0 - A FLORESTA VERDE

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|2018|

|Max|

Uma menina de cabelo preto seguia o seu avô por entre as árvores mais densas da floresta. Apenas a luz verde esmeralda, que irradiava da ponta do bastão do homem, afastava a escuridão. À volta deles, por baixo das copas das árvores que bloqueavam as estrelas e a lua no céu, ouviam-se grilos a cantar esplendorosamente na esperança de atrair uma parceira antes do verão terminar. Uma série de coelhos saltitava atrás da menina e à sua frente, entre ela e o avô, seguiam um urso e uma raposa. Todos eles desciam a colina como um pequeno comboio já a quilómetros da cabana onde ela e o avô viviam.

Max adorava passar tempo com o avô, ele contava-lhe sempre montes de histórias e aventuras que vivera quando era mais novo, algumas tão mirabolantes que ela não acreditava nelas, mas, ainda assim, gostava de imaginar que também lá estivera como uma pequena super-ajudante.

A dada altura, sacudiu as suas pequenas orelhas e parou onde estava, ouviu finalmente água a correr, parecia ser o rio.

- Avô! - Exclamou ela enquanto se concentrava para ouvir melhor. - A Norte! Água!

- A esta esta distância, huh? - Murmurou o homem esboçando um sorriso, por baixo do seu capuz verde, enquanto parava alguns metros à frente da neta. - Sendo assim, encontramo-nos na margem quando despistares os teus amigos.

Assim que ele terminou a frase, Max viu-o desaparecer como gostava de fazer muitas vezes enquanto vagueavam pela floresta. Logo de seguida todos os animais que os acompanhavam correram para o meio das árvores

- Outra vez? - Reclamou ela com as mãos nas ancas.

Max fechou os olhos e concentrou-se, para além do som da água e dos grilos, ouvia agora os dentes do urso atrás dela, assim como o respirar de um lobo que se aproximava de Este. Quando sentiu o urso a menos de meio metro, saltou para o tronco de uma árvore próxima e começou a subir a uma velocidade incrível. A meio do tronco, parou e deitou a língua de fora ao enorme e castanho animal.

- Nem penses, ursus arctos arctos!

Depois de subir a árvore por mais alguns metros, chegou finalmente ao topo deparando-se com a sua paisagem favorita cheia de estrelas e de folhagem verde. Ainda o sorriso não se tinha acabado de formar na sua cara quando algo lhe tocou no ombro esquerdo, assim que se virou assustou-se e desequilibrou-se para trás.

- Ateles fusciceps! - Gritou ela enquanto caía da árvore desamparada ao mesmo tempo que via o macaco coçar a cabeça.

Prestes a cair no chão, sacudiu a cabeça e esticou o braço para alcançar uma liana vinda de uma das árvores, balançando-se de seguida para uma árvore mais baixa que as outras. Estava satisfeita com aquela recuperação, mas quando olhou para baixo já o urso se empinava àquele tronco e rosnava com os seus grandes olhos vermelhos. Desapontada, começou a saltar de árvore em árvore rapidamente até que começou a ouvir uma literal macacada atrás de si. Quando olhou para trás, dezenas de macacos tentavam alcançá-la a todo o custo. Alguns deles usavam-se mesmo uns aos outros como plataforma, para ganhar mais alguns centímetros na perseguição cerrada.

- Nas árvores, vou estar sempre em desvantagem, - murmurou - vou para a clareira.

Depois de saltar para o chão, correu em frente saltando descalça por cima de rochas e também algumas plantas para não as destruir. Uma centena de metros à frente entrou por fim na gigante clareira que ela tão bem conhecia. Os macacos haviam ficado para trás, assim como o urso. Porém, o lobo havia-a alcançado finalmente.

- Canis lupus! - Apontou ela para o animal de forma acusatória.

Começando a andar em círculos, preparou-se para a luta inevitável. O lobo, agora a menos de cinco metros, rosnava com os dentes cerrados, preparado para atacar a qualquer momento. À sua esquerda, Max voltou a ouvir o urso, desta vez havia-o detetado pelas suas pesadas passadas enquanto corria na direção dela e do lobo cinzento. Do seu lado direito voltou a ouvir os macacos e de trás começou a ouvir os veados da floresta a correr, estava encurralada. Fechou os olhos e suspirou aborrecida por se deixar apanhar naquela posição, sentia agora todos os animais a rodearem-na como uma presa. Por fim, voltou a abrir os olhos com uma expressão decidida ao mesmo tempo que assumia uma posição de combate.

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⏰ Última atualização: Feb 21 ⏰

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