Afterglow - MiChaeng

peace

Fazia algum tempo que eu estava encarando as fotos a minha frente, a previa do meu ensaio de casamento havia saído, eu observava meu próprio rosto nas imagens.

Quem era aquela mulher?

Peguei uma foto em minhas mãos onde meu noivo segurava meu ombro num gesto carinhoso e eu sorria mecanicamente. Eu só me lembrava da dor de cabeça que senti durante todo aquele dia.

Eu pensava apenas nela, sempre.

Três meses se passaram sem que trocássemos um único olhar, ela bloqueou meu número e por mais que estivéssemos juntas todos os dias eu não conseguia conversar com ela, não a sós.

- Amor, o que voc- cortei meu noivo que tinha acabado de chegar no estúdio de fotografia para avaliar nossas fotos.

- Eu já pedi para você não me chamar assim. – suspirei pesadamente.

Ele sorriu sem graça e pegou as fotos observando-as com atenção. Ele não era uma pessoa ruim, mesmo assim eu procurava desesperadamente defeitos para odiá-lo e conseguir sair da bagunça que tinha me colocado.

Me xinguei mentalmente pela centésima vez naquele dia, não seria substituindo ela que eu encontraria a paz interior que tanto procurava.

A paz que eu justamente só tinha quando estava com ela. 

- O que você acha dessa aqui ser a foto principal? – ele perguntou apontando para uma foto em que eu estava em destaque.

O vestido era lindo, meus cabelos – agora pretos – estavam bem arrumados, mas o que me perturbava naquela imagem era o sorriso em meu rosto, passei horas observando essas fotos sem me reconhecer nelas, sentia um leve enjoo toda vez que pensava na vida que estava prestes a iniciar.

- Tudo bem. Querido, eu preciso ir, compromissos com o grupo.

Ele assentiu e beijou castamente minha bochecha, sai do estúdio confiando nele o restante dos preparativos do casamento.

Casamento esse que aconteceria dentro de algumas semanas.

-o-

Nossas famílias se reuniram para realizarmos o jantar pré casamento, meu noivo insistiu que convidássemos todo o meu grupo, afinal elas cantariam na cerimônia.

Meu peito doeu quando fui avisada que Mina não estaria presente, era obvio que ela não apareceria, mesmo assim tudo que eu mais queria era que ela me raptasse dessa cerimonia me impedindo de cometer o segundo maior erro da minha vida.

Eu precisava dela, precisávamos conversar, eu queria expor meu sofrimento e implorar que em algum lugar de seu coração ela fosse capaz de me perdoar.

Por mais que em mim o sentimento ardesse como uma chama que me aquecia nas noites escuras, em Mina meus sentimentos a queimaram, minha confusão a queimou, eu não poderia pedir uma segunda chance, eu havia perdido minha segunda chance em Kobe.

A vontade de chorar veio com a lembrança de nossa separação no hotel, eu queria ter corrido atrás dela, ter explicado que estava disposta a largar tudo, enfrentar todos ou morrer em segredo por ela, mas congelei, minhas próprias palavras saindo de sua boca me paralisaram.

Covarde.

Encarei o lustre do restaurante que estávamos enquanto engolia o nó que tinha se formado em minha garganta, eu não podia deixar que minha dor emocional se tornasse física novamente.

-o-

- Nervosa? – meu irmão me perguntou.

- Não.