13 de março de 2019
Um adolescente e um homem encapuzados atacaram a Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, São Paulo, na manhã desta quarta-feira e mataram sete pessoas, sendo cinco alunos e duas funcionárias do colégio. Em seguida, um dos assassinos atirou no comparsa e, então, se suicidou. Pouco antes do massacre, a dupla havia matado o proprietário de uma loja da região.
A primeira coisa que fico sabendo ao entrar em casa é que ocorreu um massacre em uma escola de Suzano. Fiquei meio surpreso porque aconteceu bem do nada, não, na verdade para quem planejou tudo isso não foi do nada, provavelmente tiveram motivos para planejar isso.
Nem dou muita atenção para isso e vou para o meu quarto, me jogo na cama e respiro fundo, o dia foi cansativo como sempre. Me pergunto quando aqueles moleques dos infernos vão se cansar de estragar todos os dias da minha vida, eles sempre me fizeram acabar tendo pensamentos que eu não queria ter. Hoje eles só me chamaram de estranho e tacaram bolinha de papel em mim, nada muito fora do comum.
Sinceramente me sinto um inútil, que não tem coragem de fazer absoluta nada, isso não é de algumas semanas atrás, é de anos. Sou um inútil que só desconta em si mesmo tudo o que acontece.
14 de março de 2019
Estou na escola agora e só o que se fala é sobre o massacre, a professora ainda não chegou, então está todo mundo espalhado na sala. Tento ignorar toda essa faladeira, e me concentro na música que estou ouvindo, apoio meus braços na mesa e deito minha cabeça neles.
— Tá dormindo, Jonathan? — Me assusto com a chegada de Bernardo.
Bernardo talvez seja a única pessoa que eu posso considerar como um amigo. Ele é branco, de olhos castanho claro, tem o cabelo meio bagunçado e ruivo. Ele é praticamente o único que me chama pelo nome.
— Não, só tô tentando ignorar todo esse papo de massacre. Todo mundo só fala disso, já tô me cansando. — Respondi, levantando a cabeça.
— Ah, mano, nem tem como não falar — Ele se sentou do meu lado. — Tipo, os caras mataram umas 7 pessoas de uma escola, acho impossível de não se falar disso em uma escola. Enfim, os caras que fizeram isso são uns doente.
— É, eles são mesmo.
Provavelmente esses caras fizeram isso por bullying, que nem os de Columbine. Não acho que eles foram um justiceiros, mas talvez agora as pessoas percebam o que outras pessoas são capazes de fazer para "se vingar", e talvez parem de ficar perturbando os outros.
— Ae, galera! — Vinícius, um dos moleques que me atormenta, sobe em cima de uma pessoa e chama atenção de todo mundo. — Quem vocês acham que é mais provável de cometer um massacre aqui na escola?
— O cacique! — João, outro menino que me perturba, responde.
É, eu estava completamente errado. A perturbação vai continuar.
A sala inteira começa a olhar para mim e a dar risada. Bernardo olha para mim e continua em silêncio, ele sabia que não adiantaria falar alguma coisa, mas pelo menos ele não deu risada.
— Suzano! Suzano! Suzano! — Todos começaram a dizer, parecia que a cada vez que repetiam "Suzano" eles falavam cada vez mais alto.
Aumentei a música que eu estava ouvindo no máximo, abaixei a cabeça e me segurei para não chorar. Foi a pior humilhação que sofri. Eles continuavam falando, mordo meu lábio inferior com força para tentar fazer a vontade de chorar passar.
A professora apareceu na porta, mas mesmo assim não paravam de falar. Olhei para ela e ela continuava parada na porta, olhando e ouvindo tudo aquilo que estava acontecendo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Azang - O Massacre de Santa Margarida [EM BREVE]
Teen Fiction"Um adolescente e um homem encapuzados atacaram a Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, São Paulo, na manhã desta quarta-feira e mataram sete pessoas, sendo cinco alunos e duas funcionárias do colégio. Em seguida, um dos assassinos atirou no compa...