Capítulo I

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Renan não acreditava no que acabara de escutar do capitão Leroy, não podia ser verdade, sua Lorena não estava morta, isso era impossível. Tentava recordar cada detalhe desde que o capitão saíra pela porta. Não conseguia chorar, estava em choque. Lia ouviu tudo e correu ao quarto de Staci, evitando que ouvisse algo. De repente, lágrimas escorreram pelo rosto de Renan que finalmente estava caindo em si, o que o fez gritar de dor. Como poderia criar sua filha? Por que Lorena saiu sozinha com o carro? Por que não o esperou? A dor era insuportável, ainda se lembrava de como se conheceram, do quanto foi difícil convencê-la a sair com ele, do quanto sua esposa era inteligente quando o fez abrir a própria empresa, estando sempre ao seu lado e tendo as melhores ideias para as grandes propagandas da empresa. Chegou a sorrir com a lembrança dos olhares enigmáticos de Lorena e o modo como mordia os lábios quando pensava em algo. Não percebeu que havia passado a noite toda em claro na sala, com os olhos inchados, ainda chorando baixo.


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— Papai, por que está chorando? — Perguntou Staci o vendo chorar.

— Filha, o papai está bem, não preocupe essa cabecinha, só tem cinco anos, vá brincar — respondeu Renan, tentando disfarçar o sofrimento que o corroía por dentro.

— Papai, a mamãe não vai voltar? Estou com saudades.

— A mamãe foi morar com os anjos no céu — seu pai tentava explicar, segurando suas mãos.

— Ela não quer mais morar com a gente? Não gosta mais daqui? — Perguntou Staci de cabeça baixa.

Com lágrimas nos olhos Renan se calou e a abraçou forte, mas depois disso tudo mudou. Renan não conseguia mais conversar com a filha, se dedicando inteiramente às empresas. Staci passou a ficar com a babá, tendo que se adaptar com a ausência do pai, que limitava à rápidos cumprimentos. Quando não, chegava e já pegava a filha dormindo.

Certa tarde Renan resolveu que precisava tomar uma atitude.

— Staci, venha aqui — chamou a filha, ao entrar pela porta da sala.

— Papai, você se lembrou do meu aniversário, chegou mais cedo — disse Staci sorridente indo em direção a ele.

Renan olhou para a babá que interveio.

— Claro que lembrou pequena, já trouxe até o bolo, vou buscar na cozinha.

Depois de comerem o bolo, Renan a levou para conversar no escritório.

— Filha, já está agora com sete anos e precisa muito de uma educação melhor do que temos aqui na França, vou te mandar à Suíça, mas prometo que vai ser legal e o papai vai te visitar sempre.

— Tudo bem, mas, quando volto? — Perguntou Staci sentando-se em seu colo.

— Logo filha, o tempo passa muito rápido, agora dá um abraço.

— Papai, o senhor pode ler uma história? — Perguntou Staci sem dar muita importância para o que conversaram.

— Então vá escovar os dentes e coloque o pijama — disse Renan tirando a filha de seu colo.

— Eeeeeee — Staci gritou correndo pela casa — Lia, o papai vai ler uma história.

— Que bom! Princesa. Então vamos nos apressar — Lia disse, abrindo a porta do banheiro.

— Senhor, a Staci já está na cama — Lia disse entrando no escritório.

— Obrigado, Lia, por favor, entre, sente-se — disse apontando a cadeira a sua frente.

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