O início de uma prece

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Por Harry Potter

Me ajoelhei no milho e rezei.

Eu odiava essa parte. Meus joelhos ficavam machucados e eu sentia um pouco de dor.

Mas meu pai dizia que era necessário. Que só assim Deus perdoaria os meus pecados.

E ser gay, com certeza era um deles.

Meu pai passou a vida inteira tentando mudar quem eu era.

Desde pequeno ele me dava carrinhos, motos, bonecos de super heróis, videogame e tudo o que ele dizia ser coisa de homem.

Eu não gostava daquelas coisas mas brincava mesmo assim.

Quando eu entrei na pré adolescência conheci uma menina. O nome dela era Gina. Nosso primeiro beijo foi embaixo de uma árvore, na pracinha da cidade. E eu achei aquilo muito nojento.

Quando contei para meu pai ele comemorou. Disse que agora sim eu era um homem de verdade. Naquele mesmo dia ele me comprou um pacote de camisinhas e disse para eu me preparar, que logo o próximo passo chegaria.

Depois de alguns dias eu fui em uma festa e bebi um pouco. Lembro que fui para fora respirar um pouco de ar e encontrei outro garoto lá. Ele parecia ser um ano mais velho do que eu. Nós começamos a conversar e eu nem vi o tempo passar.

Então em um determinado momento ele perguntou se eu gostava de meninos. Aquilo nunca tinha passado pela minha cabeça. Eu, gostar de meninos? Nunca. Meu pai havia me criado para eu ser um homem de verdade.

Mas aí aquele garoto se aproximou de mim e perguntou se podia me beijar. E eu deixei.

Quando nossos lábios se tocaram eu não achei estanho. Não achei nojento. Eu achei........ gostoso.

E foi ali que eu senti meu membro ficar duro pela primeira vez em toda a minha vida. Nunca vou me esquecer daquele momento. O momento em que eu me descobri.

Naquela mesma noite quando cheguei em casa procurei alguns vídeos na internet. Eu queria ter certeza que gostava de garotos antes de contar qualquer coisa para os meus pais.

Lembro que no vídeo que eu assisti um homem amarrava o outro e vendava seus olhos. Eu achei aquilo tão diferente. Tão provocativo. Tão excitante.

Levei a mão até meu membro e comecei a bater uma. Eu nem sabia direito como fazer aquilo, apenas fui seguindo a minha intuição. Mas acho que o nosso corpo sabe o que fazer, a gente só precisa desbloquear uma trava.

Eu comecei a me tocar enquanto assistia aquela cena e logo senti um sensação diferente e muito forte tomar conta de mim.

Eu sabia o que era aquilo. Eu aprendi sobre essas coisas nas aulas de biologia. Mas na prática era muito melhor do que na teoria.

Eu fiquei alucinado.

E foi a partir desse momento que a minha vida e tudo o que eu pensava sobre ela mudou completamente.

Eu era um homem diferente agora. Um homem que conhecia o próprio corpo e as suas vontades. Um homem que conhecia os próprios desejos. Um homem que sabia do que gostava.

Eu era um homem que gostava de outros homens.

Eu tive certeza disso. Não precisava confirmar com ninguém. Eu me conhecia o suficiente para entender o que tudo aquilo significava.

Meu pai, Deus e a igreja que me desculpassem, mas eu era um pecador.

Eu era.

Eu sempre fui.

SurrenderOnde histórias criam vida. Descubra agora