II. Essa se parece comigo!

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NA MANHÃ SEGUINTE enchi minha xícara de coragem

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NA MANHÃ SEGUINTE enchi minha xícara de coragem. Estava confiante, decidido, finalmente falaria com ela. Todavia, ao vê-la no mesmo lugar de sempre, o pingo de confiança que existia em mim evaporou.

Deus, eu sou uma vergonha!

Respirei fundo soltando uma grande lufada de ar antes de me acomodar num dos poucos assentos vazios. A garota do livro está sentada à minha frente, desta vez não há nenhum livro prendendo sua atenção, no entanto, os fones de ouvidos estão ali e ela parece distante dessa realidade.

De relance consigo vê-la pegar o celular, sorrir de uma maneira encantadora e continuar com seus olhos vidrados no aparelho pelos próximos cinco minutos. Através do reflexo do vidro da janela consigo ver que ela troca mensagens com alguém e automaticamente meu subconsciente me alerta que talvez esse alguém seja o motivo do seu riso bonito.

Pelos próximos quinze minutos, minha atenção está toda direcionada a minha caderneta e no desenho incompleto da garota sem nome. Enquanto observo minuciosamente os detalhes do desenho, lembro de seu sorriso pitoresco. E como se tivessem vida própria meus dedos tremelicam num aviso de que preciso eternizar essa imagem. Preciso desenhá-la.

Deixo a caderneta no banco vazio ao meu lado enquanto tento achar o lápis dentro do grande caos que é essa maldita bolsa carteiro. Sinto que posso entrar em desespero a qualquer minuto se não o encontrar nos próximos dez segundos. A imagem dela ainda está bem viva em minha cabeça; a maneira como seus olhos se tornam pequenas linhas quando sorri, da covinha quase inexistente que surge na bochecha direita, dos seus dentes da frente levemente tortos que são um charme... Por Deus, eu poderia ficar horas assistindo ela sorrir!

De relance, sem levantar o olhar, percebo que alguém vindo na direção do assento vazio ao meu lado. Por puro reflexo, rapidamente estico minha mão para retirar a caderneta dali quando, por acidente, nossas mãos se tocam.

— Perdão! — Expresso rapidamente erguendo minha cabeça.

Meus olhos quase foram para fora quando me deparo agora a garota sem nome parada a poucos centímetros de mim. Há um sorriso divertido em seu rosto, diferente daquele de minutos atrás, quando ela finalmente se senta. Sinto algazarra das malditas borboletas em meu estômago quando os olhos dela se cruzam com os meus, acho que vou ter um treco.

— Uau, você desenha muito bem! — Entoou suavemente, como uma brisa refrescante no verão. — Essa se parece comigo! — Ela sorri empolgada. Meu coração dá cambalhotas, acelerado como se estivesse numa corrida e as malditas borboletas estão mais agitadas do que nunca. Por um momento até esqueço que ela está segurando minha caderneta de desenhos, essa que é cheia de desenhos dela, de todos os ângulos. — São sensacionais!

Suas últimas palavras me tiram do transe, fazem o coração palpitar e meu rosto queimar de vergonha. Não consigo decifrar se ela realmente os achou incríveis, se está zombando ou me achando um verdadeiro louco.

Deus, por quê?! Não acredito que isso está acontecendo!

ESTAÇÃO BELHONOnde histórias criam vida. Descubra agora