É, pelo visto a JYPE também não sabe geografia. Não vou reclamar.

- Estou tão feliz que estamos no mesmo projeto! - disse para Oliver, enquanto andávamos de braços dados pelas ruas de Seoul, procurando o lugar que ele tinha escolhido para comemorar.

- É, a gente vai começar a se odiar amanhã mesmo - ele solta um risadinha - mas também estou feliz, principalmente por ter ficado com o emprego. 

- Eu podia ter pegado o pior artista, que estaria feliz só por estar lá - Yuqi enfiou a cabeça entre mim e Oliver. Os outros aprovados também estavam acompanhando a gente.

- Fácil pra você falar né, amiga? - digo rindo, enquanto ela me dá o braço do outro lado, me deixando no meio. - Você ficou simplesmente com o maior grupo.

- É, mas o Itzy não tá tão atrás não... ouvi dizer que tão planejando comeback pra daqui uns meses. - comenta Oliver. 

- Outra informação quentíssima do Hye? - digo, para provocar. 

- Cala a boca - ele ri, enquanto entramos em uma espécie de bar.

O lugar está cheio. Cheio de gente animada também.

Como brasileira, não é incomum para mim ficar levemente decepcionada com os happy hours e baladinhas sul coreanas. É bem divertido, mas a animação não é a mesma. Só que esse lugar... Oliver se superou. 

- Como você achou esse lugar? - pergunto para ele enquanto pegamos umas bebidas no bar.

- Indicação.

- Do Hye? De novo?

Ele não responde e abre um sorrisinho, enquanto dá um gole de cerveja. 

- Lyd, eu me beneficio desse tipo relação mais do que você imagina. E não, não foi indicação do Hye. 

E ele fala assim. Como se fosse nada.

- O que isso quer dizer? - pergunto. Ele então me puxa pelo braço pra um canto. 

- Amiga, pensa um pouco. Vamos dizer que eu garanti isso para a gente. 

Meu queixo cai. 

- Com quem você ficou, Oliver? Michel?

Ele novamente não responde. Só toma mais um gole e sai, me deixando no canto com boca aberta e prometendo a mim mesma guardar essa informação nas profundidades da minha mente e nunca mais tocar no assuto. 

Depois de me recompor, volto para a festa e tento aproveitar o máximo que consigo, mas minha cabeça fica girando. Decido chamar um Uber para voltar ao dormitório, considerando que já está muito tarde para o metrô. Coloco a mão dentro da bolsa, mas meu celular não está lá. 

- Tá tudo certo, Lyd? - pergunta Yuqi, ao ver minha cara de desespero. 

- Eu não estou achando meu celular... Preciso pedir Uber. 

- Eu peço para você. Você deve ter deixado no escritório, pega na segunda. 

Balanço a cabeça. 

- Não posso ficar sem ele o final de semana inteiro! - falo, irritada. - Eu vou ao escritório, vai que ainda está aberto? Sempre tem gente trabalhando até tarde. 

Yuqi concorda e se oferece para ir comigo, mas eu nego. Não vou roubar a diversão de ninguém. Além disso, não estamos tão longe assim do prédio da JYPE. 

***

As ruas de Seoul são bem cheias na sexta a noite, então não tive problemas de chegar ao prédio. Falo com o porteiro noturno, explicando a situação, e ele me deixa subir para ver se ainda tem alguém. 

Nada feito. O andar inteiro está com as luzes apagadas, nem uma alma viva no setor. E a porta, trancada. Derrotada, chamo o elevador novamente. Quando ele abre, achando que está vazio, entro sem prestar atenção e esbarro em alguém. 

- Ei! - grita um homem, que está atrás da mulher que eu esbarrei.

- Me desculpa, eu estava distraída e...

- Tudo bem, agora você pode, por favor, soltar a porta do elevador e esperar o próximo? - ele fala, de forma um pouco grosseira. 

A mulher, que usava máscara e mexia no celular, dá uma olhada em mim e no corredor vazio e escuro.

- Não, tá tudo bem. É perigoso para você ficar sozinha no escuro. Pode entrar. - ela diz, olhando nos meus olhos, bem em tempo de eu entrar no elevador. 

Eu agradeço e me encosto na parede oposta a ela, olhando para o chão. Como eu me meto nessas situações?

- Me desculpa de verdade, eu estou meio aérea hoje. Perdi meu celular e achei que encontraria aqui.

- Não achou? - ela levanta os olhos do celular. Faço que não com a cabeça. - Você tem como voltar para casa? 

- Eu ia pedir um Uber, mas agora vou tentar pegar um ônibus pro dormitório ou algo assim. Não sei se tem a essa hora. - falo, tentando manter minhas mãos ocupadas para não fazer besteira.

- Eu peço pra você. - ela olha para o homem atrás dela, que acredito ser um segurança. - Pega o carro no estacionamento e me encontra na portaria, ok?

As portas do elevador se abrem. Térreo. O segurança acena com a cabeça, e a moça sai do elevador, comigo obedientemente atrás dela. Mas porque ela teria um segurança? Espera...

- Er... eu acabei não perguntando seu nome. - disse, enquanto caminhávamos para a porta,

Ela olha para trás levemente.

- Ryujin. O seu?

Quase engasgo, mas consigo responder. Não é possível que ela seja quem eu estou pensando.

- Lydia. 

- Gostei do nome. 

Nos sentamos em uns sofás na portaria, eu de frente para ela. Ela tira a máscara para beber água e eu finalmente tenho uma resposta.

- Me conhece, né? - me pergunta, provavelmente por ter me visto encarando.

- Sim... eu sei quem você é. - abro um sorriso - Eu não esperava te encontrar por aqui. Porque você tá sorrindo?

- Isso tem acontecido com mais frequência ultimamente. Pessoas me reconhecendo. 

- E isso é ruim? - pergunto, e ela me encara.

- Sim e não. Na verdade não sei. So é... diferente. - ela olha para baixo, mexendo na garrafa de água. - Não devia estar falando disso, de qualquer forma. 

Tento pensar na coisa certa a dizer. 

- Olha, se te acalma um pouco... eu trabalho aqui. Além de saber quem você é ser, de certa forma, parte das minhas obrigações, eu tenho um termo de sigilo assinado. Se eu vazar qualquer coisa daqui , já posso esperar um processo. - dou risadinha - não que precise. 

- Você estuda na Seoul University, não é? Trabalha com o quê aqui? - ela pergunta, mudando de assunto, enquanto cruza as pernas. Vacilei. 

- Isso, e estou na equipe de marketing internacional. Faço relações internacionais. - o clima do ambiente afundou. Eu definitivamente não deveria ter dito aquilo. 

Salava pelo gongo, ou melhor, pelo Uber, consigo fugir da situação. Quando ambas estamos entrando nos respectivos carros, eu chamo Ryujin. Ela olha para mim, e quase desmaio ali mesmo. 

- Desculpa, é que eu queria te perguntar como eu posso te pagar pela viagem. Esqueci de te lembrar para colocar em dinheiro. 

- Não se preocupe, está em dinheiro. Tenha um bom final de semana. 

Entro no Uber, a viagem dura cerca de vinte minutos. O carrro para na frente de meu dormitório. 

- Quanto ficou a corrida, senhor?

- Senhorita, já está pago. - o motorista me mostra o celular, comprovando. - Tenha uma boa noite. 



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⏰ Última atualização: May 03, 2021 ⏰

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be me - Ryujin (Itzy)Onde histórias criam vida. Descubra agora