A Raposa e a Flor de Lótus

-4-

                             ...

"Já chega!" A herdeira Minatozaki bradou levantando-se abruptamente chamando a atenção dos presentes no cômodo.

"Está tudo bem querida?" Inquiriu seu tio.

"Oh... Me desculpe... Eu só..." Sana corou ao perceber que havia causado uma cena sem querer.

Estavam há algumas horas na enorme biblioteca do casarão, o que era comum desde que todo o processo de despedida de seu pai se encerrou. A herdeira tinha muito o que aprender portanto seu tio, e agora tutor, explicava vários aspectos da história por trás de seu clã, questões sobre comércio e diplomacia, sobre resoluções de conflitos e até teoria de combate. Eram horas e horas dentro daquele enorme salão ouvindo, tomando notas e ocasionalmente roubando olhares da garota vigiando a porta. Era exaustivo, mas era parte de seu dever como herdeira.

"Me desculpem, ela não toma seus remédios faz um tempo." Joohyun brincou sem tirar os olhos do livro que lia e Sana resistiu a vontade de xingar a mais velha.

"Não é isso, é só..." Gesticulou com as mãos na esperança de expressar o que queria.

"O passarinho precisa voar" Joohyun acrescentou ainda sem tirar os olhos de seu livro.

"Você... precisa de uma pausa??" Taecyeon perguntou incerto se havia entendido. Sana sacudiu a cabeça freneticamente assentindo e o homem deixou escapar um sorriso quase paternal. "Certo, dez minutos soa bem?" Sana fez careta e sacudiu a cabeça em negação. "Quinze?" Sugeriu.

"Que tal o resto do dia de folga tio da Sana?" Joohyun finalmente havia fechado seu livro e agora encarava o homem mais velho.

"Acho que não seria uma boa idéia, Sana ainda tem muito o que aprender, não só na parte teórica, mas também na prática." Explicou.

"Exato! Ela tem muito o que aprender na prática. E que forma melhor de por as mãos na massa do que sair um pouco, dar uma volta pela vila, se familiarizar com o povo, com os comerciantes locais, conhecer aqueles por quem o seu clã intercede?" Taecyeon ficou pensativo.

Joohyun desde pequena sabia como conseguir o que queria e não havia ninguém além de sua mãe que não caísse em seus argumentos bem elaborados e encanto de menina boa e responsável. Sana costumava dizer que sua prima era como aquele amigo que sua mãe confia e valoriza mais do que a você, mas que na verdade é a pessoa por trás de todo o caos.

Depois de ponderar por alguns segundos sob o olhar atento das três garotas no cômodo, o tio da herdeira assentiu.

"Excelente ideia Joohyun!" Disse empolgado. "Confraternizar com alguns comerciantes locais será muito bom, eles poderão conhecer sua nova governante e pessoa a frente de tudo." Joohyun sorriu convencida.

"Não acha que seria um pouco precipitado senhor?" A voz da guerreira preencheu o cômodo pela primeira vez desde que chegaram. "Tudo ainda está muito recente, sabe que algumas pessoas sempre tem uma certa dificuldade em aceitar substituições de líderes, sem falar nos mais tradicionais que compartilham o mesmo pensamento do senhor Minjun, não sabemos ainda como ela será recebida. Além do mais nos encontramos em um período um tanto vulnerável."

"Mas é aí que você entra bonitona." Joohyun disse sorrindo. "Você é grande, forte e tem um batalhão pronto para protegê-la, é só usá-lo."

"Tem certeza que quer sair com um batalhão nas ruas a essa hora da manhã?" Tzuyu perguntou com uma sobrancelha arqueada.

"Faria isso!?" Perguntou empolgada.

"Calma calma, ninguém vai colocar batalhão nenhum em rua nenhuma." O homem se pronunciou. "Tzuyu, pegue em torno de dez homens seus e prepare um pequeno comboio."