flores cítricas

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Ok, hoje eu tenho muita coisa para falar com vocês!
Primeiro, mamãe adotou a gente, ainda não sei lidar com os mimos. Se Deus odeia gays pq continuamos vencendo?
Brincadeiras à parte, 65 views na fic! Meu Deus! Obrigada por isso, vocês são umas gracinhas <3
E por último tenho uma pergunta para vocês: Estão conseguindo acompanhar a mudança de tempo? A ideia da fanfic é justamente passear entre a história delas e transitar entre o passado e presente, porém, preciso de saber se está confuso.
No mais, é isso. beijinho e boa leitura!

Rio de Janeiro, Brasil
dezembro, 2021

Se alguém pedisse à Juliette para descrever a sensação de encontrar Sarah depois de tantos anos, ela não saberia responder. As palavras pareciam ter fugido, o ar havia faltado e ela não lembrava da última vez em que seu coração havia batido tão apressado dentro do peito.

A morena engoliu em seco, o perfume floral tão conhecido invadiu suas narinas e seus pensamentos viajaram pelo passado. Os instantes seguintes pareciam uma eternidade. Freire correu o olhar pela extensão loira agachada à sua frente, Sarah não havia mudado tanto, porém, os anos distantes fizeram com que a nordestina se desacostumasse com aquela presença.

Nenhuma das duas soube ao certo por quanto tempo ficaram se encarando, apenas sentiram quando a bolha fora estourada por pequenas mãos tocando o rosto da brasiliense. Sarah encarou a criança, ela possuía muitos traços semelhantes à mãe, a mulher quase viajou no tempo e enxergou a ex-namorada.

— Tia, isso é pra "meu?" — Andrade riu com a pronúncia de Liz e observou o dedinho apontado para o presente. Juliette estava alheia demais para corrigir a indiscrição da filha.

— É sim, gatinha. Presente da tia Carla. — A baixinha riu com o apelido e se virou para a tia, seus lábios formaram um sorriso radiante.

— Pequena, o que acha de abrir esse presentão lá na sala? — A Andrade mais nova sugeriu, pegando o embrulho na mão de Sarah e estendendo a mão. A criança aceitou de bom grado e logo as duas estavam sentadas no tapete da sala.

Os olhares voltaram a se conectar por algum tempo, as risadas infantis ficaram distantes e a sensação era de que não existia mais ninguém além delas duas. Não haviam filhos, carreiras, mudanças.

Eram apenas Sarah e Juliette.

Rio de Janeiro, Brasil
junho, 2015

O meio do ano era bastante fresco na cidade maravilhosa, as temperaturas mais amenas tornavam aquela cena um tanto clichê. Sarah terminava de arrumar as malas e esvaziar o antigo apartamento, assistindo a chuva fina cair do lado de fora.

De cinco em cinco minutos ela checava o celular, esperando ansiosamente por uma única mensagem que fosse. Desde a discussão com Juliette, elas não haviam se falado, não tinha certeza se a morena sabia que aquele seria o último dia dela em solo brasileiro, mas não fazia muita diferença.

Não que ela não quisesse se despedir, pelo contrário, mas tinha consciência de que ambas estavam muito machucadas e que não seria nada fácil dizer adeus. De qualquer forma, ela sentiria falta de sua amada.

Foi tirada de seus pensamentos pela cabeleira loira que atravessou a porta do quarto e se agarrou em si. Era Carla.

— Vou sentir sua falta. — A voz da mais nova saiu abafada, por estar com a cabeça enfiada na barriga da irmã.

Carla era alguns anos mais nova e por isso iria continuar morando no Brasil, os planos eram aguardar a conclusão de sua faculdade para que ela finalmente conquistasse um cargo na Andrade Corp. As irmãs Andrade sempre foram muito unidas, desde a infância estavam juntas em tudo, na escola, nos passeios e até na hora de combinar roupas. Aquela seria a primeira vez que ficariam tanto tempo separadas.

— Eu também. — Deixou um carinho nos longos fios da jovem. — Posso te pedir uma coisa? — A menor acenou positivamente com a cabeça. — Cuida dela por mim. É provável que eu perca qualquer contato e fique o resto da minha vida sem saber se ela está bem. Então por favor, cuide dela por mim.

