Divagações de um homem que não é amado

Único

- Eu contei às estrelas sobre você. – Disse Harry, sob a banalidade do céu escuro.

- Você fez, meu amor? – Questionou Tom, sem realmente parecer interessado, o estado entorpecido já comum o suficiente para que seu amante não se ressentisse.

- Sim.

- E elas te disseram algo de volta? – Disse, no mesmo ar distraído de antes.

Os fios negros estavam espalhados pelo colo do homem, dedos longos e finos traçando levemente as mechas, nenhum carinho no ato. Harry não respondeu.

Ele sabia que não havia amor. Ele não tinha raiva de Tom por isso. Ainda sim, o peito do menino de olhos verdes era rasgado toda vez que um toque sem calor vinha em sua direção. Doía, mas era a única coisa que o certificava que estava vivo.

Ele daria sua vida por Tom, mesmo com todos os beijos correspondidos sem paixão, cada olhar sem sentimento e todas as conversas vazias. Era tudo que ele tinha afinal.

Ele contou às estrelas sobre Tom. Ele contou à lua. A todo o universo. Teria Tom feito o mesmo por ele?

No fundo de sua alma, ele sabia que não.

Mas o que ele, um homem que apenas amava poderia fazer, senão aproveitar o tempo ao lado daquele ao qual estava preso? Não era para sempre, não era verdadeiro e não era o suficiente. Mas ainda sim, era tudo que Harry conseguiria. Essa conexão distante, que estava tão perto mas tão longe, tinha suas garras segurando a garganta e o coração do garoto, e Harry tinha medo de que morreria se tentasse se mover um centímetro.

Talvez ele fosse egoísta por se agarrar a Tom desse jeito desesperado.

Naquela noite, em meio a altos pinheiros, ele se sentia diminuto, refletindo sobre sua possessividade estúpida de algo que não era seu.

Então, mais uma vez, ele se consolou dizendo a si mesmo que estava tudo bem. Que Tom o amava, só não tinha jeito para demonstrar. Harry sabia que não era real, mas eles ainda estavam juntos, não estavam? Do que doía mentir. Ele poderia fingir mais um pouquinho.

Harry Potter era patético, mas as estrelas não precisavam saber disso.