Não escute a conversa dos outros

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A perita criminal acabara de voltar de uma longa investigação em que ficou fora de casa por quase um mês inteiro. Dessa forma, sentia muitas saudades de passar um tempo apenas ela e seu amado e precioso filho.

Azumane Asahi tinha sete anos de idade, e sua mãe sabia muito bem que o pequeno filho não possuía nenhum amigo ainda, mesmo já indo á escolinha. Sua personalidade era de alguém tímido e recluso. Tinha medo de iniciar conversas com outras crianças.

Por isso, sua mãe foi sua melhor amiga durante a infância quase toda. E naquele dia em questão, o pequeno Asahi estava extremamente animado para passar um tempo com sua mãe no parque perto de sua casa.

Pegado na mão da bela mulher de cabelos castanhos, a criança sorria alegre para chegar logo ao parquinho. Mas toda a alegria foi substituída por receio ao chegarem ao local.

Asahi ao ver as outras crianças correndo, rindo e brincando entre si, o fez ficar assustado. Não sabia como fazer a mesma coisa sem ficar com medo de ser taxado de diferente ou ser rejeitado. Não conseguia se enturmar por pura hesitação que sentia; e dessa forma, apertou mais a mão de sua mãe.

A mulher viu nos olhos castanhos do filho todo o medo de interagir com as outras crianças. Abaixou-se para ficar na altura do filho, e lhe fazer um carinho nos cabelos lisos.

-Não precisa ter medo Asahi. –Viu o menino se encolher um pouco. Estava frio naquele dia, tendo os primeiros flocos de neve do inverno caindo aos poucos. Com isso as bochechas e nariz do pequeno Asahi estavam vermelhos de uma maneira muito fofa. –Mas não se apresse meu filho. Que brincar de esconde-esconde?

Azumane Keiko era uma mulher impecável em seu trabalho que exigia uma seriedade absurda, no entanto, ela não era apenas impecável em seu local de trabalho, ela é uma mãe altamente impecável.

-Quero sim! –Asahi logo se animou. Estava com saudades de brincar com Keiko, o menininho abriu um sorriso largo, e logo viu o belo sorriso da mãe surgir também.

Essa brincadeira era um costume entre os dois. E mesmo pequeno; Asahi sabia até que ponto do parque poderia ir para se esconder, e ele era muito obediente em tudo o que seus pais o falavam.

O chão estava um pouco escorregadio devido ao gelo que se formava, fazendo Asahi correr com cuidado para não cair e se machucar. Era a vez de Asahi se esconder da mãe enquanto ela contava, ele foi em direção aos escorregadores, passando acanhado perto das outras crianças, para se esconder atrás de um dos arbustos.

Asahi se escondia o máximo que conseguia, e não demorou muito para se arrepender do lugar que escolheu para tal. As folhas estavam molhadas e geladas, mas não iria conseguir sair a tempo para outro esconderijo, sua mãe já deveria ter parado de contar e estar a sua procura. Iria ficar por ali mesmo.

Passado poucos minutos, Asahi viu algo se remexer no arbusto mais ao seu lado. Com passos cuidadosos, foi em direção ao barulho nas folhas. Não demorou muito e viu um menininho sentado todo encolhido, parecendo que chorava baixinho.

Ele tinha os cabelos castanho-escuro, lisos, mas não tão compridos.Usava uma jaqueta jeans sem mangas, junto com uma blusa amarela que não parecia ser muito quente para o frio que fazia. Seus sapatos estavam gastos e sujos, cobria um pouco a boca com o cachecol vermelho e surrado que usava.

Azumane Asahi nunca teve iniciativa ou vontade de fazer amizade com outra criança. Ele era muito inseguro, e tal insegurança tirava qualquer entusiasmo em fazer um novo amigo. Mas ao ver aquele garotinho que parecia ter sua idade chorando sem nem ao menos o notar ali, fez Asahi sentir uma enorme vontade de falar com ele.

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⏰ Última atualização: May 02, 2021 ⏰

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