Revirando o café frio com uma pequena colher, jogando a mosca morta de um lado para o outro da xícara, contemplou aquela pequena criatura a pouco viva, agora toda envolta daquele líquido preto que antes fora quente. Como era ele antes, paradigma intransponível de concepções, ou frágil estrutura facilmente moldada pelo ambiente? Tem perguntas que já direcionam a nós mesmos para uma resposta, ninguém quer ser moldável.
- Quanto devo? – Perguntou ele à garçonete.
- Fica de cortesia – Diz a senhora, buscando reparar o dano causado quando o cansaço lhe fez tropeçar e derramar suco em seu sobretudo.
Ao tardar o inevitável, somente nos corroemos por dentro. E assim ele partiu, sentindo o ar da noite ao sair da lanchonete. Acendendo o cigarro, diz quase em sussurro:
- Maldito seja.
Quase que invocando seus inesgotáveis demônios, tal como sombra lhe aparece o mais palpável, seu determinante eu. Sobre suas formas quase que invisíveis com a fraca luz do letreiro da lanchonete.
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Determinante Eu
Short StoryUma cidade da qual as pessoas não podem sair, quem controla isso é o APOGEMA. Em contraponto temos a resistência, que busca a liberdade desse controle. Em uma sociedade onde a crença de que a felicidade é potencialmente mais plena quando se delimita...