O pior dos julgamentos

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Nota da autora: Outro capítulo com prováveis gatilhos, dessa vez sobre auto imagem. Então se você não está em um dia bom, ou não se sente bem com esses assuntos evite, sua saúde em primeiro lugar. Para quem vai continuar, cuidado ao ler. E Love Yourself 💜


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Depois de uma refeição muito reforçada por insistência dos guardiões — visto que Yoongi descobriu que apesar de ter passado três dias ouvindo gritos de sombras ele não tinha muito apetite —, Jungkook os guiou até os limites do segundo ciclo e abriu o portal que os levaria rumo ao próximo desafio de Yoongi. Kook bagunçou os cabelos de Jimin e sorriu para ele com os dentes à mostra, abraçando-o forte em seguida. O Min também recebeu como despedida um abraço, esse um pouco mais hesitante, mas ainda assim caloroso, e o guardião prometeu que iria ao templo do guardião Mor para ver a vitória de Yoongi, um meio de dizer nas entrelinhas que acreditava que o humano venceria, e isso o deixou um pouco mais confiante.

Atravessar o portal foi novamente como passar por uma cascata de água fria. Jimin segurou as mãos do Min para que não se separassem, e eles aterrissaram em um chão coberto por água negra, ela tremulava e ondulava a cada passo dos dois e refletia suas figuras como um enorme espelho. O espaço parecia infinito, escuro com um teto que se assemelhava ao céu, coberto de estrelas, mas logo Yoongi percebeu que aquelas não eram estrelas, eram as almas que se desprendiam da cascata que atravessava o sumidouro dessa camada do inferno. Elas subiam alto como se buscassem o céu acima, presas dentro de algum castigo que o universo lhes relegou até que evoluíssem para a transcendência.

Jimin apertou a mão de Yoongi para chamar sua atenção e ele afastou seus olhos das falsas estrelas para olhar para o guardião, que apenas lhe sorriu pequeno e seguiu o guiando pelo chão espelhado.

— O domínio de Namjoon hyung às vezes parece assustador até pra mim. Para cá vem as almas que precisam de ajuda, aquelas que fizeram mal a si mesmas. — A voz de Jimin parece pesada e ele encara os seus reflexos no chão em vez de olhar para cima.

O Min olha novamente para a abandonada de almas flutuantes e um estremecimento lhe faz se encolher. O guardião ao seu lado acaricia os nós dos seus dedos com o polegar para acalmá-lo.

— Não se preocupe, elas não podem fazer nada contra você, estão muito presas em si mesmas para sequer enxergar o seu entorno. Não são como as dos domínios de Taehyung, não vão se aproximar.

Eles continuam a caminhar, os passos ecoando com um som suave de água chapinhando. A frente deles uma construção surge, um descomunal templo tradicional, ornado com estátuas de ouro em representações de majestosas garças e poderosos dragões segurando orbes de jade, sustentado por enormes pilastras de madeira maciça pintadas em vermelho, parado entre elas estava o terceiro guardião.

Ele parecia bem mais alto que Jungkook ou Taehyung, e em suas mãos carregava um cajado dourado com uma pinha no topo, de alguma forma ele exalava sabedoria antiga e curiosidade juvenil, sua máscara de porcelana branca e dourada era a mais interessante que Yoongi tinha visto até agora. Era como se ouro tivesse escorrido de sua fronte até o alto das maçãs do rosto e lá secado em lágrimas douradas.

A expressão na máscara, porém, era altiva, nada de tristeza gravada em sua superfície.

— Namjoonie hyung — Jimin chamou. O guardião fez um gesto com a mão e sua impressionante máscara sumiu. Abaixo dela, um homem de cabelos grisalhos e um sorriso doce de covinhas saudou seu irmão guardião.

— Eu estava à sua espera Minnie. — Os olhos de dragão de Namjoon brilharam com sabedoria, como se ele soubesse a resposta para tudo e qualquer coisa. Yoongi se viu olhando admirado para ele, como se esperasse que a qualquer momento ele pudesse começar a cantar palavras sábias.

Do inferno ao céu | YoonminOnde histórias criam vida. Descubra agora