prólogo

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Rio de Janeiro, Brasil
fevereiro, 2015

— Eu faria tudo por você, Sarah! — A morena esbravejou, sua voz estava embargada devido ao choro que umedecia seu rosto.

— Mas eu não quero que faça isso por mim, Juli. — Insistia novamente, seu coração doía em ver a namorada naquele estado, mas não havia nada que pudesse fazer. — A última coisa que eu quero é lhe fazer sofrer e eu sei, que se isso não acabar, eu vou te machucar.

— Sarah! Que porra! — Gritou mais uma vez, deixando seu corpo cair no sofá da sala. Enterrou suas mãos trêmulas no emaranhado de fios castanhos e permitiu-se chorar. — Você não entende que já me dói?

— Está doendo em mim também, eu não suporto ver você assim...

O barulho dos trovões ecoaram no apartamento, a chuva era grossa e o corpo de Juliette tremia em frio. Sarah se mantinha distante pois sabia, que seu corpo responderia ao contato físico e ela voltaria atrás em sua decisão. Entretanto, sua única vontade era pegar a mulher em seus braços e dizer que tudo ficaria bem.

— Meu pai precisa de mim. — A voz rouca saiu baixa. — Ele disse que tem apenas alguns meses e que seu último desejo era me ver trabalhando no lugar dele.

— Eu vou com você, amor. — A castanha insistiu, fazendo sua namorada fechar os olhos com força.

— Não posso permitir que faça isso consigo mesma. — As dolorosas palavras saíam como facas e atingiam firmemente o peito de Juliette. — Você está na reta final da faculdade, sua mãe precisa de você por perto... Você não pode simplesmente largar tudo isso e ir pra Los Angeles comigo! Seja racional!

— Nós damos um jeito! — Ela respirou fundo. — Serão o quê? Alguns meses? Eu posso esperar, tentamos um relacionamento a distância.

— Eu não vou fazer uma viagem, Juliette. — Freire ergueu seus olhos, encontrando o par esverdeado que lhe fitava com dor. — Eu vou morar lá. — E então a nordestina sentiu o chão sumir abaixo de si.

Rio de Janeiro, Brasil
novembro, 2021

O toque incessante do celular chamou a atenção de Juliette, deixando os papéis de lado, a mulher deslizou o botão verde e levou o aparelho até a orelha.

— Bom dia, loirinha. — Cumprimentou.

Olha se não é a advogada mais gostosa do Rio! — A mulher exclamou, fazendo Freire soltar uma risada.

— Carlinha, você sempre soube como me deixar sem graça. — Sorriu. Estava com saudades da mulher de estatura baixa e cabeleira loira. — Tô morrendo de saudade de você!

Então abre a porta aqui que minhas pernas já estão doendo! — A morena franziu o cenho.

Sem muita demora, a nordestina caminhou até a porta de entrada do apartamento e um sorriso surgiu em seus lábios ao ver a mulher pelo olho mágico. Ao girar a chave, não perdeu tempo e logo agarrou a amiga em seus braços, num abraço apertado.

— Meu deus! Se eu soubesse que estava sentindo minha falta assim eu teria voltado mais cedo. — Brincou Carla, recebendo um tapinha no ombro como resposta.

— Fazem alguns anos, dona Carla. Sua sobrinha já está maior que você. — A loira revirou os olhos com a brincadeira e adentrou o apartamento da amiga.

Carla era a irmã mais nova de Sarah e ambas se conheciam desde a época em que Juliette a namorava. Com o falecimento de seu pai e da loucura com a empresa de entretenimento em Los Angeles e suas filiais, as duas se viam muito pouco, porem, a Andrade mais nova fazia questão de estar presente na vida da amiga e de sua sobrinha.

Assim que se acomodaram na cozinha, Freire serviu café preto em duas xícaras e algumas fatias do bolo que havia acabado de sair do forno.

— Minha pestinha tem acabado com você, hein!? — A loira murmurou divertida, fazendo caso das olheiras profundas de Juliette.

— Ela está prestes a fazer três anos e sinto que tenho sono acumulado desde quando ela nasceu. — Ambas riram e engataram numa conversa animada sobre a vida corrida em Nova Iorque.

As horas seguintes foram regadas à muito falatório e risadas que há muito não saíam. Nem mesmo quando a pequena Liz acordou da soneca da tarde elas interromperam o papo.

Quando a noite já tomava conta da cidade, Carla recebeu uma ligação de seu escritório e precisou se despedir.

— Obrigada pela tarde, morenas. — Murmurou já na porta do apartamento. — Prometo que venho visitar mais vezes. — Depositou diversos beijinhos no rosto da criança e a entregou para Juliette.

— Pois venha mesmo. — Sorriu e encostou na porta de madeira.

— Quem sabe eu não trago ela para te fazer uma visita. — Ergueu as sobrancelhas de forma sugestiva e recebeu um revirar de olhos como resposta.

— Toma vergonha na cara, dona Carla.

— Você sabe que ela ainda é doidinha por você. — Disse já no corredor, enquanto aguardava o elevador. — E sei que você também é por ela.

— As coisas mudam, filhos nascem, carreiras crescem... — Murmurou Juliette, com o olhar distante. — Nada é como antes, Carlinha.

— E quem disse que precisa ser igual? Sentimentos evoluem. — Piscou um olho e adentrou a caixa de metal, deixando uma Freire pensativa para trás.

A morena demorou alguns minutos encarando o local por onde Carla havia saído, seus pensamentos eram uma bagunça. Foi puxada de volta para a realidade por mãozinhas tocando seu rosto, encarou a criança em seus braços e sorriu, negando com a cabeça.

— Sua tia está deixando sua mãe doidinha. — Liz riu. — E pelo visto, você concorda com ela. — Um sorriso torto enfeitou o pequeno rosto, Juliette maneou com a cabeça, a filha não havia entendido nem 1% daquela conversa.

— Mainha, eu to com fominha. — Bastou o pedido da filha para Freire espantar qualquer resquício dos olhos verdes, cabelos loiros e voz rouca que invadiram seu pensamento.

— Então vamos comer!

[...]

Oi gente! Bem vindes à Como (não) esquecer sua ex, tenho essa ideia guardada há um tempinho e resolvi trazer aqui para vocês.

Sei que sariette tá respirando por aparelhos e nós estamos órfãs de uma mãe, mas sinto que elas duas combinam demais com esse plot e decidi dar a cara a tapa.

Espero que gostem e se divirtam com essas personagens cheias de personalidade.

como (não) esquecer sua exOnde histórias criam vida. Descubra agora