A Tartaruga Sábia

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Os galhos das árvores balançavam calmamente com o vento fresco, deixando flores de cereja espalhadas pelo chão, como um lindo tapete cor-de-rosa. As fadas voavam de um lado a outro, resolvendo seus afazeres diários como em um dia normal.

Acontece que o dia estava apenas começando, e com ele vinha mais uma fada misteriosa vinda do mundo dos humanos, que para todos os seres mágicos ali presentes representava um mau presságio. Desde que Rose Lavillant havia chegado à vila, muitos boatos de feiticeiras rondando as casas do vale eram murmurados, deixando a garota aflita com o pensamento de ela ser a possível causadora.

Naquele instante, as três fadas Alya, Rose e Marinette seguiam para o templo do ancião Wang Fu. As fée-kwamis Trixx e Daizzi as acompanhavam, voando bem ao lado de suas respectivas mestras. Voar não parecia mais tão complicado para a recém-chegada, que seguia as duas garotas no mesmo ritmo sem acabar caindo por falta de equilíbrio.

Quanto mais perto chegavam, maior o templo parecia. Seus três andares de telhados curvados brilhavam à luz da tarde, fazendo todas as paredes receberem alguns tons de rosa e vermelho como uma cerejeira.

O nome "Vale de Cerejeira" com certeza fazia jus ao lugar, visto que todas as montanhas eram cobertas por estas árvores. O cheiro adocicado das frutas pairava no ar, enquanto todos os seres mágicos rodeavam o vale.

Enfim chegaram até a entrada do templo, onde o ancião sentava de pernas cruzadas ao lado do lago. Ele não abriu os olhos quando as meninas pousaram, mas uma brisa as envolveu e carregou-as até seu local de meditação. Seu cabelo grisalho ondulava com o vento, um manto verde cobria a parte superior do corpo fazendo com que o sábio parecesse um verdadeiro mestre de filmes de karatê.

Ele abriu os olhos bruscamente e se levantou, como se tivesse visto um fantasma. Em suas costas agora era possível se ver duas asas verde-claras, caídas gentilmente sobre a pele. Elas pareciam frágeis e delicadas, como se com apenas um bater fossem se estilhaçar. O ancião primeiro observou Rose por alguns instantes, depois rapidamente seu olhar caiu sobre Marinette.

— Olá, Marinette. — Disse o homem. A garota ficou surpresa, pois como ele saberia seu nome antes de ela mesma tê-lo dito?

— Você me conhece? — Perguntou curiosa, tentando pensar como ele saberia seu nome.

— Mas é claro, a tartaruga me contou tudo sobre você. — O ancião ergueu sua mão apontando para a imensa estátua de tartaruga, que estava sentada bem no centro do lago com as patas traseiras cruzadas e as outras duas em concha em frente ao corpo, expondo uma linda pedra branca.

— Ahm, sem querer ser grosseira, mas como ela pode ter lhe contado, senhor? — Marinette olhava confusa para a estátua, sem entender como algo inanimado poderia falar.

— Ora, criança, esqueceu onde nós estamos? — O ancião deu uma risada, como se a garota tivesse esquecido completamente que agora estava em um mundo de magia.

— Ah, é mesmo. — Respondeu Marinette, corando levemente e soltando uma risada para acompanhá-lo. Depois disso permaneceu em silêncio esperando-o retomar sua fala.

Ele, no entanto, caminhou até o pequeno lago e molhou suas mãos. Encheu-as com água, trazendo dentro das mesmas em concha aquele líquido transparente. Olhando mais atentamente, a água parecia de um tom mais esbranquiçado como se compreendesse o pó de uma pedra branca.

O ancião parou de frente para Marinette e lhe fez sinal com as mãos para que imitasse seu gesto. A garota levantou os braços e fez uma concha com as duas mãos, do mesmo modo que ele havia lhe instruído. Após isso, ele colocou a água que carregava dentro das palmas curvadas da azulada. O líquido caiu suavemente e se solidificou em sua mão, se tornando uma linda pedra branca.

