Cruzada Sangrenta - O Andarilho Amaldiçoado

Capítulo 1 - UMA NOVA ALIANÇA

O ano era 1108 e eu estava sentado em uma taberna, na cidade de Marselha, França, gastando o dinheiro que eu havia recebido por matar dois babacas. A cerveja daquele lugar era ruim e o lugar fedia mais que um cadáver em estado de decomposição. O lugar era escuro e úmido, possuía duas janelas frontais, algumas mesas distribuídas pelo recinto; na bancada, um homem com seus 25 anos, mas com cara de 50, ele cuidava do lugar, era bangelo e tinha um hálito horrível, digo pois o senti, assim que pedi uma cerveja. As horas iam passando e nada, eu já estava perdendo minha paciência, mas eu precisava ser paciente, meu informante havia me dito que quem eu procurava estaria ali e era bom que estivesse, pois a vida de quem me deu a informação dependia disso, pois eu o ameacei, dizendo que se ele estivesse mentindo para mim, iria pagar com a própria vida. Eu dava goles e mais goles daquela cerveja de merda, ela escorria pela minha barba e pingava naquele chão sujo, que não deveria ser limpado nunca, pelo visto.

Decidi enfrentar o maior rival naquele lugar, o maldito bafo de bosta do atendente e perguntar se algum Elijah Montgmorey aparecia por ali e aquele idiota parecia ser surdo, pois tive que perguntar três vezes, até ele me fazer uma cara de surpreso, coçar o bigode, que lhe deixava mais feio ainda, e me dizer que ele costumava ir, mas que em determinados dias ele não passava nem perto dali e talvez aquele seria um dos dias que ele não fosse, eu torcia para aquele fedorento estar errado, pois eu iria precisar muito encontrar com esse tal Elijah. Assenti e quando já buscava meu casaco, um homem adentra o bar, com duas mulheres, uma em cada lado. Era loiro, de pele branca, olhos pequenos escuros e nariz afilado. Ele andou com as duas mulheres, que deveriam ser prostitutas, até o balcão e a animação daqueles três era irritante, o homem loiro pediu uma rodada de cerveja e naquele momento, o dono do bar aproveitou para lhe falar algo, chegando perto de seu ouvido e cochichou algo - não gosto nem de imaginar o quão aquele hálito deveria ser pior de mais perto -, ele me olhou, fez um gesto com a cabeça, falou algo no ouvido das duas mulheres, que logo em seguida vieram em minha direção como animais sedentos pelo coito. Elas me atacavam, tentavam tirar minhas roupas e foi aí que vi o sujeito sair correndo pelos fundos, joguei as mulheres de lado e corri atrás dele.

Ele era rápido e sabia se virar naquela cidade, cheia de becos e ruas intermináveis. A cidade de Marselha era razoavelmente grande e ele tinha vantagem, pois sabia os atalhos de cada lugar, mas eu não era qualquer um. Meu coração batia como o coração de um beija flor, meus pulmões enchiam e esvaziavam tão depressa quanto eu corria e eu era rápido, muito rápido. Eu vi quando ele dobrou a direita em um beco, então pensei rápido e saltei por cima de uma casa, saindo em sua frente, ele freiou bruscamente e tentou correr no sentido contrário e com mais um salto, consegui alcançá-lo, derrubando-o e caindo junto com ele em uma casa abandonada. Me pus de pé e prendi seu tornozelo, ele gritou de dor e pronunciou algumas palavras que eu nunca havia escutado e aparentemente, não havia dado certo, pois sua expressão era de espanto.

- Se você tentar algo, eu o quebro - Disse.

Ele gemia e sua expressão era enfeitada pelos cabelos dourados, que agora estavam bagunçados.

- Elijah Montgomery? - Perguntei.

- Não gosto quando alguma pessoa sabe meu nome e eu não sei o dela - ele falou e sua voz era de grossa, mas de um tom leve.

- Damon Driscoll - Me apresentei.

Ele fez um ar de surpresa ao escutar meu nome e logo pareceu se interessar pelo o que eu tinha a falar.

- Então você existe - Ele disse - Achei que sua história fosse um mito.

- Alguns mitos podem ser verdade se você souber onde procurar, bruxo.

Eu disse e ao mesmo tempo sabia que iria impressioná-lo por saber de seu segredo.

- Fale baixo - Ele faz o sinal de silêncio com o dedo indicador, olhando para os lados - Você não correu isso tudo para me ver morrer em uma fogueira, certo? O que quer de mim?