Único

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Sunwoo saía mais um dia da movimentada boate que frequentava, nesse dia não havia se interessado por uma garota sequer. Não como se fosse uma novidade.

Ele também poderia se interessar pelos caras, apesar de só ele ter total conhecimento sobre isso, mas a não ser que quisesse uma briga não tentaria nada.

- Argh, cuzões metidos a heteros. - Praticamente se descreveu, sequer falava de si.

Achava tremenda infantilidade brigar ao invés de dar um fora, ouví-lo já era suficientemente vergonhoso, tudo isso só por não se tratar de um local cujo nome tem gay ou LGBT+ no final.

Bufou se ajeitando no encosto de couro do WRX. Para ele, aquele preto todo não era nada discreto, era pura ostentação. Aquele era o maldito carro que arrancava palavrões até das pessoas mais boca-limpa que ele já tinha conhecido.

Ele pediu à assistente para que colocasse o cara com quem ele dividia as despesas do outro lado da linha, logo Loirinho aparecia na tela do aparelho de som.

- De novo Sunwoo? Vá se ferrar! - Chanhee reclamou assim que atendeu, fazendo Kim abrir um sorriso enquanto arrancava anunciando sua saída pelo canto dos pneus.

Só pelo horário o mais velho já havia identificado que se tratava do esquema fajuto que os dois mantinham.

- Pois é, venha o mais rápido possível. Meu carro quebrou na estrada do mirante e estou muito bem acompanhado, não posso perder tempo. - Respondeu fazendo-o pensar que se tratava de um dia comum.

- No mirante? Sem noção do caralho! - Repreendeu desligando antes que o moreno pudesse falar mais qualquer coisa.

Chanhee provavelmente acreditava que os turistas passariam por lá naquele horário, improvável. Em vez disso, Sunwoo provavelmente chegaria mais cedo e esperaria pelo mais velho.

O plano dos dois era o seguinte: Sunwoo saía com alguém e andava de carro até ele fingir que o mesmo havia parado de funcionar. Então ele ligava para o suposto mecânico, mais conhecido como Chanhee, depois ele e a garota faziam o que tinham que fazer dentro do carro enquanto Choi os esperava começar para onde quer que estivesse.

Isso poupava o dinheiro do motel além do mais velho não ter que limpar a bagunça de porra em que seu apartamento se transformaria quase toda sexta a noite.

O problema era que estavam enfrentando um sábado e o garoto estava solicitando a ajuda de Chanhee desde quarta-feira. Era a primeira vez que o fazia tantas vezes seguidas, mas o loiro jurava a si mesmo que era a última na qual ele apareceria.

Dependendo da companhia, Choi pretendia não só desmascarar o mão de vaca, mas acabar com essa máscara toda de fodão que ele mantinha.

O ódio acumulado dirigia pelo platinado, que fazia o Hyundai implorar por gasolina com o pé afundado no pedal do acelerador.

Quando finalmente estacionou, viu o carro bonito com Sunwoo encostado na lataria. Ele estacionou logo atrás empurrando a porta de seu carro com toda a força que tinha depois de sair.

A pouca luz quase não permitiu que Kim visse quão infeliz estava seu amigo e isso instintivamente fez ele engolir em seco. Ele tirou o celular de perto da orelha e observou chegar.

Apesar de ser uma brincadeira, dessa vez, ele estava abusando da pouca paciência de Chanhee e sabia disso.

- Você vai entrar e mandar ela pra casa, se não eu vou. E você não quer que eu avise. - Choi se aproximou, até demais, da orelha de Sunwoo e rosnou as palavras em um tom baixo irritadiço, o prelúdio de uma exaltação.

- Ela quem, hyung? - Ele perguntou levemente risonho, transformava o receio inicial em audácia, já que forçava uma inocência tão incoerente quanto sua ideia idiota.

Mecânico Particular 24 HorasOnde histórias criam vida. Descubra agora