— Caso vocês estejam se perguntando, essa não é a pérola cristalina. É apenas uma pedra branca comum, mas que tem um enorme significado. — O mestre seguiu, se virou e andou novamente até seu local de meditação. — Nossa querida Rose já pegou desta água e a única coisa que conseguiu foi obter essa mesma pedra, porém menor. Você, Marinette, é a última peça que faltava para finalmente encontrar a pérola cristalina e devolvê-la para o vale a que pertence. Seu esconderijo é bem protegido, por isso vocês três devem ir juntas.

— Mas mestre, como eu posso ser o que faltava? Eu nem conhecia este lugar até ontem! — Disse Marinette, observando curiosa a pedra em suas mãos.

— Minha querida jovem, a tartaruga sábia nunca erra. Ela atua calmamente, mas com uma sabedoria imensa. O destino trouxe vocês duas até nós, da mesma forma que estava escrito nos textos antigos. Não subestime a magia, Marinette.

Em algum lugar perto da montanha, uma certa feiticeira observava a conversa. Seus olhos e ouvidos estavam totalmente atentos, buscando saber o paradeiro da magestosa pérola. Mayura já começava a ficar cansada de esperar, depois de tanto tempo sem encontrar nada. Seus dedos formigavam pelo poder, suas habilidades começavam a enfraquecer, sua mente só tinha o mesmo pensamento há anos, e o desejo de finalmente recuperar sua preciosa pérola só aumentava.

— Agora, vão para o norte. Encontrem no local mais escondido entre as montanhas e cachoeiras uma grande casa, contruída sobre uma árvore. Nela vocês conhecerão a família Couffaine, as pessoas que protegem a pérola com todas as suas forças. — Disse o mestre. — Mas antes de partirem, tem alguém para você conhecer, Marinette.

O mestre levou a garota para dentro do enorme templo que, visto pela parte interna, só parecia ainda maior. Em um dos cantos, posto em cima de um pedestal, havia um gramofone, já no outro lado um lindo bonsai. Eles subiram as escadas e pararam no cômodo seguinte, observando as milhares fée-kwamis que voavam pela sala, carregando pratos, roupas, acessórios e outros utensílios e saindo novamente do templo.

— Tikki! — Chamou o ancião, olhando para a multidão de fadinhas.

Uma pequena fée-kwami vermelha apareceu na frente dos dois. Marinette reconheceu a fadinha de sua chegada ao lugar, quando passou pelo amontoado de árvores de cerejeira. Ela estava atrás de um dos troncos junto com Pollen, mas haviam sumido rapidamente após terem visto a azulada.

— Sim, mestre? — Disse a pequenina.

— Quero lhe apresentar a Marinette, a humana que chegou hoje mais cedo. — Disse Fu, se virando para indicar a pessoa a quem se referia. — Você irá ser sua acompanhante de agora em diante.

— Claro, mestre. — A fée-kwami se aproximou da garota com um sorriso. — Muito prazer, eu sou a Tikki.

— Olá, eu sou a Marinette. Foi você que eu vi mais cedo, não foi? — Perguntou a azulada, enquanto observava o corpo cheio de bolinhas pretas da fadinha.

— Ah, era sim, eu estava passeando com a Pollen. — Ela disse corando levemente de vergonha. — Desculpe ter fugido, nós duas nos assustamos quando vimos uma desconhecida entrando na floresta.

— Não, tudo bem, eu entendo. — Disse Marinette, balançando as mãos freneticamente. — Enfim, melhor irmos andando. Até mais mestre Fu!

A garota acenou para o ancião, junto com a sua nova companheira Tikki. As duas voltaram para perto da tartaruga e das outras meninas, que ainda esperavam no mesmo local. Todas abriram um grande sorriso quando viram a fée-kwami, se alegrando ao descobrirem com quem Marinette havia ficado.

Com os pedaços de pedra em mãos, as três garotas e suas fée-kwamis partiram para a casa dos Couffaines. Mas não contavam com uma certa bruxa, que havia escutado toda a conversa na surdina, acabar chegando antes delas.

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⏰ Última atualização: Apr 15, 2021 ⏰

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