Capítulo 47

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Heyoon

Assim que Sabina saiu do estúdio para o chamar, tentei prender o cabelo e disfarçar o suor e exaustão estampados em meu rosto. Eu estava sem fôlego, e já não conseguia saber se o motivo era o ensaio demorado ou o fato de estar prestes a vê-lo, sóbrio, pela manhã, apenas nós dois, como antes, como eu evitava. Seus passos faziam barulho, quase imperceptíveis mas cada vez que se aproximavam meu coração acelerava um pouco mais. Eu me sentia a sua mercê, desprevenida, com poucas e quaisquer roupas, descalça, descabelada e o pior, uma bagunça emocional. Finalmente, avisto seu corpo parar à porta, ele aparentava descansado, limpo, transmitia certa calma com suas roupas bem passadas e claras, totalmente o oposto de como eu me sentia.

— Entre. — falo, percebendo que ele esperava ser notado.

— O que faz no estúdio à essa hora? — ele pergunta de forma tímida.

Levo algum tempo para responder, mesmo tendo a resposta pronta em minha cabeça.

"Apenas matando tempo" ou "estou ensaiando alguns passos novos para as apresentações futuras", eu poderia dizer isso, mas não conseguia mentir, não para ele, não naquele momento. Então optei por lidar com qualquer consequência que isso gerasse.

— Estou ensaiando. — digo em um tom mais baixo.

— Ensaiando? — ele parece confuso. — Você dormiu?

Desvio o olhar, umedecendo meus lábios. Eu não queria responder.

— Heyoon, nós estamos ótimos com a coreografia, sei que o campeonato está perto mas não precisa gastar sua energia com isso. — ele soa preocupado.

Eu rio de forma desanimada, talvez pela ironia de toda a situação.

— Não estou ensaiando para o campeonato.

Eu soava mais fria do que normalmente poderia ser, talvez até ríspida, e me sentia mal por isso. Sua expressão era confusa e chateada, eu não conseguiria me manter dessa forma por muito tempo.

— Eu vou me apresentar na festa que antecede o Mundial. — falei, transparecendo culpa em meu tom de voz. — Considerando tudo que aconteceu, não achei que deveríamos conversar sobre isso, mas entendo se estiver irritado.

Minha cabeça estava um pouco tombada, eu encarava todos os detalhes do piso apenas para evitar sentir qualquer coisa ao olhar para ele. Mesmo assim, mesmo o evitando, sendo inconsequente, inconstante e estar passando todos os sinais negativos possíveis, consigo o sentir se aproximando. Eu via meu peito se expandindo e retornando ao normal, principalmente pela roupa consideravelmente reveladora. Minha respiração ficava cada vez mais pesada e ele sabia, ele notava o que fazia comigo, talvez até gostasse. Eu não fazia ideia de como ele estava se sentindo, ou que expressão seu rosto estampava, mas foi impossível não o encarar após o choque das nossas peles se tocando depois do que pareceu ser uma eternidade. Ele acariciava meu braço amigavelmente, ou era o que ele fazia parecer, mas seus olhos nunca negaram, uma vez que eu aprendi a decifra-los.

— Fico feliz que decidiu seguir com a apresentação. — ele sussurra, com sua testa quase colada na minha. — Estou orgulhoso de você.

Meus batimentos estavam mais rápidos do que conseguia acompanhar, eu estava perdendo os sentidos. Era uma sensação de êxtase ter seu toque, quase que de forma impura, como uma droga, que ao entrar em contato com meu sistema, fazia qualquer dor, física ou emocional, desaparecer.

Ele sempre soube do controle que tinha, e sempre conseguiu tirar proveito disso muito bem.

— Qual música irá dançar? — ele pergunta, ainda sussurrando, de forma quase provocante.

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