Quando chegamos na reserva, encontramos logo um portão velho abrindo, passamos com o carro enquanto seguíamos as placas até a casa central. Se assim, já era difícil para nos orientar, imagine naquela mata densa! O que porras João pensou que estava fazendo em vir para este lugar?
Depois de quase vinte minutos, encontramos a casa e fomos logo eu e Louis descendo, enquanto os meninos iam estacionando. Lou puxa minha mão com delicadeza e assim fomos até o grande portal de madeira que ali tinha... tudo parecia tão descuidado.
-Ei, bella?
Viro para encara-lo, estava me segurando para não chorar.
-Independente do que aconteça, estou com você. - seu sorriso de lado me confortou, o abraço com força.
Toco na porta, esperando que alguém atendesse, segundos depois, a porta se abre e eu encontro com Felipe... olhos vermelhos, nariz levemente inchado e mais sem vida que o normal. O abraço, sentindo seu corpo veemente frio.
-Estou aqui, amor. Vai dar certo, já deu. Só precisamos esperar a confirmação. - Ele me olhava com cuidado, tinha algo que eu não sabia.
-Bella, melhor você sentar.
Meu corpo treme na base, Lou cumprimenta ele, pergunta onde estava João e vai depressa para outra sala. Sento numa cadeira na frente de Felipe, esperando que ele me contasse o que finalmente estava acontecendo. SE não me contou antes, imagino que tivesse um real motivo.
-Pode dizer, eu aguento. - Passo firmeza com a voz.
-Encontraram um sapato solto na floresta, acredito que seja de doidinha. - O interrompo.
-Qual sapato? Deixe-me ver.
Ele pega o celular e rapidamente me mostra a foto, analiso bem, até que lembro! Não era, tinha sido um presente para Amanda.
-Não, é de Amanda. Ganhamos de presente, mas cada uma tem uma cor. Lembro que Amanda queria porque queria um lilás. - a memória corria viva na minha mente, senti até o cheiro do perfume dela só de pensar. - É de Amanda, tenho certeza.
Olho pro lado, vendo uma mulher bem afeiçoada, andando em nossa direção com um policial de lado.
-Boa noite, sou a delegada Clarice Queiroga, deste distrito e farei parte da investigação. Você é a amiga das desaparecidas, né isso? Podemos conversar? Gostaria de ter qualquer ideia ou conceda que você pode ter tido com as vítimas.
-Claro, tudo bem. A senhora gostaria de ir para algum lugar ou pode ser aqui?
-Vamos para aquela sala, assim, teremos mais privacidade.
Olho gentilmente para Felipe, coloco a mãos em seus ombros e lhe dou um beijo na bochecha. Ele fica sendo amparado pelo policial, vou andando ao lado de Clarice, até entrarmos na sala e eu notar um escrivão e mais um policial.
-Bem, senhora Isabella, imagino estar sendo muito difícil para você e os familiares. De toda forma, nos ajude com o que sabe.
Concordo com a cabeça, sinto minha boca ficar seca.
-Eu... não falei direito com as duas ao longo do dia, o que seria estranho. De manhã elas me falaram que tinham desmarcado a saída com João.
-O trio sempre vinha para cá? - Seu tom era calmo e contundente, não era difícil de respondê-la.
-Bem, que eu saiba, não. E do jeito que somos amigos, só se viam para cá escondidos, mas mesmo assim, muito difícil. João sempre amou trilha, eu e Amanda achávamos chato demais, mas por João sempre gostar muito, de vez em quando, fazíamos em viagens, mas só. Ele tem mais como hobbie mesmo e sempre foi um excelente condutor; não lembro de ter me chamou para vim aqui antes desta vez. Sei que as meninas desmarcaram de última hora e como ele tinha já arrumado tudo, só fez vir! João é muito aventureiro e é a cara dele desbravar sozinho. O que eu sei é que as meninas ficaram com pena e conseguiram dar um jeito para chegar algumas horas depois, queriam fazer uma surpresa. Elas são meninas muito boas, delegada. - respiro fundo, acabo deixando escapar algumas lágrimas.- faziam de tudo por nossa amizade.
-Obrigada por falar, Isabella. Vou pedir uma água para você, tudo bem? - Sua voz firme e ao mesmo tempo cuidadosa me acalmou de certa forma.
Recebo um copo com água da mão do policial e bem, eu não sabia seu nome. Então, olho nos seus olhos e agradeço gentilmente. Ele parecia ser bem carismático.
- Detetive, eu conheço as duas na palma da minha mão. Somos melhores amigas desde muito, muito tempo. Elas não fariam isso, Amanda nunca deixou de me atender na segunda ligação. Aquele sapato, é dela. - Me expresso com as mãos a cada palavra que falo.
-Bem, achavam que o sapato não era dela. - Ela anota algo em um caderno escuro.
-Compramos aqueles sapatos juntas, as três te um igual. Deixe-me mostrar uma foto para a senhora ver.
Busco rapidamente no meu celular, acho o que queria lhe mostrar. A foto continha nós três, cada uma usando a cor diferente de sapato. Antes eu achava meio brega, agora... só queria poder voltar aquele dia novamente. Clarice pega eu celular e coloca zoom, dava para ver claramente o sapato lilás de Amanda. Ela confirma com a cabeça e depois de segundos, volta a falar.
-Peço que você acalme a família, a mãe de uma delas já está no voo, vindo direto para cá. A notícia do sapato e da mancha de sangue encontrado no parque já foi exposta a família. Estamos esperando da perícia o resultado do exame. Imaginamos que pela quantidade, parece ser de um corte que provavelmente tem a ver com a perca do sapato, mas como a mancha some sem rastros pelo resto do caminho, imaginamos que tenha sido bem estancado.
-Pisadas? Quantas tem.
Ela me encara, eu senti ali que a história não era apenas "duas amigas que se perderam no parque nacional". As meninas corriam mais risco e não era só da natureza selvagem que rodeava a ali.
-Isabella, foi encontrado duas pisadas que são da mesma projeção do tamanho de sapato de suas amigas e uma que não sabemos intensificar.
-Qual... o tamanho? - falo em um fio de voz, ela parecia entender meu desespero e ficou segundos pensando se responderia a mim.
-Quarenta e três, Isabella. Um número muito provável de ser masculino.
Escuto tudo com muito cuidado, pensei no melhor, pensei no pior e agora eu não penso mais em nada. Já tiveram a mente de vocês desfocada ao ponto de só ter o silêncio?
VOCÊ ESTÁ LENDO
O intercambista
Fanfiction✨Dividir apartamento nunca foi tão... "Meus pais entraram para um grupo de intercâmbio pelo mundo. Para eu poder viajar, eles teriam que aceitar outra pessoa na nossa casa. Finalizando, serei uma maldita babá por seis meses." Daqueles laços de amo...