Caloroso

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Caloroso.

Braços mais que conhecidos rodeiam a cintura de Blossom, serpenteando-a. Seus grandes olhos rosas abrem, devagar. A sensação poderia ser agradável se eles estivessem em um local reservado.

Sim: eles tiraram um cochilo no meio do parque de Townsville. Entre os cílios ruivos dela, o sol se põe depressa. Azul e roxo pincelam os céus. A noite chegou.

Blossom se levanta com grama grudada na pele do braço. Sorri ao observar a tranquilidade das subidas  e descidas da respiração do outro ruivo, ao seu lado.

Brick acorda resmungando baixinho algumas palavras inaudíveis. O sorriso de Blossom aumenta, levemente, ao observar as expressões dele. O garoto se levanta e se estica.

Põe o chapéu de volta na cabeça. Olha a natureza verde ao redor. E o céu. Já era noite. E ele sabia o  que noite significava:

— Foi bom enquanto durou.

— Uma hora é o que temos por hoje. — ela responde, enquanto come os restos de farelo da deliciosa  torta de morango. — Na verdade, não é muito.

— Não queria ir embora. — ele rouba o último pedaço dela.

— Não ouse, Brick... — ela protesta, muito embora estivesse segurando um sorriso.

— Duvida? — ele ameaça colocar na boca.

— Você sabe que eu vou ir aí buscar, não sabe? — ela achega mais perto. O pano de piquinique enroscando na perna. — Nossa boca é compartilhada, esqueceu?

Brick ri.

Puxa Blossom mais para perto e lhe dá um demorado abraço. O corpo no seu. Era sem dúvidas uma sensação muito boa. Ele sentia falta disso. Desse calor, só dela. Do relaxamento. Da sua pele encostando na sua e das borboletas que isso causava.

— Quando é que eu vou te ver de novo? — ele não queria soltá-la. As mãos faziam carinho na pele. — Eu prometo que toda vez que eu te ver, posso roubar uma padaria pra te trazer torta. O que acha? Uma torta por dia. Todo dia a gente se vê.

— Ah, nossa. Seria maravilhoso. — O tom sai irônico, e o sorriso escancarado. — Todo dia prenderia  meu namorado criminoso.

Eles se soltam.

A brisa da noite era leve, carregando o cheiro do riacho frondoso perto dali. As luzes do parque acendiam descoordenadamente. Bem como as da cidade. Costumeira quarta-feira da semana.

— Não sou mais criminoso. — o tom brincalhão se desfaz, aos poucos. — Mas não parece, não é?

— Eu sei, Brick. — ela responde percebendo a seriedade. — Não precisa provar pra mim. Confio em  você.

O garoto bufa. Desvia o olhar pra matilha de cachorros correndo, acompanhada de uma pedestre atrapalhada.

— Infelizmente os outros não, ruivinha. — a lua cheia começava a irradiar os céus — Todos têm desprezo do meu passado de merda. Queria poder passar o dia com você sem paranoia de alguém descobrir.

Ela realmente desejava aquilo muito muitão. Desde que eles ficaram, se apaixonaram e começaram a namorar — tudo escondido. —, não havia sossego. Desde que a história de ambos se iniciou. Desde os primeiros beijos, emoções e revelações, alguém poderia descobrir. Sempre tinha alguém.

— Isso é cansativo. — Blossom suspira.

Os olhos se encontram. Era ridiculamente bonita a peça que o destino pregou nos dois. Na infância, inimigos vorazes. Agora crescidos, amantes um do outro, companheiros e amigos. Que bela piada, senhor destino!

Os dois se aproximam novamente. A respiração constante se mescla. Cheiro de torta de morango que  paira pelo ar.

As bocam se tocam. Os olhos se fecham. Levemente.

Com doçura, os lábios se conectam, se misturam. E Brick poderia repetir sem cansar. Milhares de vezes.

— Quer contar a eles, Bloss? — ele a olha com ternura. À distância mínima.

— Tem certeza? — ela não sabia ao certo. Só sabia que a maioria estaria contra. Seria um escândalo.

— Seria um escândalo. — Brick conseguia ler sua mente às vezes. — Mas eu não ligo. — ele beija seus  lábios. E completa: — Isso não tá certo.

— Não tá. — ela concorda. Em seu coração, um aperto surge. — Estou com medo do que vão pensar da gente.

Ele suspira. Entende o porquê. Sente-se chateado. Pra ele, os dois ficarão juntos e foda-se a opinião dos outros. Mas, para ela, ainda existia uma série de questões a serem resolvidas. E planejadas.

— Na real, não quero te pressionar. — ele lhe dá um outro beijinho. — Mas pode pensar sobre isso? Eu  realmente não aguento mais essa situação.

Brick odiava essa sensação de furtividade. De não poder vê-la como gostaria. De não ter liberdade para estar com ela. De estar com sua namorada, caramba!

— Pensarei. — ela se afasta. Era um assunto delicado.

— Tô na sua, não se esquece disso. — ele sorri. Ela revira os olhos e sorri também.

E a noite acaba. Os dois precisavam voltar para suas realidades. Como se nada tivesse acontecido.

Sim, era duro.

Dias de luta, dias de glória.

Os corpos se unem novamente. O calor emanava. Especial. Uma chama só deles. E eles tinham noção  de que precisavam fazer do possível e incansável para mantê-la acesa.

Caloroso

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e foi isso! é uma história antigona minha também, posto mais lá no social spirit, mas aqui estoy yo no wtpd tb. espero que tenha gostado ahhsh um beijão ♡

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