Capítulo 18

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Hermione

A entrada de fevereiro significava mais um mês de trabalho. Meu projeto para melhorar a condição de trabalho dos elfos domésticos estava relativamente pronto. Depois do Natal e do ano novo me foquei no trabalho e em terminar meus projetos.

Fred terminou com Angelina naquele dia. Ela, praticamente aos berros, dizia que não queria estar nessa situação, mas que também não via mais um futuro com Fred. Não a julgava, depois de tanto tempo indo e vindo, talvez você parasse de gostar da pessoa. George não me deixou de lado e sempre que podia enviava uma coruja com doces novos da loja. A desculpa era que ele se sentia culpado pelo turbilhão de sentimentos que me fez passar.

Em momento algum disse que a culpa foi dele, pois realmente não era. Ele estava tentando me ajudar e nunca iria culpá-lo por isso. Gina esqueceu da ideia maluca que propôs e depois das festas de final de ano viajou para treinar com as Harpias.

O Natal foi calmo, apesar da tensão entre todos. Acabou que os berros de Angelina chamaram a atenção da Sra. Weasley e por fim a história toda foi contada. Desde a poção até aquele dado momento, nunca tinha visto Molly realmente brava com alguma situação, até Gina contar tudo.

Os dias que seguiram depois disso foram cheios de Molly dando tapas em Fred e George. Gina praticamente foi ignorada e eu fiquei como vítima de uma situação que em parte eu era culpada secretamente.

Ninguém além de Fred sabia que eu havia dormido com George.

Rony e Harry passaram a me consolar de maneira excessiva, falando que eu era totalmente inocente dessa situação. Nunca me senti tão inútil em toda a minha vida.

Como eu pude deixar Fred nesse estado? Era por minha culpa que ele estava assim.

Maldita existência!

Depois desse choque me afastei relativamente de tudo. Não tinha estômago para ir atrás de Fred, pelo menos não ainda. Tudo isso era sufocante. Sentir que estava presa a alguém que eu nem mesmo sabia se amava.

Como isso era possível?

As vezes queria ter o vira-tempo em minhas mãos. Será que teria feito diferente? Será que eu não teria dado um gole daquele suco? Será que eu não prestaria atenção em Fred e continuaria minha vida?

Não.

As consequências seriam severas. Eu podia mudar minhas ações, mas não os sentimentos de Fred. As cicatrizes e emoções eram profundas demais para serem ignoradas e reparadas por magia. A questão era a merda que fiz e o que eu teria que fazer para repará-la.

Se é que eu poderia restaurar algo.

Ignorar a situação me parecia bem produtivo, quando não estava chorando. Doía demais essa situação toda e por mais que eu ignorasse meus sentimentos, nunca sabia quando deveria botá-los para fora. E sinceramente, terapia para mim me parecia uma opção vaga.

Eu só tinha um único problema. E ele não poderia ser curado por um profissional.

[...]

- Senhorita Granger.- O ministro tirou seus óculos e olhou diretamente para mim. Engoli em seco esperando sua resposta.

- Senhor?

- Seu projeto está excelente. Vamos colocá-lo em prática logo.

Ouvir aquilo me deu um alívio. Depois de anos meu projeto estava pronto e foi aceito.

- Obrigada Ministro. - Contive a vontade de dar um grito. Me levantei apertando a sua mão. Saí de sua sala e fui andando apressadamente até meu escritório.

Quando cheguei, Harry e Rony estavam sentados conversando.

- Vocês estão aqui. - Dei um pulo.

- Tiramos um tempo do treinamento de auror. - Harry deu de ombros. - Então?

- Aprovaram. - Comecei a pular de alegria e a chorar ao mesmo tempo.

- Isso é maravilhoso, Mione. - Rony deu um sorriso e Harry também. Abracei os dois e soltei um suspiro.

- Bem. Vamos comemorar então. - Harry continuava sorrindo. - Bar depois?

- Claro. - Respondi. - Só nós?

Rony e Harry se olharam.

- Sim. - Rony ficou vermelho. Achei estranho, mas ignorei. Afinal, era Ronald.

- Nem acredito que deu certo. - Passei as mãos pelo cabelo. - Depois de anos.

- Parece que foi ontem que você tentou tricotar gorros e meias pros elfos do castelo. Realmente aqueles gorros eram pavorosos. - Ronald deu um sorriso debochado.

- A cala a boca. - Falei.

- Sejamos realistas, Hermione. - Harry fez uma cara séria. - Você nunca foi boa em tricotar.

- Eu tentava. - Suspirei. - Deveria ter pedido umas aulas a Molly.

- Ela iria surtar. Já surta tentando fazer os nossos presentes de Natal. - Harry riu.

- Tenho uma prateleira cheia de suéteres que mamãe fez. - Rony fungou.

- Sério?

Ele assentiu.

-Guardei cada um. Afinal, Percy começou com a mania de enviá-los de volta. Achei melhor guardar os meus. Sei lá.

Eu sabia que Rony sentia raiva de Percy tanto quanto o resto de seus irmãos. Até hoje, nada estava superado. Apesar de Percy ter pedido desculpas, a tensão entre todos nas breves visitas na qual ele levava Audrey - sua atual namorada - eram realmente pesadas e de uma desconfiança. Nesses dias, Gina aproveitava o suspeito arrependimento do irmão mais velho para enchê-lo de patadas.

- Bem. Encontro vocês lá. Tenho que terminar uns documentos. - Falei limpando os olhos.

Os dois assentiram e saíram da sala.

Sentei, começando a preencher e revisar cada documento, apesar de ter tempo nunca gostei de deixar as coisas para a última hora.

Nem percebi o tempo passar. Quando olhei para o relógio, já passava do horário do meu expediente. Suspirei cansada, não havia nada que eu quisesse mais do que tomar um banho de banheira. Porém, eu ainda tinha que encontrar os meninos.

[...]

Sai apressada do Departamento, dando um breve sorriso e aceno a cada pessoa que me cumprimentava. Continuei andando, perdida em pensamentos que não tinham nada haver com trabalho ou vida social. Com a cabeça baixa, fiquei analisando coisas demais e isso nunca era bom. Só voltei a mim mesma quando esbarrei em alguém.

Por sorte não derrubei nada. Mas, assim que levantei o rosto, meu nariz inspirou o seu perfume. Fiquei paralisada ali mesmo, segurando tão forte os documentos em minhas mãos que senti a lombada da pasta dobrar. Segurei o choro e o olhei.

- Fred?

O Poder da Poção - FremioneOnde histórias criam vida. Descubra agora