ambw | kim seokjin fanfiction | personagem original
a tão idealizada vida a dois parecia ser mais fácil quando retratadas na tela da TV ou em parágrafos de livros. para a jovem engenheira civil, melinda jones não se tratava apenas de mais uma teori...
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"é só você, porque ninguém mais faz sentido"
"querida, eles não sabem nada sobre nós. ninguém conhece nossos corações como eu e você"
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O cheiro do ar era salgado. A brisa esvoaçando meus cabelos trazia todo o odor do oceano ao redor. Mesmo após certas vezes, eu ainda sentia a típica vertigem que o balanço do barco fazia, flutuando por cima das ondas. A cor da água refletia o azul petróleo quase preto do céu, as nuvens leves feito fumaça correndo facilmente, sendo empurradas em direção ao horizonte apagado. Não havia estrelas, a lua escondia-se dos nossos olhos. Sentada num banquinho acoplado à estrutura do barco, na proa, um pouco distante, eu o observava focado com a vara de pesca na mão e linha com anzol lançado na água. Estava de lado na minha visão, usando o mesmo colete laranja neon que eu. Enxergava o perfil de seu rosto esculpido, os lábios formando um biquinho, sobrancelhas grossas franzidas. Conhecia bem aquela careta dele. O vento também lhe agitava os cabelos mais claros, porém isso não pareceu incomodar Seokjin que só queria entender por que nenhum peixe mordia a isca, lançada há muito tempo. Eu não sabia como ele ainda não tinha reclamado de dor nas pernas. - Ele não desiste - ouvi a voz baixa de Yoongi juntando-se a mim, enquanto ajeitava alguma coisa em seu colete salva-vidas. - Nunca. Estou começando a ficar com pena. Quantos você já pegou? - perguntei sem tirar os olhos de Jin. - Quatro. - Uh! Acho que os peixinhos decidiram ignorar meu homem nessa madrugada. Min Yoongi riu baixinho. - Por que não vai até lá? - me perguntou. Voltei os olhos para meu amigo e irmão de coração do meu namorado. - Você sabe que ele pensa que eu espanto a pesca dele. - O Jin-hyung não acredita nisso de verdade. Dei uma risada curta. - Não sei como ele me convenceu desde a primeira vez a vir pescar. Nem gosto de frutos do mar - fiz careta. - Pescar não é minha atividade preferida, mas por ele eu venho. - Já reparou em como ele tem o poder de induzir a gente a fazer coisas que nem sequer gostamos? Esse pilantra. - Ele é bom nisso. Principalmente com você. - Hm? - Ah, Mel. São duas da manhã, você 'tá no meio do mar em um barco cheirando peixe fresco e quando a fome bater será sua única opção de comida - esticou os lábios. - Não. Dessa vez eu vim preparada. Vocês não vão me fazer engolir tentáculos como daquela vez. - Disse que não era tão ruim, me lembro bem. - Foi só para não chatear vocês dois, porque se dedicaram muito cozinhando. A textura daquilo era... - fingi estremecer - Horrível. - Você é tão boazinha - usou seu sarcasmo passivo - O que trouxe? - indagou. - Torrada e geléia caseira de morango. Yoongi arqueou as sobrancelhas. - É sério, Mel? Tive que rir da cara dele. - Vai me julgar? - indaguei - Eu trabalhei e não tive tempo de preparar uma refeição completa. - Poderia ter me mandado mensagem ou falado com o hyung, ele com certeza faria algo por você e eu também. - Tudo bem, Yoongi. Posso sobreviver com o que tenho. - Aish... O que há de errado com esses peixes? - escutamos Jin rezingar, irritado. - É, eu vou lá - anunciei me levantando, arrumando meu colete. Me aproximei com cuidado por conta do balanço do barco. Segurei na trave para manter o equilíbrio, olhei para o mar e respirei fundo. - Não é justo - Seokjin fez bico me olhando. - Talvez você deva esperar um pouquinho e depois voltar a tentar, Jin. - Agh. Sério, não era para ser estressante - queixou-se. - Eu sei. Não se