Ano de 1985 - 1987
Ele a viu pela primeira vez no primeiro ano do ensino médio. Ela era a garota nova, e também a garota estranha. Ela era uma garota punk, ou gótica, emo, metaleira, há diferença que ele não sabia. Os outros alunos zombavam dela, mas ela não parecia se importar. Ele sorriu para ela uma vez, só para receber um dedo do meio.
Ela se sentou sozinha no refeitório nas primeiras semanas, e se ela se incomodava com isso, não demonstrou. Parecia mesmo que ela não queria a companhia de ninguém. Ela parecia mais obscura por dentro do que por fora. Às vezes ele se perguntava o porquê.
Passando se mais algumas semanas, ela deixou que outras pessoas se sentassem com ela. Somente os perdedores, como os outros alunos se referiam.
Ela era inteligente, foi o que ouviu falar. Que falava seis ou oito línguas, ele não lembrava corretamente. Quando ela passava por ele fingia não notá-lo, ou simplesmente ela não notava.
No segundo ano, ele resolveu fazer algo. Tinha algo naquela garota que realmente o intrigava.
— Oi — ele a cumprimenta, mas ela finge não escutar e tenta sair da sua linha de alcance. — Eu sei que você é a melhor em línguas estrangeiras, queria saber se você poderia me ajudar. — ela nem reage ao elogio — Eu pago pelas aulas.
Pela expressão dela, ela não confia nele.
— Em qual matéria precisa de ajuda?
— Italiano, francês e espanhol.
— Por que pegou tanta matéria de língua estrangeira?
— Curiosidade. — ele diz dando de ombro — Então, quando começamos?
Ela estreita os olhos para ele, analisando-o, testando-o. Ele apenas sorrir. Ela não confia naquele sorriso também.
— Estou livre qualquer dia. Você?
— Eu também. Estou livre amanhã à noite. Então, na sua casa às 18:00 h? Eu levarei pizza.
— Combinado.
— Eu me chamo Aaron, aliás.
Mas ele sabia o nome dela.
Ela faz de conta que não escuta e vai embora.
Garota difícil, ele pensa.
Então ele percebe que não pediu o endereço dela.
— Ei, você não me disse seu endereço. — Ela revira os olhos e ele acha adorável. Ela estende a mão e fala "papel". Ele se apressa em procurar um pedaço papel e uma caneta — Seu número também ajudaria — ele disse enquanto ela rabiscava no papel.
— Você é engraçado. — A falta de sorriso dela indica que era um comentário zombateiro.
Ele aparece às 17:50, mochila nas costas e pizza nas mãos. Ele ficou impressionado e pouco assustado quando viu a elegância e o tamanho da casa. Ele se achou um pouco preconceituoso por esperar que fosse um pouco mais sombrio como a aparência e o humor dela.
A empregada atende a porta, ela parece surpresa ao vê-lo. Ela provavelmente não recebe muitas visitas, ou pelo menos pessoas que usam cores.
— Você é amigo da srta. Emily? — a mulher perguntou.
— Ela está me ajudando a estudar. Será que eu poderia entrar?
— Oh, claro. Entre. Eu vou chamá-la.
Não muito depois ele escutou ela descendo a escada. Ele não sabia muito o que esperar da aparência dela em casa, mas ele pensava que os punks, góticos e emos dessem uma maneirada nos acessórios, e na maquiagem.