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— Está certo. - Direcionei minha atenção a Lauren. - Permaneça aqui, está bem? Não ouse sair e correr risco sem estar completamente recuperada. Se esconda entre as cobertas e me espere retornar. - Jason me entregou uma espingarda, logo o empunhei a grande arma verificando se minhas duas pistolas estavam no coldre preso a coxa.

Pude ver o medo transbordar nas profundezas daquela íris verdes-esmeraldas quando concordou com meu pedido. Por instinto e sem pensar em como o ato repercutiria, depositei um beijo em sua testa, saindo da tenda em seguida.

O cheiro de morte já pairava no ar. Olhei para o lado direito e vi Mike cravando o facão no crânio de um andante, contudo muitos se arrastavam pelo lugar em busca de carne. Empunhei a arma e mirei no primeiro avistei.

Tiro, seguido da queda.

— Como isso aconteceu J.? – Gritei tentando sobrepor minha voz aos barulhos de tiro.

— Apareceram, ainda não sabemos como, talvez tenham sido atraídos pela fumaça das roupas quando queimamos ou pelo rastro de sangue que pingou da sua protegida ali. - Ele indicou com a cabeça para a tenda onde me encontrava minutos antes. Todas as tendas estavam sendo protegidas pelos moradores dali.

— Não fale como se ela já fosse um problema, J. Não se esqueça de que também precisou ser salvo para estar aqui, vivo.

Caminhei por entre o grupo de cerca de vinte andantes, grande parte já estavam ao chão definitivamente, mortos.

— Ai! Que merda! – Ouvi o esbravejo e fui em direção a Wes que possuía problemas com um andante. O mesmo encontrava-se por cima de seu corpo e tentava a todo o custo cravar os dentes no pescoço do meu amigo.

Tiro, seguido da queda.

— Obrigado, Mila.

— Me agradeça quando acabarmos com todas essas pragas. – Dei-lhe uma de minhas pistolas e o mesmo caminhou até a tenda de mantimentos e armamentos, de modo a protegê-la com a ajuda de Max.

A consciência de passagem de tempo nos fora tirada há bons meses, mas ao olhar para o céu, era notório que estávamos em meio a madrugada. Assim como era perceptível que meus braços jamais iriam se cansar de segurar uma arma, tampouco meus dedos de apertar o gatilho.

Silêncio.

Minha audição detectou grunhidos e gemidos, movi minha cabeça para todos os lados até encontrar um último apodrecido se arrastando até a tenda de Lauren. Corri o mais rápido que pude para o alcançar e derrubá-lo antes que fosse tarde demais. Optando por usar minha tradicional pistola, mirei friamente.

— Adeus. – Desferi o tiro vendo o corpo cair ao chão, exalando o odor da morte e deixando que resquícios de alguma viscosidade preta saísse de si. – Estão todos bem?! — Pude ouvir as afirmações seguidas uma das outras. Paz... Por hora. - Lauren? Pode sair, já acabou. Por enquanto.

Vi seu ingênuo rosto saindo das cobertas, pálido. Ela olhou-me com uma expressão que poderia ser de alívio ao estar tudo bem.

— Eram quantos?

— Cerca de uns vinte. Mas já cuidamos deles, não se preocupe. – Tirei lentamente o casaco e, posteriormente, o coldre de minha coxa. Peguei uma garrafa de água e entornei todo o líquido sem demora.

Sentei-me a seu lado, despindo-me do resto das armas. Sua expressão era de desconforto.

— O que está doendo?

— Desculpe? – Indagou desentendida.

— Sua expressão não é das melhores... O que está doendo? Posso lhe dar um pouco a mais de remédio, se preferir e...

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