Capítulo I

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A FUGA

Era manhã quando a vila de Matthan recebeu a notícia de que o Príncipe Caspian havia fugido e desaparecido nas florestas de Nárnia na mesma noite do nascimento do filho do Rei Miraz. Matt acordara subitamente no meio daquela noite, jurando ter ouvido um rugido de um leão ou algo muito próximo disso. E, sem conseguir dormir novamente, resolveu tomar seu café da manhã antes mesmo do sol nascer, afinal, havia um tempo que ele queria fazer alguns desenhos com a luz tão suave do começo da manhã.

Era seu aniversário de dezoito anos, e ele sentia que alguma coisa boa iria acontecer naquele dia tão bonito. Como de costume, preparou o chá que sua mãe gostava de tomar toda manhã, e se despediu de seu pai, que acaba de chegar depois da sua vigília noturna em volta da vila. Ao sair de casa, colheu e deixou algumas flores na porta da toca do Sr. e Sra. Coelho, pois sabia que ela adorava as flores que nasciam muito altas no topo da porta de Matt, mas não conseguia colhê-las sozinha. Segurando sua bolsa com seus materiais contra o corpo, observando enquanto os raios de sol se manifestavam tão graciosamente, Matt seguiu a dentro da floresta, onde costumava ir quando queria pintar sozinho.

Sentou-se no chão, com suas costas contra uma árvore grande que fazia uma sombra boa. Colocou seu caderno feito manualmente e que já estava quase no fim em seu colo, separou algumas tintas, pincéis, e deixou seu pequeno pote com água ao seu lado. Suspirou fundo ao mesmo tempo que fechava os olhos e sentia o calor da luz do sol beijar seu rosto sardento. E começou a pintar.

Pouco tempo depois, porém, ouviu um barulho estranho vindo de dentro da floresta. Como ele sabia que era arriscado ficar sozinho por ali, e como sabia que não aguentaria nem a hipótese de ter que lutar contra alguém, Matt se colocou em alerta, arrepios correndo por seu corpo. "Que seja apenas um animal, que seja apenas um animal..." pensava, praticamente implorando para que fosse apenas isso. Respirou aliviado quando viu um cervo selvagem sair de trás dos arbustos. "Era apenas um animal." sorriu sozinho com seu embaraço.

— Matthan? — Uma voz disse atrás de si, fazendo com que ele pulasse e gritasse de susto, agarrando seu caderno num reflexo. Era apenas Forest, vestido com sua armadura e escondendo alguma coisa atrás de si além de sua espada — M-Me desculpe se te assustei, eu não... — Forest ficou com as bochechas coradas e estava claramente nervoso com alguma coisa. Matt pode relaxar ao perceber que não estava em perigo afinal. — Eu não esperava te encontrar aqui por essa hora.

— Oh eu... Só estava desenhando. — Matt se recompôs, colocou seus materiais no chão e ficou de pé para melhor conversar com Forest. O que não fazia muita diferença, visto que Forest era alto demais, e Matthan precisava inclinar seu pescoço para que pudesse olhar em seus calmos olhos castanhos.

— Tão cedo? — Forest indagou, tentando e, falhando, não demonstrar ansiedade.

— Não consegui dormir — Deu de ombros e sorriu a contra gosto. — Aliás, o que você faz aqui tão cedo ? Que eu saiba seu turno começa em algumas horas. — Forrest pigarreou, pego desprevenido.

— Na verdade... Eu estava indo até a sua casa. — Ele deu um sorriso envergonhado e suas bochechas ficaram ainda mais avermelhadas. Matt arregalou os olhos, mas tentou esconder logo em seguida.

— Ah... — Ele disse. — Meu pai acabou de chegar, receio que ele tenha ido repousar, sabe...

— Eu sei, acabei de cruzar com ele antes de passar por aqui. — Forest o respondeu e ficou em silêncio. Olhos castanhos e quentes olhando diretamente para os olhos claros de Matthan. Desviando ocasionalmente para afastar sua timidez e o constrangimento. Até que continuou, por fim. — Eu queria, te ver.

Matthan, o artista - As Crônicas de NáriniaOnde histórias criam vida. Descubra agora