O Jardineiro das Flores Azuis

Capítulo - II - Uma lição de fé

     Com a chuva no telhado, o jardineiro Mathias adormecia, e em seus sonho, ele teve uma visão. Estava ele em uma ilha paradisíaca,  caminhando pela areia, observando o azul do mar, com uma paz de espírito era algo muito especial, até que um ser de luz foi ao seu encontro,  lhe dizendo para  que não tivesse medo, estava ali pelas boas ações que ele havia realizado.
     O velho Mathias por um momento pensou, que tivesse morrido e estava no céu.

   Mas o ser iluminado, novamente lhe chamou, pedindo para que acorda-se e entrega-se as benção aos necessitados.
     Ao acordar, pegou um pouco de água no pote de barro e pensou em seu sonho tentando decifra-lo.
     Quando chegou o amanhecer, ao se levantar como de costume, fez um chá de erva cidreira,  se preparando para seu dia no Jardim. 
     Ao abrir a porta teve uma surpresa, nascida a sua frente estava três pequenas flores azuis, as mesma que haviam nascido no jardim da igreja.
     Ficou espantado com aquela visão e imaginou que talvez ainda estivesse sonhando, mas não era sonho e sim realidade que seus olhos presenciaram.
     Pegou sua pá de jardinagem e cuidadosamente retirou as flores, as colocando em um vaso para levar para o jardim da igreja.
     No caminho mais uma vez encontrou a menina, que no dia anterior chorava, mas dessa vez ela estava feliz, ao se balançar no balanço abaixo de um pé de goiaba, em frente a sua casa.
     Mathias então lhe perguntou, por que estava feliz, e ela vindo em  sua direção, lhe abraçou contando que o irmão milagrosamente tinha se recuperado, e que ao amanhecer havia em cima de sua cama uma delicada flor azul.
     A mesma que carregava em seu vaso que agora tinha apenas duas, não mais três!
   Mathias, sentiu alegria pela menina, e surpreso pelo fato ocorrido.
     Suspirou um ar tão puro naquele momento, uma sensação invadiu o seu ser, e  com os olhos em lágrimas, deu a benção a menina e seguiu seu caminho em direção ao jardim.
     Logo a frente encontrou um homem, trabalhando em um terreno, limpando a terra, Mathias o reconheceu, era o mendigo, e que estava feliz, e então ele perguntou o que havia lhe  acontecido para estar feliz.
      O mesmo ficou agradecido ao ver o velho Mathias, dizendo que depois que recebeu o pedaço de pão no dia anterior, quando comeu, se sentiu feliz, suas angústias haviam passado, as coisas ruins e pensamentos negativos se afastaram, adormecendo no banco da praça, onde dormia todas as noites, ao seu lado ao amanhecer estava uma pequenina flor azul com um suave perfume.
     Admirado pela flor,  saiu pelo vilarejo até que ouviu um senhor que lhe chamou para lhe oferecer frutas de seu quintal, e após conversar com esse senhor por um tempo, o mesmo lhe ofereceu um local para morar, um pequeno sitio para cuidar, e assim ele foi limpar o sítio, que tinha muitas frutas, um riacho e um casebre que precisava de reforma, o homem estava feliz, teria água para lhe matar a sede, uma moradia e as frutas para se alimentar, poderia plantar seu alimento, e a casa poderia ser concertada.
     O jardineiro Mathias, emocionado com a história seguiu seu caminho, e ao olhar o vaso apenas uma flor restava.
     Se perguntando, o que era aquilo Seria Deus lhe dizendo algo, até que sentiu uma brisa vindo em sua direção, uma paz, uma alegria intensa lhe contagiou novamente.
     E continuou o seu caminho, depois de um tempo encontrou a velha senhora que novamente caminhava pela estrada, não havia pranto em seu olhar, mas uma paz.
    Ao perguntar como ela estava, em vista da perda do marido no dia anterior.
     Ela então, disse que viveu dias felizes ao lado de seu companheiro, e que a vida é sempre carregada por surpresas, e  Deus havia lhe abençoado, poís ao amanhecer em sua cama, estava uma pequena e delicada flor azul que tinha um perfume tão suave, a senhora acreditava que tinha sido seu falecido companheiro que tinha lhe deixado aquele presente de despedida, sendo que essa flor azul, tinha muito significado para o casal, que foi um presente em inicio de namoro.
     Com a flor em suas mãos a senhora caminhava lentamente em direção a igreja, em prece e agradecimento.
    O jardineiro Mathias  lhe deu um abraço e seguiu o seu caminho.
    Ao olhar o vaso estava vazio, e enfim pode entender a mensagem do ser iluminado em seu sonho, era um anjo, não havia dúvida.
     Feliz acabou por chegar ao jardim, e teve uma das maiores surpresas da sua vida...
     O jardim estava completamente tomado por pequeninas e perfumadas flores azuis.
     Os moradores estavam surpresos, espantados com o fato ocorrido.
     Ele nunca tinha visto aquela multidão rodeando o jardim.
     Ele então entrou e cuidadosamente junto aos moradores apreciou a beleza das pequeninas e perfumadas flores azuis.
   Ao colher as pequenas e perfumadas flores, elas foram entregues aos moradores para enfeitar suas casas.
   Passados os dias os testemunhos foram compartilhados na igreja da vila. Do menino que tinha se curado, do mendigo com a rosa no banco da praça, e da senhora enlutada, com um último presente de seu amado companheiro.
   Os milagres assim chamados começavam a aparecer, e diziam que era pela fé do velho jardineiro Mathias, por  ter um bom coração, por ser temente a Deus, e mesmo não tendo uma familia, chamava a todos que lhe visitassem de irmãos.
   Até o padre da paróquia ao ver as flores ficou impressionado, e acreditava que havia algo divino naquela ação que se apresentava no jardim da igreja.
     Sendo que as flores colhidas em um dia, no outro nasciam mais, ainda mais belas e perfumadas.
     O jardineiro Mathias ficou conhecido no vilarejo Santa Isabel, com o nome de Mathias, o abençoado  jardineiro das flores azuis.
   Muitos peregrinos vinham de longe conhecer o jardim.
   Até que se passaram 20 anos, e ele fez a grande viagem para a eternidade.
     E na sua velha casa, acabou se transformando em um novo jardim carregado de pequeninas flores azuis, que se tiver fé, podem transformar lágrimas em sorriso.
   E o jardim da igreja não florescia mais com tanta intensidade como antigamente, mas apenas uma vez ao ano, no primeiro dia de primavera no aniversário de Mathias.
   Em sua memória, foi erguida uma estátua que ficava no meio do Jardim, para sempre ser lembrado, com uma inscrição que dizia " De coração puro e alma eterna, foi Mathias, o Jardineiro das flores azuis..."

Pela graça de Deus, a fé transforma a vida...

                R.Marcs