Capítulo único

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O pequeno apartamento no centro de Tókio estava com as luzes acesas, mesmo que o horário já tivesse passado do que normalmente seria recomendado para se ter uma boa noite de sono; dentro dele, o trio de amigos (e inquilinos do lugar) jogava conversa fora.

Megumi Fushiguro, Nobara Kugisaki e Yuji Itadori eram os típicos mosqueteiros: se conheceram no primeiro ano do ensino médio e não deixaram a amizade morrer mesmo depois de se formarem, decidindo por morarem juntos e compartilharem o aluguel de um imóvel na metrópole japonesa. O mais real "Do terceirão pra vida" que alguém poderia presenciar.

Megumi era o gótico do grupo. Seus fios negros como a noite eram extremamente rebeldes e sempre tinham uma mecha ou outra apontada para cima. O combo dos olhos pretos com a pele pálida, resultado ¬de quem odiava o sol, o fazia parecer um vampiro, ainda mais pelas peças de seu guarda roupa, quase todas pretas, com uma ou outra sendo a exceção. A aura era calma e pacífica, mas, em contrapartida, a personalidade era de pavio curto, se irritava e explodia facilmente. De qualquer forma ele continuaria sendo o mais racional dos três.

Nobara era a cota feminina. Seu cabelo castanho, bem hidratado, possuía um perfeito corte Chanel que mostrava a qualquer um o quanto a garota era vaidosa consigo mesma. Os olhos cor de castanha brilhavam sempre que passava pela vitrine de uma loja e sua maior inimiga era a fatura do cartão de crédito que vinha ao final do mês, sempre beirando o limite por culpa de compras feitas pela internet. Meio rude à primeira vista e mais rude ainda à segunda, mas, mesmo que apenas os mais próximos conhecessem seu lado carinhoso, ainda era admirada por sua força e convicção.

Yuji era o bobo do trio. Seu cabelo rosa estava desbotado pela falta de cuidado e beirava o amarelado, para o desespero de sua amiga. Os olhos cor de mel passavam toda a doçura que aquele ser humano tinha dentro de si (e que muitas vezes ficava escondida embaixo de seu tanquinho sarado). Era o mais gentil do grupo e sempre colocava as vontades dos outros dois antes das suas; Megumi sempre discutia com ele por isso, dizendo que deveria dar mais valor aos seus desejos e, principalmente, que não deveria pagar a conta do cartão de Nobara quando esta estourava seu limite.

Essas três figuras moravam juntas a mais de seis meses e, como acostumaram a fazer todas as sextas-feiras, estavam na sala compartilhando uma garrafa de soju enquanto botavam pra fora todas as frustrações que tiveram durante a semana.

Fushiguro reclamava de seu professor de Zootecnia, que tinha lhe dado uma nota extremamente baixa no trabalho sobre manejo suíno; Kugisaki soltava fogo pelas ventas contando o caso de um cliente rude que teve que atender no café em que trabalhava; e Itadori, mesmo a princípio não lembrando de nada que tivesse o chateado aquela semana, depois de algumas doses da bebida alcoólica adocicada, terminou por esbanjar sua carência aos amigos.

-Eu não me importo de ser solteiro... -Dizia com um bico enquanto se agarrava ao braço de Megumi. -Mas quando vocês dois saem, eu me sinto tão sozinho...

O fato era que, dos três, o garoto dos fios rosados era o único sem namorado ou namorada, sem ficante, peguete, crush, paquera, nada! O que é até meio irônico considerando que era o único ali com o corpo esculpido...

Fushiguro tinha saído da "pista" recentemente; seu namorado era ninguém mais ninguém menos que o próprio irmão de Itadori, Sukuna. Kugisaki já estava comprometida a mais tempo¬, um ano de namoro com Maki, para ser mais exato, fazendo das duas o casal sapatônico mais conceitual que alguém já teve o prazer de ver.

-Eu sempre convido você pra sair comigo e com a Maki! -A única garota reclamou enquanto dava um peteleco na testa do amigo solteiro.

Yuji reclamou aumentando seu bico e esfregando a mão na própria testa:

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