Vinte e Um

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Jisoo acordou na manhã da segunda-feira seguinte com uma pitada de ansiedade em seu estômago. Os últimos dias haviam sido bem difíceis para as duas garotas. Os pesadelos pareciam ter voltado com toda a força, e Chaeyoung tinha uma tendência à esconder quando eles aconteciam. Jisoo sempre percebia, entretanto.

Então quando ela acordou com uma cama vazia, Jisoo suspirou pesadamente. Isso havia virado um cenário comum. Ela se puniu internamente por ter um sono pesado.

A coreana bocejou, silenciosamente cruzando o corredor e vagarosamente espiando para dentro do banheiro. Como sempre, Chaeyoung estava no chão com Hank em seu colo. Julgando pelo olhar no rosto da menina, ela não havia dormido muito aquela noite.

Jisoo não teve que dizer nada. Ela simplesmente sentou contra a porta e olhou para Chaeyoung. Quando os olhos se encontraram, Chaeyoung mordeu o lábio e se aproximou de Jisoo. As duas sabiam. Não havia necessidade em falar sobre isso.

Jisoo envolveu sua namorada com seu braço e a puxou mais para perto. Ela estava tão cansada disso. Ela estava cansada de ver a menina que ela amava tanto lutando para se livrar dos seus demônios. Jisoo se sentia inútil.

Ela pressionou um beijo contra a testa de Chaeyoung e suspirou suavemente. A consulta que Jisoo havia marcado na semana anterior era hoje. O que significava que Chaeyoung poderia possivelmente sair de lá com uma prescrição com o poder de banir os pesadelos.

As duas meninas sentaram em silêncio por um tempo. Hank ocasionalmente olhava para elas, ronronando alegremente antes de se aconchegar novamente no colo de Chaeyoung. A mais nova sentia-se entorpecida. Os pesadelos estavam apenas piorando. E ela não sabia o que fazer para pará-los. Havia muita esperança nessa consulta. Para as duas.

"Você quer comer o café da manhã?" Jisoo perguntou, após alguns minutos de silêncio. Chaeyoung olhou para o gatinho em seu colo e assentiu, pegando Hank em seus braços.

Jisoo deu a Chaeyoung um sorriso suave, se levantando e estendendo uma mão para Chaeyoung. A menina seguiu Jisoo pelo corredor, sentando-se na bancada uma vez que estavam na cozinha.

Enquanto Jisoo pegava uma caixa de cereal de dentro do armário, Chaeyoung franziu as sobrancelhas, pensando. Ela apenas falou algo quando Jisoo colocou as duas tigelas na bancada.

"Se eles não são reais, por que parecem tão reais?"

Jisoo levantou sua cabeça e olhou para sua namorada. Ela conseguia ver o conflito de emoções no rosto de Chaeyoung. Lhe causava dor saber o quão confuso isso era para a menina.

"Porque os nossos cérebros são complicados." Jisoo riu suavemente e balançou a cabeça. Ela despejou cereal nas duas tigelas e tomou impulso para se juntar à Chaeyoung na bancada. "Eles são bons em nos enganar às vezes."

"Isso é tão estúpido." Chaeyoung bufou, franzindo o nariz. Ela não gostava dos pesadelos. Tudo o que ela queria era dormir sem ser acordada em pânico. Não importava o que ela fazia, eles nunca pareciam ir embora.

"Eu sei, baby." Jisoo suspirou e descansou seu queixo no ombro de Chaeyoung, beijando seu pescoço. "Temos que esperar e ver o que o médico vai nos dizer."

"Eu espero que ajude." Chaeyoung estremeceu.

"Eu também, Chaeng." Jisoo lhe deu um sorriso suave. "Mas se não ajudar, nós vamos encontrar outro jeito. Nós sempre encontramos."

"É." Chaeyoung sussurrou, largando Hank na bancada para explorar enquanto comia uma colherada do seu cereal. Elas estavam com ele há apenas uma semana, mas as duas haviam se apaixonado completamente. Se elas já não soubessem que ele era cego, nem teriam desconfiado. O gatinho parecia conseguir se dar bem sem sua visão.

Blue (Chaesoo)Onde histórias criam vida. Descubra agora