Eu quero você Sarah...
Não foi a primeira e provavelmente não será a última vez que ouvirei isso. Mas dessa vez me atingiu tão forte que fez minha boca ficar seca. Ana percebe minha falta de reação e me dá um beijo na bochecha. Seu toque molhado foi o suficiente para me trazer de volta a realidade. Eu respondo com um beijo em seus lábios. Ela percebe meu retorno e me puxa para seu quarto, deixando seu sutiã cair no caminho enquanto tira minha blusa. O caminho, que não é tão curto, passa como em uma cena de filme. Passa, como se o caminho não tivesse nem existido. Parecemos um clichê romântico com peças de roupa pelo chão e beijos pelas paredes.
Seu quarto é a representação da sua personalidade em um ambiente. Uma cama meio arrumada em um canto, fotos de personalidades coladas com durex, livros que receberam a promessa de serem lidos todos os anos. Ela parada na frente completando aquele cenário emoldurado pela porta.
Nos beijamos novamente andando em direção a cama. Eu me sento puxando seu corpo pra perto, tocando meus lábios entre seus seios. Sinto seu coração bater em minha boca e abro o botão do seu short. Como se tivéssemos ensaiado, tiro sua roupa enquanto ela sobe em meu colo com um joelho apoiado a cada lado da minha perna. Sinto seu corpo pressionar o meu durante o beijo e a deixo me conduzir até estar completamente deitada.
Ana percorre meu corpo. Ouço minha calça abrir e as vejo no chão. Minha atenção volta para cama ao sentir seus lábios me tocarem. Sempre fui uma mulher forte. Com sua língua molhada em mim, anseio por me sentir fraca.
Meu corpo, como se estivesse me ouvindo atentamente, obedece ao meu desejo. Minhas pernas ficam trêmulas e eu as deixo cair como um peso. A cada contato do seu corpo com o meu, sinto minha espinha arrepiar. Percebo a Ana olhando pra mim, como quem aprecia uma sonata. Eu sou música para seus ouvidos. Ela, uma solista dominando um instrumento. E como quem está completamente afinado e pronto para o finale, eu me entrego. Meu coração acelera, minha respiração fica pesada. Minhas pernas se fecham sobre sua cabeça. Meu êxtase escapa em forma de um sussurro. E naquele momento, ela me tem por completo.
Fico parada por um tempo, sentindo a Ana beijar meu corpo ao subir. Ela beija meu queixo. Eu saio do meu estado de transe e olho para ela deitada ao meu lado. A luz bate em metade do seu rosto, quase como uma pintura. Dou uma risada ao admirar.
- Do que você está rindo? - pergunta a Ana, confusa com minha expressão.
- Você é linda. - digo, sorrindo. Ela dá risada, como se também tivesse entendido a graça da situação - Acha que vai se arrepender pela manhã?
- Não vejo motivo para arrependimentos.
- Melhor ter certeza. - digo ao puxá-la pra perto de mim, me apoiando em um braço.
Coloco meu corpo parcialmente sobre o seu, minha perna sobre sua perna, e a beijo. É como o primeiro beijo de novo. Quente. Lento. Intenso. Em todos esses anos a relação sempre foi de amizade e eu sempre a enxerguei apenas como amiga. Aqui, com seu corpo no meu, eu não consigo me imaginar de outra forma que não seja sentindo seu sabor. Deslizo minha mão por sua barriga, sentindo sua pele macia se arrepiar ao meu toque e seu corpo arquear em meus braços. Suas pernas se abrem lentamente. Ana me olha como quem diz que qualquer ideia de arrependimento já está muito longe da realidade e eu entendo isso assim que meu olhar encontra o dela. Ouço seu gemido se intensificar. Dou uma risada suave de prazer e a beijo. Poderia passar o resto da noite com aquele gemido em meus ouvidos, com seus lábios nos meus. Sinto a Ana apertar meu braço. Um pedido silencioso, mas assertivo de não pare. Nossos corpos se sincronizam e se movimentam com a mesma finalidade. A beijo novamente. Seu calor se acentua. Seu corpo se contrai em minhas mãos. Ela se rende e eu a sinto ofegante em minha boca enquanto escorre em meus dedos.
Ana solta um suspiro que me faz estremecer. Ajeita seu corpo e eu a admiro mais uma vez. Ela é incrivelmente linda. Nos encaramos por um instante, seu rosto iniciando uma conversa de quem ama se comunicar com os olhos. A Ana sorri gentilmente. Eu retribuo com um sorriso enfeitiçado. E como quem quer passar a certeza do quão tangível aquele momento foi, ela diz:
- Eu não poderia me arrepender dessa noite nem se ela fosse a última da minha vida.
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Quando Você Menos Espera
DragosteAmizades podem virar algo a mais? Essa pergunta parece clichê e realmente é. Mas não é sobre a pergunta. É sobre o processo. E assim se inicia esse conto sobre Sarah e Ana, amigas desde o colégio.