianças já estavam acelerando o passo, tentando fazer o melhor uso do tempo de duração da Poção do Fogo que lhes protegeria do frio extremo e, já se preparando para começar a rastrear a criatura mágica. As pegadas de um Veado Rúnico deixavam na neve uma leve coloração lilás em seu contorno, revelando assim a direção a qual o animal se dirigia e, aproximadamente, há quanto tempo havia passado naquela região, de acordo com a quantidade de neve cobrindo o contorno lilás das patas do animal rúnico. O Veado Rúnico não era nada parecido um veado comum, pois ao se sentir ameaçado não fugia mas enfrentava seu agressor até a morte, com olhos vermelhos que indicavam a sede por sangue e eram capazes de conjurar e disparar raios de seus chifres, podendo eletrocutar e paralisar facilmente um adulto saudável.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Apr 07, 2021 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Guerreiros GélidosOnde histórias criam vida. Descubra agora