Revelations

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"Olhe as estrelas. Veja como elas brilham para você."  -Coldplay.

Louis estava perdido. Não um perdido que ele poderia engolir o orgulho e perguntar pra alguém "Hey, você pode me ajudar a chegar ao meu destino?". Não. Em algum momento, ele havia se perdido em meio a sua existência. Ele sentia algumas tímidas gotas de chuva tocando sua pele delicadamente, ele conseguia sentir o cheiro do buquê de rosas vermelhas que ele tinha em mãos e ele conseguia sentir seu coração doer.

 Afinal, Louis nunca havia sido fã de enterros. Ele sempre foi o tipo de cara que não gostava de pensar no adeus, mas tinha consciência de que um dia todos iríamos morrer, afinal esse era a única coisa que nenhum de nós poderia escapar. Seja você rico, pobre, branco, negro, gay ou hétero...a morte iria chegar.


 Mas mesmo assim, Louis não conseguia deixar de se indignar. Se a morte realmente existisse como nos desenhos animados -uma velha caveira coberta de um grande manto negro e com uma foice na mão- Louis gostaria de bater um papo com ela. Ele gostaria de entender o jeito que ela fazia seu trabalho, porque... com tantas pessoas ruins no mundo, porque ela tinha que levar as que tinham um bom coração? Louis gostaria de impor toda sua indignação e lhe apontar o dedo na cara a acusando, porque se o mundo hoje estava uma catástrofe do jeito que estava, a culpa era inteiramente da senhora Dona Morte que não conseguia ao menos fazer seu trabalho direito.

 Louis gostava de pensar que seria uma Dona Morte muito melhor.

 Com um suspiro, Louis afastou a franja molhada que já grudava em sua testa graças a chuva. Ele estava parado na porta do cemitério local já a algum tempo sem coragem de entrar. Ele via o cabelo já loiro de Niall lá dentro, se escorando na montanha de músculos que era Liam, mas seus pés não conseguiam se mover um milímetro se quer. Era a velha história de não querer acreditar. No fundo, Louis não queria entrar naquele lugar que sempre lhe deu arrepios para encontrar Louise dentro de um caixão. Ele queria se lembrar da menina que jogou UNO com ele e que vivia implicando com Niall por puro amor, com um sorriso no rosto e não pálida e sem vida.

 Não, essa não era a imagem que ele queria carregar pro resto da vida em sua mente.

 Mas ele também tinha em mente que estava ali para apoiar o irlandês. Se para ele estava sendo difícil aceitar a morte prematura da amiga, para Niall deveria estar sendo o fim do mundo.

 Ele tinha que ser forte. Ele tinha que estar ali por Niall que, inclusive, havia visto Tomlinson parado na entrada do cemitério e corria até lá a encontro do garoto.

- Niall, eu...- "Sinto muito". Era o que ele deveria dizer, mas Niall nem ao menos o deu tempo, se jogando em seus braços e soluçando miseravelmente.

- E-Eu não entendo, Louis. - o irlandês sussurrou em meio as lágrimas que, apesar da chuva, Louis conseguia sentir caindo em seus ombros. - Po-Por que ela não contou pra gente?

Contou? Contou o quê?

- Eu não sei do que você está falando, irlandês.

 Niall parou um segundo para respirar fundo e Louis notou como tudo parecia estar sendo extremamente doloroso para o garoto. Apenas puxar o ar para seus pulmões estava sendo uma batalha constante para ele e, Louis adivinhou, se ele não estivesse aguentando o peso do menino loiro assim como Liam estava fazendo anteriormente talvez o irlandês não conseguisse ao menos se manter em pé.

- A Lou e-ela estava com câncer. –sussurrou, tão baixo que se Tomlinson não estivesse com seu ouvido praticamente colado a boca de Niall ele não poderia ter escutado.

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