Quando eu morrer me enterrem, sem mais delongas. numa cova funda, e coloquem na minha lápide "Este aqui morreu como viveu: limpo do cristianismo, sem medo de ressureição dos mortos, sem expectativa de arrebatamento, sem certeza de ir ao paraíso e esperanças alguma de salvação."
No meu enterro ali no cemitério Parque dos Arcos apenas pessoas noturnas e sós como eu devem ter licença para entrar, jovens vestidos de negro, beldades de salto quinze, de sensualidade exagerada, de pernas longas e deslumbrantes, de preferência gatas sorrateiras, maliciosas e morenas, loirinha só quero a minha. Loira eu só quero a Lakhismi Prema Deva, minha iniciada nos cultos de Baal e Satã, de Lilith e de Lúcifer. Somente dela quero a presença angelical, suas lagrimas de chuva, seu rosto lindo que tanto beijei, desfigurado pelo choro acarretado pela enganosa perda. Sim porque não morrerei: me tornarei uma cadáver astral, uma alma penada, uma assombração, um espirito a vagar por entre os homens e mulheres (principalmente entre as mulheres, que homens me dão urticária, a bem da verdade) ,a visitar os bordeis e os prazeres da carne. Morto serei como fui vivo, um denodado rebelde, um engajado na luta incansável contra os dogmas religiosos, carregando um asco eterno pelos pastores que se alimentam das ovelhas incautas, uma náusea absoluta de padres.
Mas em vida, como é o estado em que me encontro agora (vivo e bem vivo) quero a minha melhor canção cantada por Évora Nammu, minha menina belíssima das nádegas divinas, meu amor mais amado, minha tábua de salvação, regalo dos meus olhos.
Em vida quero meu uísque doze, a voz suave e encantadora de minha iniciada mais louca e genial- Luminna Yazir , quero as graças de Lord Shiva ,e seriedade de Tulasy Kundaline Deva...Em vida quero todas as iniciadas dançando no eterno Sabá que é a vida enquanto não se morre : quero o ganzá de Ariadne fazendo minha festa.
Em vida não quero perder nenhum enterro de meus desafetos, quero brigar pra segurar nas asas dos caixões de meus rivais, quero amar e gozar ( mais ser amado que amar ), quero ser o mestre que sou e cantar minha poesia de sexo e guerra, e quero declamar minha canção na noite mais longa e funesta..
Nicodemos Silva.
Aos 25/04/ 2021
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NEFASTA
PoetryUm livro de poesia voltado a cartasse pessoal, a purgação de todos erros mais bobos e delitos mais cruéis pela escrita. Deveria ser um diário maldito escondido na gaveta do móvel antigo de madeira de lei, mas resolveu (porque meu livro tem atitude)...