Um caminho sem volta

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Uma semana. Esse foi o tempo que passei fugindo do Kakashi-sensei, e também do Naruto, que chegou mais cedo da missão, infelizmente hoje não tenho chance de conseguir fugir, Hinata marcou uma consulta, e aquele loiro escandaloso
provavelmente vai estar aqui. E lá vou eu ouvir Sasuke isso, Sasuke aquilo. O Naruto não sabe realmente quando parar.

Eu estive pensando muito sobre meus sentimentos pelo Sasuke, apesar de confuso, meu amor não é mais o mesmo, o quero perto, mais como um amigo que como um casal. Sejamos sinceros, ele nunca me quis, sequer olhou nos meus olhos de forma diferente. Passei a vida inteira correndo atrás dele e pra que? Duas tentativas de assassinato e pra que ele escolhesse seguir sem mim, outra vez.
—Eu superei isso, quer dizer, quase.

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Mais uma longa noite em claro, se continuar nesse ritmo vou acabar maluco ou no hospital. Quando o despertador tocou eu apenas estiquei o braço preguiçosamente e o parei. Olhei pela janela e percebi que seria um dia frio. O inverno já dava seu toque e o tempo estava solitário. Sorrio ao pensar em como estava maluco comparando o inverno com solidão. Mas talvez fosse isso, estar sozinho depois de tanto tempo era normal, mas não menos doloroso.
Resolveu deixar a cama e ir fazer suas higienes matinais. Ao entrar no banheiro percebeu as bolsas escuras na face, olhou com desgosto e foi para o banho. 
Atrasado, é claro que estava atrasado. A caminho da Torre Kage, Kakashi avistou uma cabeleira rosada sentada em um bando na praça. Linda, como sempre. Sakura estava com mais casacos do que poderia contar, e os cabelos em um coque que ele identificou como os que ela fazia quando não estava de bom humor. Nas mãos ela tinha alguns papéis, deduziu ser trabalho, ela sempre estava trabalhando, e na outra um copo exageradamente grande do que imaginou ser café, já que sua cara entregava o plantão da noite passada. Resolveu se aproximar e a reação da garota não o agradou em nada.

—Bom dia, Sakura! Tudo bem? A garota deu um salto e levou uma das mãos ao peito, derrubando o copo no chão. Sakura o olhava incrédula, brava, e sequer sabia realmente o porque. — Hora essa! Bom dia Kakashi-sensei, você me deve um café! Fala sério, precisava me assustar dessa forma? Já não basta tudo que está acontecendo? Olha, eu preciso ir, tenho consultas. Até mais, Rokudaime-sama. Se curvou diante do homem que não teve tempo de responder e se foi, tão rápido quanto o encontro.

Ao adentrar a sala kage, Kakashi visualiza Shikamaru e Naruto, prontos para reclamar sobre seu atraso, mas fecha a cara, se é que é possível fazer isso mais ainda. Shikamaru logo compreende. Algo está errado, ele pensa. —Isso vai ser problemático! O conselheiro fala e se retira da sala, levando consigo o loiro que não entendi nada do que estava acontecendo.

Kakashi vira a cadeira em direção as grandes janelas da sala que dão visão perfeita à vila e também ao monumento Hokage. Ele começa a pensar em como sua vida estava uma bagunça, nunca almejou pelo cargo de Hokage, não servia para isso, era mais fácil quando era um jounin e saía em missões. A vida era mais simples. Lembrou da época de sensei e pensou nos seus alunos, Sasuke estava sabe lá kami onde, Naruto finalmente estava seguindo um caminho para si, e Sakura, ela estava realmente diferente. Ao pensar na garota o homem sorriu por baixo da máscara e sem perceber, pensou nas conversas que costumavam ter, Sakura passou a ser sua confidente e melhor amiga após a guerra, eles se entendiam apenas com um olhar ou um sorriso irônico. Sentiu falta de tê-la perto para sorrir, estavam sempre sorrindo. E a mulher que ele viu hoje cedo em nada lhe lembrava aquela com quem ele virava noites conversando ou tomando saquê. Kakashi estava preocupado, a garota de cabelos rosas não estava bem, e essa era sua arma, fugir e fingir demência. Os dois eram bons nisso.

Ele foi tirado dos devaneios ao escutar batidas na porta, suspirou cansado, precisava dormir, mas antes queria conversar com Sakura, não poderia deixá-la sentir tudo assim, sozinha. A porta foi batida mais uma vez e ele liberou a entrada. Ao levantar a cabeça olhou o homem a sua frente em surpresa, suas roupas estavam surradas, a capa inseparável e ele parecia mais maduro. Uchiha Sasuke estava de volta. Sem entender muito bem o porque, sentiu um aperto no peito, mas deixou de lado para cumprimentar o rapaz que estava aparentemente cansado.

Onde o amor me levou Onde histórias criam vida. Descubra agora