CAPÍTULO II - Um novo mundo

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II - UM NOVO MUNDO

Estava prestes a amanhecer e ao longe, eu já podia enxergar o céu se dividir em um tom alaranjado e azul claro; o sol já começava a dar o ar de sua graça e o agradável aroma de terra molhada subia, me levando a memórias longínquas, memórias de minha antiga fazenda, onde morei e fui feliz - mesmo sem saber na época -, com minha esposa e filha, antes de partir para Jerusalém e perdê-las. Uma leve neblina cobria as ruas da cidade e a temperatura, que estava baixa, começava a subir, alertando que o novo dia estava prestes a se iniciar; Pássaros começavam suas cantorias, mulheres abriam as janelas de suas casas, bêbados, que haviam dormido nas ruas, começavam a despertar sem entender como haviam ido parar naquele lugar, comércios iniciavam suas aberturas, para mais um dia de trabalho e as ruas logo começavam a se encher, com pessoas que iam e vinham.

Eu e Elijah estávamos caminhando desde muito cedo, indo em direção a um de seus esconderijos, que ele gostava de chamar de quartéis generais. Segundo o bruxo, ele possuía um, em cada cidade grande de cada país da Europa e isso ajudava a se manter inconstante em alguns lugares, pois o mesmo não gostava e nem queria chamar atenção indesejada e a que estávamos indo não ficava muito longe dali, disse-me Elijah e eu como um idiota, acreditei e assim passamos mais de três horas andando, até chegar em uma casa mais afastada do centro. Era uma residência alta e comprida, de cimento, com uma porta de madeira em sua frente e pequenas janelas frontais. Imaginei que aquilo lá fosse apenas um lugar para onde ele ia e levava as prostitutas e guardava suas coisas de bruxo, mas eu estava enganado.

A porta principal se abriu após Elijah mostrar a palma de sua, como se aquilo fosse algum tipo de sensor, ele me olhou e acenou com a cabeça, como quem quisesse dizer: ficou impressionado, não foi? Sim. Por mais que eu fosse quem sou, eu nunca havia visto nada igual, eu jamais escutei qualquer coisa sobre bruxos até ontem e eu estava sim, impressionado. A porta deslizou para dentro e Elijah a seguiu e entrou na casa e logo me convidou para adentrá-la, sem demora, pois eu queria sentar e descansar um pouco, entrei e aquele bruxo filho da puta, mais uma vez, me surpreendeu. Aquela casinha, alta e estreita havia se tornado em uma mansão, com uma sala de estar enorme, enfeitadas com candelabros e lustres que deveriam valer uma fortuna, o piso era de uma madeira fina e brilhava, denotando uma limpeza que desbancaria qualquer castelo da Europa. Algumas cadeiras estavam mais arrumadas em um canto, enquanto um belo sofá estava disposto do outro lado, próximo a um pequeno criado mudo e de uma pequena mesa, ambos brilhavam como jóias raras; as velas nos candelabros acenderam-se por si sós, como que em um passe de mágica. Era impressionante e Elijah sabia de minha surpresa, pois minha expressão me entregava, mesmo eu tentando manter uma postura mais séria, era impossível não achar tudo aquilo muito incrível.

Elijah passou por mim, com aquele maldito sorrisinho no rosto, pegou duas taças, abriu um vinho que estava em uma estante mais afastada e nos serviu. Tomei como se fosse água a primeira taça e logo peguei a garrafa.

- Não vai tomar tudo. Esse vinho é muito caro - disse Elijah.

Tarde demais, pensei. Eu já havia virado mais da metade daquela bebida e eu podia assumir que ela era deliciosa, digna dos nobres.

O bruxo se afastou, ainda com a taça cheia, sentou em seu sofá e me indicou uma cadeira, que estava logo atrás de mim. Me virei para pegar o assento quando tornei-me novamente para ele, duas janelas enormes haviam aparecido nas costas de Elijah, de novo, como em um passe de mágica; engoli tudo aquilo, puxei o móvel para próximo de meu anfitrião, sentei-me, dei mais um gole generoso naquela garrafa, limpei minha boca com a manga de minha camisa e olhei, com meus olho cinzas, pronto para dizer a ele o nome do cardeal que eu desejava encontrar, mas me peguei curioso em saber mais daquele mundo mágico que Elijah fazia parte, não iria me fazer mal ouvir a história de alguém uma vez.

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⏰ Última atualização: Aug 05, 2021 ⏰

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Cruzada Sangrenta - O Andarilho AmaldiçoadoOnde histórias criam vida. Descubra agora