A alma lhe foi arrancadas das mãos. Aquela que lhe pertencia, que lhe fora prometida, a única que lhe trazia paz. Ele gritou em desespero ao ver a luz se apagar daqueles olhos e a raiva acumulada por séculos rasgou sua garganta.
Estúpido.
Burro.
Ingênuo.
Sua casa lhe fora extirpada. Sua família extinguida. Mais uma vez as mãos que lhe destruíram a vida brincavam com sua sanidade exterminavam tudo o que ele um dia amou. Ele achou que poderia ser feliz... que a dívida estava paga. A dívida que não era dele, mas que fora liquidada com seu sangue, de novo e de novo e de novo...
A dor tomava seu peito da mesma forma que o frio daquela mão tomava seu corpo. Ele nunca seria feliz. Ele nunca voltaria para casa. Talvez o universo pudesse quebrar as próprias regras, mas jamais o faria por ele. A marca que queimava em seu peito o dizia imundo, imerecível de misericórdia. Maldito.
O ar escapava de seus pulmões, sem volta, e seus olhos estavam vidrados no teto. As mãos viriam para ele mais uma vez. Elas sempre extinguiam sua vida e o entregavam a uma ainda mais deplorável. "Se eu puder esquecer... apenas uma vez..." ele pensou, enquanto seus olhos se fechavam para nunca mais abrirem.
Naquele corpo, pelo menos.
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Jack - Português
HorrorVocê já sentiu um arrepio na espinha? Aquela sensação de desconforto, saber que você não pertence? As janelas batem, mas não há vento. Sussurros perturbam seu sono, mas não há ninguém. A noite está escura e o céu está vermelho como sangue. Cuidado...