#O2 feeling good

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Sabe aqueles dias de sol em que você acorda com vontade de dançar? Hoje, por incrível que pareça, acordei dessa forma. Depois de tirar um tempo pra mim no dia de ontem, dormi feito uma princesa e, se o sonho me atormentou novamente - o que provavelmente aconteceu - , eu não me lembro.

Com as energias renovadas, me levantei mais cedo que o comum e tive o raríssimo tempo de tomar café. Não tenho lá bons dotes culinários, devo admitir, mas fiz panquequinhas doces e fui beslicando conforme me arrumava. Tendo em vista o clima agradável, vesti uma regata preta curta, jeans largas, e minhas habituais argolas. De quebra, devido ao bom humor, arrisquei até um perfume. Nunca se sabe.

Me olhei no espelho e, modéstia à parte, eu estava... radiante. As olheiras, que costumavam me aborrecer, hoje não deram as caras. Minha pele também havia melhorado muito durante o verão. A minha pinta na bochecha, que já me incomodou, hoje era um charme. Além do mais, era notável certo brilho nos olhos e cabelos castanhos e um rubor sutil nas maçãs.

Satisfeita, abri a janela do quarto, de cara com uma visão que muitas considerariam privilegiada. Na casa ao lado, Rakim ainda trocava os pijamas. Acenei ao garoto.

― Foi rápida hoje  - ironizou. E não lhe tirava a razão, geralmente estaria dormindo a este horário.

― Dia bom, príncipe. Te dou 5 minutos - dei uma piscadela e o mais velho riu.

― Quer ficar sem carona, é? Eu consigo ficar um dia sem companhia, boba - desafiou, mas em tom de redenção. Sorri e fechei a janela, me dirigindo ao andar de baixo.

Em menos de 3 minutos, estávamos dentro do conversível azul. Como o de costume, fomos o caminho inteiro cantarolando Bruno Mars, um trajeto rápido. Nós podíamos ter gostos musicais bem distintos mas, convenhamos... Bruno Mars é um consenso universal e pacificador. Aliás, discutimos muito sobre isso. Desde que me entendo por gente já brincava de pique-esconde com Rakim, cresci com sua companhia e afirmo com facilidade: fora a mesma rua, não temos quase nada em comum. O que não é um empecilho, por sinal. Devo dizer, na verdade, que é o que torna a amizade tão especial.

Quando chegamos, ao som do gracioso Talking to the Moon, Harumi nos esperava nos portões. Assim que o carro estacionou, abriu um largo sorriso e correu em nossa direção, pulando para um abraço.

― Nossa! Tá cheirosa, mô - falou ainda em meus braços. ― Vai me emprestar esse perfume na sexta, né?

― Sexta? - indaguei.

― Não lembra? Te falei por telefone ontem. - disse, se afastando, enquanto deixávamos o carro. Neguei com a cabeça e ela continuou ― Primeira do ano, no Simmons.

― Ahh, tinha esquecido! - a memória me veio em mente assim que o nome foi citado. ― Você vai? - virei a cabeça na direção de Rakim.

― Vou sim. Natasha me disse que ia. - complementou, com um ar de convencimento. Não por menos, Natasha é um doce.

― Aí sim. - dei um soquinho em seu ombro ―  Então é isso. Haru volta com a gente na sexta.

Tentei não transparecer a preocupação. Apesar de termos encerrado o assunto, um pensamento insistentemente martelava na minha cabeça; tive de deixar em off o fato de que estava com um pé atrás. Simmons e eu, bem...

. . .

Quando o sinal soou, cada um foi para um lado. Infelizmente não tínhamos tantas aulas juntos quanto gostaríamos. Fui em direção à sala de física; matéria que não suporto, por sinal. Como o de costume, escolhi sentar na fileira da janela. Gostava de admirar as cores do céu enquanto a aula corria.

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⏰ Última atualização: Mar 28 ⏰

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