A Promessa à Escarlate

Capítulo três

A papelada estava por toda parte.

Histórias sobre a origem da família Karatheon, histórias sobre o reino, sobre seus poderes, sobre suas habilidades com a magia abstrata. Histórias que preencheram a mente da Princesa à tarde inteira. Histórias que fizeram com que a própria se questionasse se conseguiria manter a união entre os dois reinos. Era como encarar uma batalha que nem tinha se perdido.

Ela se manteve oucupada durante o dia inteiro após a conversa com o Rei. Aurora não teria muitos dias para pesquisar sobre o reino que teria que implorar por ajuda. E esta não era exatamente uma opção. A Princesa sempre foi a mais ardilosa entre os irmãos, uma estrategista imbatível. E desta vez não seria diferente. Ela não imploraria por ajuda a um reino, ou a um rei. Ela não se ajoelharia a ninguém.

Aurora tinha certeza que em futuro próximo seu reino seria imbatível. Que ela seria imbatível. Mas para isso teria que livrar-se de Escarlate. Fazendo-os encara o seu maior pesadelo deles.

A Princesa sabia que os poderes psíquicos de Escarlate eram usados de maneira truculenta, mas ela não os temia. Ela sabia que com um plano certo entre as mãos nem mesmo uma tentativa de dilaceramento mental seria possível. Não quando a própria tinha uma das ligações mais antigas e sagradas com seu dragão.

Xurumello não era apenas um dragão que exalava beleza com suas escamas negras, garras extensas, mortais e extremamente afiadas. Os seus dentes longos e amarelados eram do tamanho dos dedos de sua dona. A pele semelhante a um couro negro se azulava a luz do sol.

O dragão sempre foi tratado como um dos animais mais belos e mortais durante anos. No entanto, há lendas que remetem que dragões e outros animais eram sagrados. Que possuíam uma incrível conexão magica e elemental com seu parceiro. E era isso que ela tentava realizar havia meses. Ela queria sentir a magia Paladinus em suas veias, queria sentir a áurea de seu dragão junto a dela.

Diz-se que grandes reis e guerreiros que tinham a divina conexão com seu animal e eram capazes de dominar mundos junto a eles. Lendas contam que estes eram muito mais do que dominadores de magia eram igualados a deuses.

Apesar de saber de tudo isso sua cabeça estava repleta de informações e tudo que ela precisava era cochilar por apenas algumas horas. Para depois voltar a pesquisar.

Ela retirou a papelada da cama para se deitar. Assim que se sentou a cama dois toques suaves soaram de sua porta. Ela conhecia muito bem aquelas leves batidas a sua porta. As batidas que esperava em sua porta todas as noites.

A ruiva andou rapidamente até a porta com um sorriso de orelha a orelha. Ao abrir a porta enorme de seu quarto Adriel sorriu para sua Princesa, para sua amada.

Os cabelos castanhos escuros de Adriel estavam muito bem penteados com alguns fios rebeldes em seu rosto. A farda de cor azul marinha estava sem um amassado, sinal que não tivera muitos problemas durante seu turno. Nenhuma confusão com ratos, como da última vez.

Vendo que não havia ninguém no corredor Aurora beijou a pele morena e morna do guarda.

— Caspian me disse que vossa Alteza passou o dia inteiro no quarto — disse o guarda segurando a mão alva de Aurora, fria como a primeira brisa do inverno. — Então pensei que gostaria de voar junto a mim e Xurumello.

Aurora corou.

— Eu adoraria, ainda mais se for sobre a Floresta Flamejante.

Então eles foram até o dragão.

☆ ☆ ☆

No outro lado do reino se encontrava o herdeiro do trono, no lado oeste da floresta flamejante.