capítulo 4

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Há dias em que tudo nubla e não conseguimos distinguir o que é real e o que não é. Fica tão nublado que se torna quase impossível notar que estamos ruindo lentamente, dia pós dia.

Aqueles dias em que vamos acumulando e acumulando, sem soltar uma gota, só esperando a hora certa para conseguirmos chover.
Chover não, tempestoar.

Uma tempestade que se alastra por todo o seu ser, tentando arruinar tudo o que é e que um dia foi bom...

Essa tempestade troveja e te rasga de dentro para fora, acabando com qualquer resquício de esperança que poderia existir.

Bom, já se passavam de um mês em que Sasuke tinha recebido a notícia de que teria um filho. Um filho que estavam na barriga de seu noivo que estava em um coma, que possivelmente não acordaria e que se acordasse, teria sérias sequelas. Um filho que estava basicamente sendo mantido por máquinas.
Um filho que ao mesmo tempo que poderia morrer, poderia matar seu noivo. Não... Ele não tem culpa. É só um bebê...

A vida toda de Sasuke havia sido amena, não era só boa, mas também não era só ruim. Havia tido um primário bom e cheio de boas lembranças, amigos que o acompanham desde a infância, o ensino médio o encheu de novas oportunidades e bolsas para quatro faculdades diferentes, e na faculdade? Ah... A Faculdade foi maravilhosa, foi ali que ele decidiu que tinha idade o suficiente para beijos, paixões, sexo e boates. Foi lá que ele conheceu Naruto, um cara falante, lindo, popular e com um sorriso e energia maravilhosos.

Com uma vida assim, Sasuke tinha quase se esquecido do que era sentir esse caos perambular pelo peito.

Já fazia um tempo que havia recebido alta e voltado a dar aulas.
Mesmo que tivesse que se adaptar a tremedeira nas mãos ele quis voltar a dar aulas. Precisava distrair sua cabeça, pelo menos um pouco, e em casa olhando para as paredes marcadas pela sua história e de Naruto, não conseguiria, e claro jamais deixaria seus alunos sem nota de filosofia por tanto tempo.

Foi aliviante voltar a dar aulas e se deparar com todos aqueles alunos felizes e com saudades, ficou feliz e agradeceu com orgulho, por todas as cartas e preces por melhoras que recebeu dos alunos. E depois de contar que estava bem e que possivelmente sua letras sairia completamente tremida no quadro negro, ele voltou a dar aula.

— Professor? — Konohamaru chamou um pouco exaltado, olhava para Sasuke preocupado, o Uchiha olhava fixamente para a caneca em sua frente, tão distraído que nem ouviu o sinal tocar e seus alunos abandonarem a sala. — Professor, tá tudo bem?

Sasuke finalmente acordou de seu transe e olhou para a sala vazia.

— Konohamaru o que aconteceu? — Se levantou e olhou para o Sarutobi. — Precisa de algo?

— É que o sinal já bateu e o senhor ficou aí parado, então eu recolhi as tarefas para você e... Deixei aqui em cima, mas você continuou aí parado, então eu pensei, vá que ele tenha um troço aí. — Disse meio rápido e as vezes sem muita coerência para o filósofo. — Então decidi perguntar como é que você tá... Então, como é você que tá?

— Eu estou bem, obrigada. — Sasuke pegou o grupo de folhas, que era os trabalhos dos alunos e colocou na ficha da turma para corrigir mais tarde. — E você? — Decidiu perguntar quando notou o adolescente puxar uma cadeira e sentar perto.

— Ah eu tô bem, sabe? — Olhou para Sasuke em silêncio por um tempo, antes de falar. — Professor, desculpa falar assim, mas... O senhor não nós disse como o treinador estava... Os caras do hospital não deixou o time entrar... Nem eu. — Konohamaru parecia meio triste ao pronunciar tais palavras. — Se der você pode por favor me dar notícias dele? Eu quase não sei nada e estou muito preocupado...

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