𝒄𝒉𝒂𝒓𝒕𝒆𝒓 𝒐𝒇 𝒐𝒖𝒓 𝒍𝒐𝒗𝒆 - 𝒗𝒆𝒓𝒔𝒂̃𝒐 𝒈𝒊𝒓𝒂𝒇𝒂

Armadura

mais um cap pro'ces , um cheiro !!!

"Te vejo errando e isso não é pecado, exceto quando faz uma pessoa sangrar!"

Gizelly Bicalho :

As pessoas cometem erros! Talvez depois da maneira como Rafaella falou sobre termos ido além, eu enxerguei qual era o meu. Não estou me referindo sobre ela ter adentrado em mim e cortado meu laço conhecendo o meu interior, como aqueles lugares que estão para serem estreados, daí vem alguém com uma tesoura imensa e corta a fita, podendo outros conhecer o íntimo do espaço. Estou me referindo a eu ter feito de Kalimann minhas asas.

Não sei se já pararam para perceber, mas tem pessoas que depositam no outro sua felicidade e vontade de viver, esse ser que carrega essa responsabilidade injusta e pesada, tem que correr atrás da sua satisfação e a do próximo também. Para isso, falam que é necessário alcançar grandes voos, mas nós mesmos devemos fazer nossas asas nascer e não utilizar-se das asas do outro. Porém fiz tudo errado, eu usei as da Rafaella, em vez de usar as minhas por mais pequenas que elas fossem.

Minha melhor amiga não aguentou o meu peso e o dela, acabamos por cair. Não tinha a menor noção, mas nossa altura era alta e quando encontrei-me chocando contra o chão senti meu corpo quebrando em diversas partes. Sobre Kalimann, creio que antes dela tombar viu que era necessário tentar voar novamente e conseguiu. Eu que não tinha criado minhas sustentações e dependia das de outra pessoa sofri graves consequências.

Costumo me jogar demais nas pessoas e me joguei na Rafaella, mesmo com medo da entrega me doei, permiti que me usasse e me contorci durante anos para caber na vida daquela que me tirou como diversão. Fiz de tudo para caber no espaço da loira, mas meu esforço foi maior que a vontade dela de me querer e não se pode cobrar reciprocidade.

Mas hoje sei que independente do caminho que eu venha trilhar, terá altos e baixos e sempre estarei em constante aprendizado em lidar com os erros. Cada um pode ser o significado de evolução e regresso, basta escolher.

Quando passei a pensar em Kalimann mais do que qualquer coisa, em dado momento eu soube que era um caminho sem volta. Pensava se ela tinha apenas um amor de amiga por mim e uma curiosidade de saber como eu era ou se nutria o mesmo sentimento que estava nascendo em meu coração. Com a forma que ela me tratou, naquele momento cheguei a conclusão que a primeira opção era mais adequada.

O que mais me doeu enquanto eu nadava para a borda da cachoeira, foi pensar que quando fui invadida por ela, quis que ficássemos petrificadas, pois estávamos nos amando e imaginava que ela pensasse da mesma forma.

O que desejei tanto na madrugada depois que nos beijamos, sobre ter apenas uma hora de amor com ela, havia iniciado, mas não havia se realizado por completo. Um arrependimento! Fui vítima de um arrependimento da pessoa que resolvi me entregar logo na minha primeira vez. Não foi um tapa na cara ou uma paulada, foi um tiro de fuzil daqueles que estraçalha tudo por dentro.

A partir daquele momento abriu-se um espaço, um vão, uma cratera entre nós duas e que passou a me doer e assustar tanto durante anos, por mais que lutássemos para nos unirmos novamente. Estava feito, nada poderia mudar!

Assim que cheguei onde o meu grupo de amigos estavam, eles esquentavam-se através de uma fogueira. Tinha barracas ao redor e dormiria dois em cada. Lembro-me que estava tão aérea que Thelma falou comigo e eu só via seus lábios mexerem, não escutava som algum, foi quando levantei-me e fugi para o meio do mato. Eu queria me perder, precisava perder o rumo, aliás eu não mais o tinha.