2. sempre esperando sentir teu toque para ter a certeza da minha existência.

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Eu não combinei com o destino.

Quando eu te olho daqui, de braços cruzados, segurando um cigarro entre os dedos e soltando a fumaça que tem o desprazer de interferir da maneira limpa que te enxergo, eu consigo sorrir.

Você brinca com o Loki ao lado da piscina, cai na grama e ecoa gargalhadas das mais gostosas de se ouvir, e nosso cachorro, nomeado com o nome de seu personagem favorito, como eu, parece gostar de ouvi-la, porque ele pula mais vezes em você, querendo lamber seu rosto, estimulando tua risada.

E ela é linda. Tão linda que tenho gravada em meu celular. Eu ouço quando não posso mais ouvir de você. Eu sento na banqueta toda noite e toco a melodia que tu gosta, depois, ouço tua risada, e só assim consigo dormir.

O que fizeste comigo, amor?

Porque agora, da nicotina eu só quero a mobilização que acontece dentro de meu peito quando você não está perto. Do sol, a luz quente para queimar minha pele quando ela não estiver mais sob teus toques. E das lágrimas, o gosto da felicidade de quando te vejo voltar para mim.

Todos os dias.

Eu não quero nada mais. Festas noturnas, álcool esborrando do copo, ou uma droga alucinógena que usava às vezes para querer te ver, mesmo que irreal.

Mas o cigarro continua estragando meu corpo por dentro, porque é o único alívio de não sofrer enquanto estou sempre esperando sentir teu toque para ter a certeza da minha existência.

Poderia ser eu e você, mas é só você. Quero dizer que és uma parte de mim, mas percebi há tempos que tu me tomou, sem perceber, sem querer, sem esforços. Eu sou teu, como tu é meu.

Todo teu corpo foi feito graciosamente por divindades artistas e entregue à mim. Não que um dia me pergunte, mas eu sei disso porque preciso acreditar que seja, preciso ter a certeza de que pude ser abençoado quando anos atrás desistia da minha carreira, igualmente de minha vida.

Você é minha nova chance, meu novo recomeço. Eu sei que é.

Então, te vejo devolver o olhar doce para mim. Eu penso "Por favor, sorria. Mostre-me aquela magia que surpreendentemente consegue tirar meu coração do peito e acalentar meu espírito".

E você sorri.

Eu desabo.

Por dentro.

Me sinto como a primeira vez de uma borboleta fora de um casulo, perdido. E eu gosto tanto. Gosto de toda essa sensação maluca e deliciosa que bagunça minhas entranhas.

Mas nosso cachorro te assusta ao pular na piscina e molhar um pouco a camisa social branca que você usa, minha. Esta mesma que será levada com você depois de hoje, como também irás deixar uma tua aqui.

Ou eu posso te puxar pelo braço como sempre faço quando tu tens que ir embora e te beijo com calma, até chegar o momento em que te olho demais só para ver as bochechas que sofrem com tantos beijos meus ruborizar.

Eu digo "Me traga qualquer coisa que eu possa sentir teu cheiro". Mas hoje eu não vou pedir por isso.

Eu já tenho você pelo resto do dia, pelo resto da noite, e pelo resto da próxima tarde. Eu terei teu cheiro quando quiser, e não pouparei minha familiar vontade de arrastar meu nariz por teu corpo e inalar a melhor coisa que nicotina.

E tudo que penso, de amor que transborda minha mente, nada irá superar nós dois, exibidos ao sol fraco da tarde, juntos no jardim, dançando colocados num balanço lento dos corpos à melodia de Mariage d'amour.

Eu sussurro de novo no cantinho de teu ouvido, como das outras vezes; minha existência continua sendo tua, meu anjo, meu futuro Jeon.

×💌×

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