frustre. Ele me examinou de cima. - Tudo bem? Que cara é essa? - Me levantei rápido e fiquei um pouco enjoada. Já que passa. - Se quiser pode ficar dentro da cabine, lá é mais estável que aqui fora - ele diz. - Certo. Quer um beijinho da sorte? - Sou bonito o bastante para não precisar de sorte. O fitei pestanejando. - Por que não previ que essa seria sua resposta? Então, espero que os peixes considerem sua beleza e mordam a isca. Jin me deu uma piscadela e eu saí rolando os olhos. Entrei pela porta na cabine, cumprimentei o capitão do barco com um leve aceno de cabeça e fui para outro lado, onde havia um espaço com bancos largos. Sentia-me cansada e ao invés de sentar, deitei de lado na madeira dura. Jin tinha razão, ali o balanço era menos perceptível. Peguei meu celular no bolso do meu jeans e dei uma rolada na tela, procurando algo que fosse interessante na internet. Vi receitas novas, olhei minhas redes sociais, mas logo me cansei decidindo cochilar. Houve um tempo em que pensava que Jin preferia a pesca do que a minha companhia. Quando me dei conta de que era uma das poucas coisas que ele podia fazer para se distrair do estresse da vida de Idol, decidi acompanhá-lo sendo menos egoísta. Mesmo que me custasse meu descanso, não me arrependia, ficar com ele era revitalizante para mim. Eu era de fora, minha vida mudou de vez quando recebi uma grande proposta de emprego em Seoul. Uma aventura em tanto, largar minha vida praticamente estabilizada para finalmente alcançar meu objetivo profissional como engenheira civil em outro país. Projetos incríveis me deram a oportunidade de crescer e aprender a língua nativa. Mesmo sendo difícil para cacete no começo, não desisti. A adaptação também me fizera passar maus bocados, sempre sentia falta do arroz e feijão da minha mãe, do clima úmido tropical e do senso de humor tão singular das pessoas. No fim, tudo se encaixou. E eu encontrei outra razão para querer ficar em Seoul. Seokjin e eu nos conhecemos por acaso, eu tinha amizades em comum com uns amigos do irmão dele. Em uma bela noite em um happy hour, nos encontramos. Ele sempre me olhou com timidez, mas não me deixou ir sem antes pedir meu número. Um homem perspicaz. Ele sempre fora educado, arrumando tempo para falar comigo, mas eu não tinha colocado fé que algo sério sairia dos nossos encontros escondidos, ligações de madrugada, até perceber estar caidinha de paixão. Fui corajosa e tomei iniciativa pedindo para que me dissesse se sentia o mesmo ou estava apenas buscando diversão. Nesta noite ele me pediu em namoro. E aqui estávamos três anos depois, em uma relação secreta, pescando no meio da madrugada. No meu cochilo, senti a boca macia e quente pressionando minha testa e lábios de forma sutil. Abri os olhos e encontrei o rosto dele muito perto do meu. Aquele par de olhos que agitavam as borboletas no meu coração. - Pegou seus peixes? - sussurrei baixinho com a voz rouca. Ele negou com a cabeça, rindo ruidosamente. - Deveria ter aceitado seu beijo da sorte. - Bem feito - falei. - Aish, não precisa ser má assim. - Bom que você aprende - me ergui começando a me sentar, ele me ajudou - Uh, está quase amanhecendo. Que horas são? - perguntei olhando ao redor. - Quase cinco. Você perdeu o jantar. Pensei em te acordar, mas estava tão adorável dormindo aqui - se sentou comigo e aproveitei para deitar a cabeça em seu ombro - Estamos voltando para casa. Sei que está cansada. - Não muito. É mais uma preguicinha. Vai para casa comigo? - estiquei o pescoço podendo cheirar o dele, lhe causando arrepios. O cheiro de sua pele era suave, levemente frutal e doce. - Sim - envolveu minha cintura por cima do colete - Preciso descansar também. - Imagino - continuei aconchegada em seu corpo, olhando através da janela o céu escuro sendo rasgado pelo amanhecer.
