Um Filme Incomum - Capítulo Único

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1° lugar no tema Autismo e Realização!

1° lugar no tema Autismo e Realização!

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— Vem, o filme vai começar!

Daniela puxou a mão do amigo Heitor em direção à sala do cinema, já com as portas abertas. Ele se viu em desespero quando as pipocas começaram a saltar mais do que saltaram dentro da panela onde estouraram. Por sorte, Heitor conseguiu fazer com que nenhuma caísse direto ao chão.

— Qual é a fileira mesmo...? — perguntou Daniela, já dentro da sala escura. A garota se inclinou no braço ocupado do amigo, para tentar enxergar os números e as letras naquele papel minúsculo. — Fileira sete... cadeiras treze e quatorze. Vamos, eu gosto de ver os videozinhos que passam antes.

E então ela disparou escada acima, sendo guiada pelas luzes de led no piso aveludado. Ela não fazia barulho ao subir, mais parecia um ratinho apressado fugindo da enchente. Heitor, deixado para trás, deu uma ajeitada nos óculos de grau e seguiu a amiga.

Ela estava vidrada no telão quando ele conseguiu alcançá-la, de lado para conseguir passar entre as fileiras. Daniela puxou seu braço para que ele se sentasse, o que quase acabou em uma tragédia.

— Por sorte você não me deve uma pipoca — sussurrou ele.

Como resposta, Daniela tomou o balde da sua mão, ainda sem olhá-lo.

— Faz silêncio.

Heitor revirou os olhos em tom de brincadeira e os dois assistiram aos exatos quatro minutos finais dos trailers que antecediam o filme.

Daniela permitiu que Heitor levantasse o braço metálico que separava as duas cadeiras e pôs o pote de pipoca entre eles.

Os primeiros quinze minutos do início da trama, quando Daniela estava começando a entender do que exatamente o filme se tratava, passaram rápido. Ela estava envolvida pela história por completo.

— Vou ao banheiro, Dani — Heitor avisou com um leve aperto ao ombro de Daniela. — Já volto.

Heitor desceu as escadas com calma, mas Daniela mal prestou atenção. Ela queria saber do filme e do tanto de pipoca que comeria sem ter que disputar com ninguém.

Alguns barulhos estranhos começaram a fisgar a sua atenção, como perfeitos ruídos à comunicação Daniela-filme, filme-Daniela. Eram claramente zumbidos produzidos por uma criança e estavam vindo da fileira atrás dela. O garotinho era um exímio imitador de aviões.

Daniela chegou a virar a cabeça para dar uma espiada e era, sem dúvida, um menino grandinho. Deveria ter por volta dos sete ou oito anos, estava escuro. Daniela não conseguia ver direito o seu rosto. Sua mãe fazia chiados discretos para tentar convencê-lo a fazer silêncio.

Daniela resolveu ignorar, por hora. O garotinho parou de fazer barulho e ela conseguiu se concentrar no filme por mais de cinco minutos.

Não poderia durar mais tanto. De repente, um chute acertou as costas da sua cadeira, mas era muita audácia. Como fora leve, Daniela mal percebeu e continuou coberta pelos diálogos que se desenvolviam logo à sua frente.

Noite de Mudança - ContosOnde histórias criam vida. Descubra agora