CAPÍTULO 2

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GARRETT

Depois do grupo de estudos, entro na sala de estar e encontro
meus colegas de república caindo de bêbados. A mesinha de centro
está lotada de latas de cerveja, além de uma garrafa de Jack Daniel’s
quase vazia que com certeza é do Logan, porque ele é do tipo que
acha que “cerveja é para os fracos”.
Palavras dele, não minhas.

Logan e Tucker estão jogando uma partida disputada de Ice Pro,
os olhos fixos na tela plana enquanto apertam furiosamente os
controles. Ao notar minha presença na porta, Logan se volta por
um instante na minha direção, e essa distração por uma fração de
segundo lhe cobra o preço.

“Mandou bem, garoto!”, comemora Tuck, à medida que seu
jogador de defesa acerta um passe contra o goleiro de Logan,
fazendo o placar acender.

“Ah, que merda!” Logan pausa o jogo e me lança um olhar
furioso. “Porra, G.! Acabei de levar um drible por sua causa.”

Não respondo, porque eu estou distraído — pelo amasso
seminu acontecendo no canto da sala. Dean se deu bem de novo.

Descalço e sem camisa, está esparramado na poltrona com uma
loura só de sutiã preto de renda e shortinho, montada em cima
dele e se esfregando contra sua virilha.
Seus olhos azul-escuros me fitam por cima do ombro da
menina, e Dean sorri em minha direção.

“Graham! Onde você
estava, cara?”, pergunta, com a voz arrastada.

E, antes que eu possa responder ao seu questionamentoembriagado, volta a beijar a loura.

Por alguma razão, Dean gosta de dar amassos em todos os
lugares, menos no próprio quarto. É sério. É só dar as costas, e ele
está se atracando com alguém. No balcão da cozinha, no sofá da
sala, na mesa de jantar — o cara já se deu bem em todos os cantos
da república que nós quatro dividimos.

Ele pega todas e não está
nem aí.

Até aí, eu também não tenho do que reclamar. Não sou
nenhum monge; Logan e Tuck muito menos. O que posso fazer?
Jogadores de hóquei têm um apetite voraz. Quando não estamos no
gelo, em geral estamos com uma gata ou duas. Ou três, se seu nome
for Tucker e estiver na festa de Réveillon do ano passado.

“Faz uma hora que estou te mandando mensagem, cara”, me
avisa Logan.

Ele curva os enormes ombros para a frente e pega a garrafa de
uísque da mesa de centro. Logan é um brutamontes da linha de
defesa, um dos melhores com quem já joguei, e o melhor amigo
que já tive. Seu primeiro nome é John, mas nós o chamamos de
Logan para diferenciá-lo de Tucker, que também se chama John.

Por sorte, Dean é só Dean, então não precisamos chamá-lo pelo
gigantesco sobrenome: Heyward-Di Laurentis.

“Sério, onde você se meteu?”, resmunga Logan.

“Grupo de estudos.” Pego uma Bud Light da mesa e abro a
latinha. “Que história é essa de surpresa?”

Sei o quão bêbado Logan está pela ortografia das suas
mensagens. E, esta noite, ele deve estar muito louco, porque tive
que dar uma de Sherlock para decodificar o que queria dizer. Suprz
era “surpresa”. E cdvcp eu demorei um pouco mais para entender,
mas acho que era “cadê você, porra”. Em se tratando de Logan,
quem pode adivinhar?

De seu canto no sofá, ele abre um sorriso tão grande que me
espanto de sua mandíbula não se romper. Em seguida, aponta para
o teto e diz: “Vai lá em cima dar uma olhada”.

Aperto os olhos. “Por quê? Quem está lá?”

Logan prende o riso. “Se eu contar, não vai ser surpresa.”

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⏰ Última atualização: Apr 16, 2021 ⏰

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