27 | apenas isso

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sabina pov bros

Joalin fechou a porta do carro com força empurrando levemente um paparazzi e eu respirei fundo tampando meu rosto e a vendo dar a volta no carro para entrar. Quando entrou, não demorou dois segundos e rapou dali irritada, dava pra ver em sua feição seria e seu rosto vermelho. Consigo imaginar o que se passava em
sua mente.

Eu estou grávida de quatro meses, pessoas acham que estou doente, temos que ter cuidado pra não vazarem informações e agora descobriram meu hospital.

- Você está bem? - Jogou a chave da casa na mesa de centro e eu me sentei no sofá concordando enquanto ela ia na cozinha. - Quer comer alguma coisa?

Fitei meus dedos e senti vontade de chorar ao ver que não tinha aliança nenhuma ali por culpa minha. Eu sei,
eu sei que ela ficaria ao meu lado, eu sei que seu jeito é calmo e quieto, mas chega ser frustante você esperar tanto algo de alguém e essa pessoa não fazer nada.

- Sabi... - Me assustei com sua presença e me ajeitei no sofá me encolhendo. - Você está bem?

Ela se sentou ao meu lado e pôs a mão em meu joelho.

- É estranho.

- O que é?

- Parece que você não me ama mais. - Sua mão saiu de meu joelho e eu abaixei a cabeça. - Então é estranho, parece que eu estou te forçando a entrar nessa comigo.

-Estamos terminando de novo? - A fitei e vi um sorriso calmo em seus lábios. - Eu te amo, você sabe disso. - Eu dei de ombros.- Eu sinto muito.

- É que nunca conversamos sobre o quanto isso nos machucou, perdemos uma vida... - Ela assentiu atenta às minhas palavras e eu me encolhi mais no sofá. - Não fomos maduras, não conversamos sobre, eu só pedi pra você ir embora e fui egoista, eu só...

- Está tudo bem. - Eu neguei com a cabeça. Estranhamente, estou calma. - Está.

- Eu só não quero perder de novo.

- Não iremos.

- Não estou falando do bebê.

Sua postura lentamente cresceu e ela engoliu seco. Quatro meses. Estávamos a quatro meses sem abraços, beijos, carinhos, afetos, só temos decepções e decepções. E eu sei pelo o que eu me apaixonei, sei a pessoa que eu me apaixonei.

Ela abaixou a cabeça, não me disse nada. Mas eu sorri, pois me lembrei de sua postura séria enquanto jogava, enquanto desfilava, e sua postura largada enquanto estava comigo, apenas de calcinha e sutiã, roupas largas, ou até sem roupas, as risadas, os xingamentos quando perdia um jogo, a jogada da franja pro lado quando vinha me dar um beijo na testa, o jeito que estalava o dedo quando ia cozinhar, o sorriso descontraído enquanto me via cantar.

Ela puxou o ar, levantou levemente a cabeça e abaixou de novo.

-Sabemos onde isso vai acabar. - Ela me fitou. - Não podemos fugir disso, Joalin. Eu não posso fingir que não sinto sua falta, não posso fingir que não quero que nosso filho nasça com as mães divorciadas, eu não quero isso.

Ela olhou pra cima e colocou a mão em minha barriga. Antes que ela pudesse tirar, eu juntei nossas mãos ali e ela me fitou. Ela desceu o olhar para minha barriga e assentiu. Eu quis entrar em sua cabeça, saber o que se passava, se ela iria me perdoar ou não.

Mas ela apenas se levantou, jogou a franja pro lado, me deu um beijo na testa, pegou sua jaqueta e a chave do carro e saiu daqui.

Apenas isso.

por ti eu sou nós - joalinaOnde histórias criam vida. Descubra agora