Tragédia e Paixão

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Paixão e Tragédia

Sempre fui apaixonada por paixões.

Mas a vida sempre será mais dura para os românticos.

Por experiência própria, posso dizer que o coração daqueles que são apaixonados por paixão bate mais rápido, mais inquieto, mais pesado.

Quem ama o amor está condenado a se apaixonar por cada esquina, procurar o amor da sua vida a cada suspiro, e traçar vidas inteiras com meros desconhecidos que ficaram apenas 5 segundos em seu campo de visão.

Você se apaixona por tudo o que vê, pelas árvores, pela brisa, pelas cores, pelos sabores, por um simples "bom dia" de uma pessoa que está apenas sendo gentil.

No entanto, nós românticos sabemos que tudo isso é uma grande brincadeira de mal gosto do destino, esse mesmo manipulador de emoções, aparentemente, tem alguém reservado para nós.

Todos que amam a Paixão também amam a Tragédia.

A Tragédia é triste e melancólica, tão contrária à Paixão que nos faz amá-la também. Porque a grande verdade é que elas são casadas, já disse um grande romântico e um grande físico: "os opostos se atraem".

As duas moram numa casinha de madeira com uma chaminé fumegante, no meio do belo vale entre os Finais Tristes e os Finais Felizes.

Nosso casal de ouro me pegou desprevenida, sem mal saber o que era mundo quando Tragédia e Paixão me abandonaram no meio daquele vale.

Não as julguem, me acostumei com a monotonia da ignorância de meu pequeno coração desesperado para amar.

O vale é até bonito. Os pássaros cantam em plena harmonia pelas manhãs e os soluços de desilusões gritam alto nas noites estreladas.

No início de meus dias aqui, fui passear próximo ao Rio das Ilusões, então eu o vi.

Ele.

Para todos, ele era apenas normal, nada que o destaca-se muito.

Talvez, para os outros, fosse apenas um ser de simpatia duvidável.

Mas para mim.

Ah para mim ele era...ele é...não sei descrever...um anjo? A companhia que queria para sempre? Meu passaporte para sair do vale?

O amor da minha vida.

Ele é o amor da minha vida.

Banhado de sol, os olhos cravejados com noites estreladas, a pele da cor dos troncos das árvores mais lindas do vale e uma simpatia duvidável.

Juntos subimos montanhas, dormimos nas folhas das árvores, nos escondemos debaixo das flores, banhamos em águas prateadas, voamos por entre as relvas dos carvalhos e... nos apaixonamos.

Quer dizer, eu me apaixonei.

Numa noite onde ele foi viajar entre as estrelas, Tragédia veio me visitar. Disse que ela e Paixão me rondariam até que eu achasse o lado do vale ao qual eu pertencia.

Sempre achei as duas engraçadas, Paixão vai fazer os apaixonados se reapaixonarem pela manhã, enquanto Tragédia vai roubar alegrias durante a noite, então elas brincam de se encontrar ao pôr e ao nascer do sol. E mesmo assim, se amam.

As duas sempre cuidaram de mim, ao mesmo tempo que me abandonaram, mas sou grata por elas de qualquer forma.

Estava chegando a hora de eu saber se eu iria chorar com Tragédia ou sorrir com Paixão, ainda sabendo que as duas nunca andam separadas.

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