Winter Love

CAPITULO 1

"Muitas vezes na vida você vai ter medo eu sei, ter medo é normal, mas se você não enfrentar esse medo corre o risco de perder muitas coisas bonitas."

One Tree Hill

HOJE

Patinar nunca mais foi o mesmo depois do acidente, após sofrer uma lesão no joelho e uma concussão na cabeça em que eu perdi grande parte da memória. Minhas lembranças eram mínimas, depois de algum tempo que sai do hospital, eu comecei a lembrar da minha mãe, dos meus amigos de escola e muito pouco do meu pai.

Minha mãe sempre me falava que meu pai fora embora e que ele nunca mais voltaria, eu não lembrava de nada que vivi com ele, então para mim ficar sem a presença dele era o mínimo dos meus problemas.

A dois anos atrás eu comecei a me lembrar de quando eu patinava, eram poucas coisas que eu via, mas já sabia que aquilo era minha paixão. Porém, eu não podia patinar.

Eu não me lembrava como era, e nem meu joelho deixaria.

Porém, mesmo assim com a minha teimosia, todas as noites desde que me lembrei eu vinha no rink para treinar escondido, e aquele momento para mim era como desabafar, sentia a dor física e a emocional, eu não sentia o enorme vazio e a tristeza, e quando estava lá sumia totalmente.

Desde o dia do acidente não foi fácil para mim, nem para minha mãe. Dois anos depois ela focou somente em me ajudar na fisioterapia esquecendo em alguns momentos a existência do meu pai. Ela dizia que nunca mais ia querer ver ele novamente, e a palavra pai não podia ser falada em casa e muito menos perto dela.

Minha mãe se mostrava bem, mas era mentira. Eu tentava diariamente me lembrar do dia em que ele se foi, mas eu não lembrava de nada e sabia que meu pai não voltaria nunca mais, se passaram 5 anos do acidente e ele não veio me ver, por que agora voltaria?

Era noite de inverno, e mais uma vez sai escondido para poder patinar, pulava a janela do meu quarto para sair com o risco de ferrar meu joelho, mas não me importava. Ninguém sabia que eu ainda patinava, e seria melhor assim. Percorri o caminho curto da minha casa até o rink, me pendurei em uma janela entrando no local, peguei a lanterna que estava na bolsa, coloquei os patins nos meus pés, e entrei na minha playlist favorita colocando uma música lenta.

Eu patinava lentamente com um certo medo de que meu joelho se rompesse de novo, não era graciosa como todos falavam que eu era, mas dava para gasto. Eu deslizava pelo gelo com leveza me envolvendo na música e nos passos, levantava os braços, raramente tentava levantar as pernas, não que doesse, mas meu medo era que algo acontecesse. A música ia me envolvendo de forma esplendorosa. A cada passo que eu fazia lembrava de cenas acidente, isso me doía mesmo após anos, eu sentia como se repetisse toda vez que fechava os olhos, lembrava de quando acordei na cama de um hospital sabendo que perdi todas as memórias que construí ao longo dos anos e que talvez eu recuperaria algumas, e ao olhar para os lados e ver minha mãe chorando por eu simplesmente não lembrar quem era ela e muito menos que eu era.

Minha mãe segurava minhas mãos com tanta força, com tanto medo de que eu não lembrasse, mas quando eu lembrei dela e a chamei mãe, ela sentiu como se fosse a primeira vez na vida que escutara isso, e então chorou como nunca.

Fiquei tão envolvida com o pensamento e a música que tentei fazer um salto e sem sucesso cai no chão vindo em seguida com dores fortes do baque do meu corpo com o gelo frio, minhas costas doíam, a cabeça, tudo. Toda aquela emoção me fez empolgar com o momento, devia ter sido cuidadosa como sempre.

Tentei me levantar, mas sem sucesso. Então fiquei no chão por um tempo pensando em tudo até conseguir me levantar.

Minha vida tinha se tornado uma grande merda! Quando minha mãe me contou que eu iria para um grande campeonato e que teria uma grande oportunidade de ser reconhecida, logo pensei que porcaria que minha vida se tornou. Em um dia eu estava prestes a ir para um grande campeonato e no outro sofro um acidente.