Cap 02

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Josh Beauchamp

Ficar com os meus amigos é a única coisa que me faz esquecer os problemas, meus amigos são tudo menos normais, deve ser por isso que amo sua companhia.

Minha família é a típica família americana, toma café da manhã juntos, almoçam juntos, jantam juntos, igual a família do comercial de margarina, nossa família parece feliz, Savannah é minha irmã mais nova, é meu bem mais precioso, ela é um dos motivos pelo qual ainda não acabei com meu sofrimento, quem irá protege-la?

Eu e Savannah temos uma ligação muito forte, desde que Savannah nasceu, eu cuidei dela como se fosse de porcelana, temos apenas alguns anos de diferença mas eu muito pequeno defendia minha irmazinha dos monstros que moravam embaixo de sua cama.

Eu sei que Savannah sempre estará ao meu lado, não importa oque aconteça, mas não quero desepciona-la, ela é a pessoa que mais acredita em mim, que sempre está ao meu lado, não posso deixa-la.

[...]

Mais um dia se inicia, me levanto sem ânimo e vou tomar um banho, arrumo minhas coisas, pego as chaves do meu carro sobre a mesa e saio, não estou com fome então só dou bom dia para minha família e vou para a escola.

Quando chego todos me cumprimentam, apertam minha mão, finjo estar feliz para a pessoas não ficarem de cochicho pelos cantos falando da vida alheia.

Vou até os armários encontrando Any guardando seus objetos pessoais no seu armário, a abraço bem forte como se fosse a última vez que a veria, ela corresponde o abraço e bagunça meus cabelos após nos separarmos.

-Preparado para três aulas de física?

Pergunta com ironia.

-Quem está?

Brinco e nós dois rimos, seguimos para nossa sala, nós quatro estudamos juntos, assim que adentramos a sala de aula avistamos Noah e Sina conversando, caminhamos até eles e nos sentamos nos lugares disponíveis ao lado de cada um.

Noah nem percebeu nossa chegada pois estava concentrado conversando com Sina, a loira nos vê e nos cumprimenta mas volta a conversar com Noah.

Eu e Any nos olhamos, olhamos para Sina e Noah e rimos, o professor entra na sala de aula e um silêncio absoluto se inicia.

Ele explica a nova matéria mas não consigo prestar atenção, finjo estar prestando a atenção no professor mas minha cabeça está pensando em várias outras coisas, e o conteúdo não se encaixa entre elas.

- Josh!

Any me chama tirando me de meus pensamentos.

-Oque foi?

Pergunto a olhando.

-Aconteceu alguma coisa?

Ela pergunta, acho que percebeu meu devaneio.

- Não, só não estou com cabeça para prestar atenção na aula, não se preocupe, não é nada.

Digo tentando não deixa-la preocupada.

-Ok, se precisar de alguma coisa é só me falar.

Ela diz e sorrio, Any sendo Any.

Quanto mais eu queria que a aula acabasse, mais ela parecia infinita, em algumas aulas eu me sinto sufocado, deslocado, como se não pertencesse aquele lugar.

As vezes digo que estou com dor de cabeça para faltar a escola, me tranco em meu quarto e as vezes não saio nem para comer, minha distração são os livros, os de ficção científica são os melhores, me sinto um alquimista com tubos de ensaio em minhas mãos fazendo suas experiências malucas enquanto leio.

Todos os dias eu penso em três coisas, contar para alguém oque estou passando e procurar ajuda ou esconder tudo por medo e não tentar sair dessa situação. Eu poderia procurar um profissional, sem que ninguém saiba claro, não quero preocupar ninguém.

Nem percebi que a aula tinha acabado e o intervalo tinha chegado, Noah me chamou me tirando dos meus inumeros pensamentos.Apenas segui meus amigos pelo pátio, Any ria de algo que não entendi, sua risada é contagiante, me encontro sorrindo, Any tem o poder de transmitir felicidade apenas de estar perto de alguém.

As vezes me pergunto como nos tornamos amigos, somos totalmente diferentes, Any é extrovertida, alegre, está sempre com um sorriso no rosto, está sempre disposta a alegrar o dia de qualquer um, eu sou o oposto, não sorrio com frequência, sou mais reservado, mais na minha.

Quando éramos crianças, Any sempre queria ajudar, mesmo sendo crianças, Any tentava deixar o dia de qualquer um melhor, ela dava flores para tentar alegrar o dia de alguém, ela dizia que a deixava feliz deixando outra pessoas felizes.

Você deve pensar que odeio meus pais, eu não os odeio, eles só não me compreendem, mas os amo muito, meus pais não são monstros, eles são incríveis, mas eles não levam a sério por acharem que é coisa de adolecente.

No caminho, vários garotos me cumprimentavam e faziam aqueles apertos de mão, mas estava longe, a ideia de procurar um profissional é tentadora e assombrosa ao mesmo tempo, parece uma salvação mas tenho medo, falar com alguém sobre isso me dá um certo medo, receio, medo de ser rejeitado, as pessoas julgam sem ao menos saber oque a outra está passando.

Já vi muitas pessoas dessa escola tirarem a própria vida, elas tentaram pedir ajuda, mas ninguém as ouviu. Mas eu não queria ir sozinho, mas não irei falar nada para ninguém.

-JOSH!

Any me chama e pelo jeito estava me chamando à algum tempo.

-Desculpa estava pensando em algumas coisas.

Digo simples.

-O professor quer o trabalho para amanhã, irei na sua casa hoje a tarde para fazermos.

Ela diz e eu fico perdido.

-Você não viu o professor explicando o trabalho?

Ela pergunta enquanto pega seu celular do bolso.

-Estava pensando em outra coisa.

Digo não querendo estender o assunto.

-Ok, hoje a tarde eu vou na sua casa e fazemos o trabalho ok?

Ela pergunta, só confirmo com aceno de cabeça.

Depois de uns cinco minutos nossos amigos voltaram, junto com Lamar, Sabina e Krystian. Eu sou cercado de pessoas que me querem bem, poderia contar a eles, talvez eles podem me ajudar, mas eu seria um incômodo para eles, ter que se preocupar com o amigo que quer se matar, eles tem coisas mais importantes do que meu problema.

Quando cheguei em casa minha família estava conversando, Savannah contava como tinha sido seu dia enquanto minha mãe e meu pai ouvia ela falar atentamente, assim que me veem, minha mãe sorri, vou até ela e lhe dou um beijo em sua bochecha, vou até Savannah e lhe dou um beijo no topo de sua cabeça, abraço meu pai e subo para meu quarto sem dizer nada.

-♡-

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