Piano

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Pidge terminou sua última aula e foi até o jardim da faculdade esperar por seu melhor amigo, Hunk. Por sorte, mesmo com cursos diferentes, o horário dos dois combinavam e quase sempre conseguiam voltar juntos para casa.

Os dois frequentavam a faculdade no horário da noite, o turno menos movimentado. Já eram onze horas quando Katie foi liberada com seus colegas. Deixou sua mochila surrada no chão e permitiu-se deitar num banco próximo. Cansada de tanto estudar, queria uma boa noite de sono antes de ir trabalhar. Pegou seu celular para verificar as redes sociais e acabou se distraindo com fotos aleatórias, mal percebendo quando o moreno se aproximou e bagunçou seus fios castanhos.

— Vamos? — Sorriu vitorioso com o fim das aulas, Hunk também estava cansado.

— Por favor. — Katie levantou num pulo e jogou a mochila em suas costas. — Estou com sono e com fome. Bem que você podia fazer algo gostoso. — Olhou-o com esperanças e em troca recebeu apenas uma careta. — Qual é? Você faz faculdade de gastronomia, é quase a sua obrigação cozinhar para nós!

— Bom, você faz engenharia mecânica, vai me construir um robô? — Perguntou divertido e riu alto quando a amiga lhe mostrou a língua.

Chegaram no estacionamento que já estava quase vazio e entraram na antiga caminhonete amarela. Apesar de velha, era muito querida por Hunk e ele se recusava a até mesmo pensar em comprar outro automóvel. O motorista girou a chave e se endireitou até a rua.

— E aí? Como foi na casa assombrada? — Perguntou curioso. Quando Pidge chegou no apartamento após sua primeira experiência, precisou se arrumar logo para as aulas, por isso não teve tanto tempo para contar com detalhes a história à Hunk.

— Eu já disse, não é assombrada. — Sorriu. — É só uma casa antiga e bem gótica. Foi legal, tudo lá é muito chique e Krolia me tratou super bem. Só o filho dela que é um porre.

— Qual o nome dele mesmo?

— Keith Kogane.

— Ah sim! É isso. Quando eu era menor, todos meus amigos tinham medo dele, principalmente eu. Só o vi uma vez na vida, parece que o menino não sai de casa!

— Ele é meio emo, sei lá. Bati nele com uma frigideira. — Agora, sabendo que não foi um acidente grave, a garota não conseguia deixar de rir com a situação.

Hunk a olhou surpreso e pediu uma explicação plausível para tal coisa. Eles conversaram, riram e ela explicou tudo sobre a casa e os dois moradores. Deixou claro como Krolia era uma mulher gentil, diferente da opinião de Hunk, que acreditava que a mulher era uma bruxa má.

— Talvez ela seja mesmo uma pessoa do bem. — Pidge riu com a expressão. — Mas o marido dela andava por aí com uma cara séria, como se estivesse com raiva do mundo.

Pidge se lembrou da foto em família que viu na estante, onde Keith e Krolia estavam ao lado de um homem desconhecido para ela. Provavelmente era dele que Hunk estava falando.

— O que aconteceu com ele?

— Eu nem sei o nome do cara, só lembro que trabalhava na prefeitura e diariamente saia de casa com uma cara malvada. Ele faleceu já faz uns quatro anos, mas até hoje não sei bem o que aconteceu. Ele foi encontrado morto naquele morro perto da casa, no horário da tarde, como se estivesse voltando do trabalho.

Hunk continuou olhando para frente, prestando atenção na rua enquanto dirigia e conversava com a amiga. Pidge permaneceu em silêncio, absorvendo a informação pesada.

Quando pequena, ela perdeu a mãe num acidente de carro. Tinha poucas lembranças do momento, pois ainda era jovem, mas conseguia se lembrar do imenso vazio que sentiu. Se colocou no lugar de Keith e entendeu sua dor.

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⏰ Última atualização: May 27, 2021 ⏰

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