— Cuidarei dela assim como eu cuido de você. — Um sorriso triste tomou os lábios de Sarah. — Agora adianta essas malas. — A menor se esticou e deixou um beijo carinhoso na bochecha da irmã, em seguida deixou o ambiente para se arrumar.

Em poucas horas as duas já estavam no aeroporto, o voo estava previsto para o início daquela noite, porém, para garantir menos estresse, ela resolveu dar início ao check-in cedo. Sarah sentia um leve frio na barriga, mesmo que não admitisse, ela tinha medo. Medo do futuro. Medo de falhar. Medo de decepcionar seu pai.

A loira estava afundada em seus pensamentos, Carla tagarelava algo ao seu lado mas ela não conseguia nem ouvir. Seu olhar focado na enorme janela de vidro, acompanhando o movimento dos aviões lá fora, os dedos batucando no braço da cadeira, a perna sacudindo, sinais claros de sua ansiedade.

Sarah nem notou o tempo passar, se distraiu com o rasgado de sua calça jeans e se assustou quando a mais nova tocou seu braço, indicando o portão de embarque. Ela suspirou e levantou, pegando a jaqueta e a mochila, já de pé ajustou as roupas e sorriu para a irmã.

— A gente se vê logo, eu prometo. — Carla disse, envolvendo a mulher num abraço apertado. — Aproveite Los Angeles, se torne uma empresária, eu vou estar sempre aqui. — Posicionou seu indicador sobre o peito de Sarah.

— Eu te amo, baixinha.

— Também te amo. — Mandou um beijo no ar e notou a expressão da mulher se tornar magoada. — O que foi? — Franziu o cenho.

— Ela não falou nada. — Murmurou baixinho. — Nenhuma mensagem, ligação, nada. — Carla viu os olhos verdes se encherem de água. Sua única reação foi envolver a destra de Sarah em suas próprias mãos, fazendo carinho.

— Sah... — Tentou falar mas fora interrompida.

— Porra, Carla, eu estou indo embora agora e nem um tchau ela me deu. — Agora ela parecia sentir raiva. Tão imersa nos sentimentos ruins, nem reparou a mulher de longos fios castanhos que estava logo atrás de si.

— Sarah! — Aquele sotaque carregado era único, pertencia somente a ela, a Juliette. A loira imediatamente se virou, dando de cara com a ex-namorada.

Juliette tinha os olhos vermelhos, rosto úmido e seu peito subia e descia com rapidez. Sarah passou os olhos por todo o corpo da mulher, tentando memorizar cada curva, cada milímetro. Ela usava uma roupa casual, jeans, camisa e tênis, e de longe era a mulher mais linda do mundo, até com os fios bagunçados e maquiagem levemente borrada.

Andrade largou seus pertences e correu até Freire, envolvendo-a em seus braços num abraço apertado. Quando seus corpos se chocaram, sua pele entrou em combustão, o toque queimava como fogo, o abraço tinha encaixe perfeito e tinha aquele cheiro, uma mistura do perfume cítrico de Juliette com floral do seu, a mistura de sempre.

— Eu te amo. — Juliette murmurou com a voz embargada e segurou o rosto de Sarah entre as mãos. — Eu te amo, Sarah Caroline. — E uniu seus lábios.

A princípio suas bocas apenas se encostaram, arrepiando cada mísero pelo em seus corpos, mas após alguns segundos a língua de freire adentrou a mulher, resultando em ondas de choque correndo seus organismos. Era um beijo quase violento, cheio de pressa, urgência. Os corações batendo em sincronia, a sensação queimante na boca do estômago, o tremor nas mãos. Todo o corpo correspondia ao beijo.

Quando a falta de ar queimou os pulmões, elas se separaram, mantendo os rostos próximos.

— Eu te amo, Juli. — Sarah deu mais um selinho nos lábios carnudos. — Adeus.

E se afastou, cada vez mais, até que cruzou o portão de embarque e desapareceu. Juliette sentiu seu coração apertar, o sabor do beijo ainda em seus lábios e a vontade de chorar entalada em sua garganta.

Ela se foi.

como (não) esquecer sua exOnde histórias criam vida. Descubra agora