O passado retorna: 3

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A noite estava tranquila, Buenos Aires parecia serena e iluminada.
O vento parecia uma carícia a pele, ao menos isso é o que Tâmara sentia a cada toque da brisa suave na parte externa daquele restaurante familiar.

Tâmara observava as pessoas que entravam para a parte interna do restaurante, ela preferia o externo. Sempre gostou do frescor natural, do brilho da lua pairando pelas mesas do local. Ali haviam mesas mais reservadas, com melhores distâncias.
Lembrava de quando mais jovem sentava naquela mesma cadeira onde estava agora. Depois de anos ainda esperava a mesma pessoa chegar. Suspirou ao lembrar dos bons momentos que passou com Mariano, a ansiedade entusiasmada daquela época dava lugar ao nervosismo e desconforto.

Mariano logo que chegou no restaurante percebeu Tâmara. Ela continuava a mesma, até na escolha da mesa. Uma mesa com vista para a lua, quase no final da extensão do lugar.
Lembrou do quão amava estar ali com ela, de tantas recordações nesse mesmo local. Seu coração batia acelerado ao poder admirar a beleza de sua amada outra vez, o vento batia em seus cabelos como um toque em uma pétala de rosa, sua pele reluzia tanto quanto as estrelas.

- Você está linda! - Se aproximou e sentou em frente a Tâmara.

- Boa noite, Mariano! Agradeço o elogio, mas não pense que isso anula o motivo de ter aceito esse convite - Ao notar a presença do homem por quem já foi tão apaixonada se sentiu insegura.

- Desculpe, não foi o que tentei fazer - Engasgou um pouco com a seriedade da mulher a sua frente - Já pediu algo?

- Estava te esperando. Pensei em pedir o mesmo, mas já não conheço seu paladar -

- É o mesmo, Tâmara. Ainda sou o mesmo, porém melhorado -

- Então você ainda gosta de uma boa massa? - Surpreendida esboçou um singelo sorriso.

- Pode ter certeza que sim - A leveza do momento o relaxou mais.

- Então vamos pedir nosso prato favorito - Pronunciou com certa nostalgia.


O jantar prosseguia tranquilo com conversas descontraídas, com recordações divertidas.
Ambos sorriam a cada lembrança de um passado distante.
Ao finalizar cada um a refeição, os sorrisos foram desaparecendo para dar lugar a uma feição mais séria.
Não poderiam fugir de sua pendência, do que havia sido rompido entre eles há anos.


- Tâmara... Sei que não terminamos da melhor forma, e sei que te deixei por motivos egoístas. Era jovem, tinha projetos um pouco diferentes dos seus e nada disso justifica, estou ciente - O nervosismo atrapalhava suas palavras, sentia as mãos suadas - Mas acredite quando digo que estou arrependido de tudo que fiz. Se me dessem a oportunidade de voltar no tempo e mudar tudo... -

- Eu não te julgo por ter ido atrás de seus sonhos, que tenha achado que nossa relação não suportaria obstáculos. E não te deixaria mudar nada ok?! Você conquistou tudo que queria e sinceramente fico feliz por você - Não era fácil para ela admitir tudo aquilo, mas sabia ser necessário.

- Não deveria ter achado que precisava abrir mão de nós dois para ter o que desejava. Peço perdão por a ter machucado muito no dia em que decidi terminar - Com cautela aproximou sua mão a dela até se tocarem.

- Se é isso que você precisa para poder ficar em paz consigo mesmo e seguir sua vida de vez, tudo bem, eu te perdôo! Não precisa continuar preso a um passado que já não pode ser concertado - Tâmara trouxe sua mão para si bruscamente e expressou que iria levantar.

Já não te poderei apagar de mimOnde histórias criam vida. Descubra agora