Maia sempre teve uma vida muito normal. Era uma criança feliz e aproveitava o dia como se não houvesse o amanhã. Não propositalmente, mas sim por ter aquela inocência que toda criança tem. Por sempre ver o melhor lado das coisas e sempre querer aproveitar o momento ao máximo. Nasceu em Brasília e mora lá desde então e não havia lugar no mundo que ela amasse mais que sua cidade natal.
Nunca queria parar quieta. Sempre queria mais e mais. Acordava já pensando na hora que iria poder sair para brincar com suas amigas da quadra em que morava. Sua mãe costumava dizer que para ela nunca estava bom, que Maia sempre queria mais. Em relação a brincar, ela estava certa. Nunca estava bom para sua filha, por Maia ela brincaria o dia todo. Sua filha teve uma infância saudável e muito boa, e se apaixonou pelos livros aos 6 anos. Quando fez essa descoberta, quando começou a ter gosto pela leitura, aconteceu o mesmo que acontecia com sua vontade de brincar: Maia não queria mais parar de ler, engolia livros e mais livros em tempos curtíssimos.
Seus pais sempre a incentivaram muito em tudo que fez e queria fazer. Sempre foi uma garota normal, não era muito rica, nem muito pobre. Não era muito bonita, e nem muito feia. Não tinha muitos amigos, mas também não tinha poucos. Ela tinha o suficiente.
Sua mãe sempre foi sua melhor amiga, e como sua mãe tinha seu trabalho em casa como tradutora de livros, ela passava muito tempo perto de sua filha. Elas conversavam sobre tudo e faziam tudo juntas, eram cúmplices. Maia também era muito próxima de seu pai, porém nem chegava a se comparar com a relação que tinha com sua mãe, pois como ele tinha sua própria empresa, ele ficava grande parte do dia por lá e, por isso, era mais ausente na vida de sua filha.
Estava correndo tudo bem com Maia, era mais um dia comum de sua vida. Até ela receber a notícia: Sua mãe havia sofrido um grave acidente e foi encontrada morta em seu carro saindo da cidade de Pirenópolis. Foi ai que o dia 25 de outubro de 2001 ficou marcado como o pior dia da vida de Maia, uma adolescente de 15 anos de idade. Não quiseram lhe dar detalhes sobre o que havia acontecido, o que ela sabia era que sua mãe estava voltando de Pirenópolis e que saindo da cidade, ela estava em uma encruzilhada e foi passar normalmente, porém um carro a impediu de completar sua passagem, foi de encontro com ela na maior velocidade e como ela estava sem cinto de segurança, pois tinha entrado no carro havia pouco tempo e tinha se esquecido de colocá-lo, o acidente foi fatal e ela morreu na hora. Soube que a pessoa culpada por tal acidente havia saído sem grandes ferimentos, pois não permaneceu no local, não teve a coragem de ficar lá. Viu o que tinha feito e saiu de lá sem o menor remorso. No mínimo, estava bêbado(a). Não conseguiram encontrar quem havia causado o acidente. O que leva a menina a ter um ódio enorme de uma pessoa que ela se quer sabe quem é.
Recebeu a notícia quando estava na escola e foi correndo para casa, onde seu pai estava. Ficou sabendo de toda história ali mesmo, na sala de sua casa. Não conseguia acreditar no que havia acontecido e sentia uma dor inexplicável. Quando foi para o seu quarto, viu que havia um bilhete de sua mãe com a seguinte informação: "Filha querida, estou indo até Pirenópolis a procura do livro antigo que você tanto quer. Vi o quão empolgada você havia ficado com ele e achei um sebo lá que o vende. Na volta irei parar para comprar aquele biscoito que você tanto gosta. Voltarei antes de escurecer. Mamãe te ama."
Quando Maia leu a carta, chorou mais do que já estava chorando, ela desmoronou. Achou que a culpa havia sido dela e foi muito complicado para que seu pai conseguisse tirar aquela ideia absurda de sua cabeça. Foi necessário um bom tempo de terapia.
Demorou para que Maia conseguisse voltar a viver sua vida como uma garota normal, mas ela conseguiu. Seu pai sofreu tanto quanto ela, contudo fazia de tudo para ver a filha feliz. Colocou a garota na terapia e conversava com ela sempre que podia. Saíam juntos todo sábado e se divertiam bastante. O pai começou a passar mais tempo com ela do que antes, já que só tinham um ao outro.
O que foi mais complicado para Maia foi a volta à escola. Uma hora ela teria que voltar, pois se não voltasse além de prejudicar muito seu futuro não iria ajudá-la em seu processo de cura.
Ela voltou ao colégio após 1 mês e foi mais difícil do que ela imaginou que seria. Quando passou pela porta de entrada, ela sentiu todos olhares em cima dela. Parecia que havia feito algo de muito errado. Que tinha acabado de matar alguém e estava coberta de sangue. Mas não, não era isso. Isso tudo se tratava do fato de Maia ser conhecida agora como "a menina que havia perdido a mãe". E bom, ela não gostava nem um pouco disso.
Suas amigas tentaram procurá-la quando estava isolada, contudo sempre que elas tentavam ter algum contato com ela, tentavam visitá-la, Maia dava uma desculpa. E com o tempo, suas amigas foram se afastando e já fazia algum tempo que elas não se falavam.
Porém, mesmo sendo difícil esse retorno, Maia tinha que voltar para a vida dela. Afinal, uma hora ela ia ter que sair do seu casulo e viver sua vida novamente.

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Inesperado
RomanceFoi na festa mais esperada do ano onde tudo começou. Não sou uma pessoa muito festeira e não estava com vontade nenhuma de ir para essa tal festa. Porém, como as boas amigas que tenho são mais festeiras que o normal, elas resolveram me arrastar para...